ELEIÇÕES 2010 |
Envolvidos no mensalão triplicam previsão de gastos |
José Henrique Lopes e Thiago Faria, do R7 Dez candidatos que tiveram seus nomes envolvidos no escândalo do mensalão, há cinco anos, concorrerão a algum cargo nas eleições de outubro. Para tentar atingir seus objetivos, eles poderão gastar, juntos, até R$ 56 milhões com suas campanhas. Trata-se de um orçamento três vezes maior que o apresentado nas eleições de 2006, segundo levantamento feito pelo R7 no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Naquele ano, esses mesmos dez candidatos haviam estimado despesas de, no máximo, R$ 17,8 milhões. Entre janeiro de 2006 e julho deste ano, o índice de inflação acumulado, conforme o IPCA, foi de 22,70%. O campeão de cifras é o deputado federal Paulo Rocha (PT-PA), que tentará uma vaga no Senado. Ele informou ao TSE que poderá gastar até R$ 20 milhões. Quatro anos atrás, o teto estabelecido para sua campanha foi de R$ 1 milhão. A estimativa de gastos encaminhada ao TSE não significa que o candidato terá despesas no valor declarado. Trata-se de um limite fixado pelo partido, e para alcançá-lo os candidatos dependem da arrecadação dos recursos. A campanha do deputado federal Sandro Mabel (PR-GO) estimou em R$ 6 milhões o limite de gastos para este ano. Ele tentará a reeleição. Em 2006, o teto foi de R$ 3 milhões, metade do valor atual. Quem também dobrou as estimativas de custos foram os petistas João Paulo Cunha, José Genoino e José Mentor, todos deputados federais por São Paulo e candidatos à reeleição. Quatro anos atrás, cada um deles informou ao TSE que poderia gastar até R$ 2,5 milhões, e para 2010 a estimativa é de R$ 5 milhões. O deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), que em 2005 renunciou em meio às denúncias do mensalão e conseguiu retornar à Câmara um ano depois, orçou para 2010 – quanto tenta um novo mandato – despesas de até R$ 3,5 milhões. Quatro anos atrás, os custos de sua campanha foram estimados em R$ 1,5 milhão. Com gastos projetados em até R$ 1,5 milhão, Romeu Queiroz não conseguiu se eleger deputado federal com o PTB mineiro em 2006. Para este ano, contudo, as estimativas subiram a R$ 4 milhões para que ele tente, pelo PSB, uma vaga de deputado estadual. O deputado federal Vadão Gomes, do PP paulista e candidato à reeleição, que em 2006 informou ao TSE uma estimativa de até R$ 1 milhão, neste ano poderá gastar até R$ 3 milhões. Já Pedro Henry (PP-MT), licenciado de seu mandato na Câmara, elevou de R$ 1,4 milhão para R$ 3 milhões as estimativas de custos de sua campanha entre 2006 e 2010. A previsão de Josias Gomes (PT-BA), que também mira uma cadeira na Câmara, foi de R$ 900 mil para R$ 1,5 milhão. A maior parte dos candidatos disse que o limite de gastos para a campanha é fixado pelos próprios partidos, e que quase sempre essa previsão não é atingida. Por meio de sua assessoria, o petista Paulo Rocha afirmou que “o valor mais alto se deve ao fato de que agora precisa de mais votos por se candidatar ao Senado”. A assessoria de Pedro Henry informou que o limite de gastos foi determinado pelo partido e que o número informado ao TSE é uma previsão. O mesmo argumento foi usado por Romeu Queiroz. Segundo ele, dos R$ 4 milhões previstos, ele deve gastar apenas R$ 500 mil. Também por meio de colaboradores, Sandro Mabel afirmou que terá despesas de no máximo R$ 2 milhões, um terço do valor informado ao TSE. A assessoria de Valdemar Costa Neto disse que se trata de uma valorização natural, já que não existe nenhuma demanda maior nesta campanha em relação à anterior. O que ocorreu, segundo sua equipe, foi que os preços de alguns serviços aumentaram, sobretudo os que são importados. Vadão Gomes informou, também por meio de colaboradores, que o teto foi estabelecido ainda na convenção de seu partido. A assessoria de Josias Gomes alegou que a campanha neste ano se dará em um “universo maior a ser disputado”, com a necessidade de fazer mais viagens pela Bahia e imprimir mais material para distribuir entre eleitores. Os deputados João Paulo Cunha, Genoino e José Mentor foram procurados pela reportagem, mas não houve retorno até o fechamento do texto. Mensalão Embora tenha sido o maior escândalo de corrupção do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o mensalão – sistema de pagamento a parlamentares em troca de apoio político – teve poucos desdobramentos práticos. Até hoje, nenhum dos 40 denunciados (entre deputados, empresários e homens ligados a partidos) por envolvimento no esquema foi sequer julgado. O processo está parado no gabinete do ministro Joaquim Barbosa, do STF (Supremo Tribunal Federal), que desde abril está de licença médica para tratar de um problema na coluna. De todos os réus, um deles já se livrou de eventuais punições. Foi Silvio Pereira, ex-secretário do PT, que fez um acordo com a Justiça e prestou serviço comunitário. No Congresso, também foram poucas as sanções de caráter político. Apenas três dos 19 parlamentares acusados de envolvimento foram cassados e se tornaram inelegíveis: José Dirceu (PT-SP), Roberto Jefferson (PTB-RJ) e Pedro Corrêa (PP-PE). Outros quatro renunciaram para evitar a perda do mandato, entre eles Valdemar Costa Neto e Paulo Rocha. Os demais acabaram absolvidos. |