Aos 70 anos de idade e às vésperas do recesso de Ano Novo, o jornalista Moacyr Oliveira Filho recebeu a notícia de que será exonerado, no próximo dia 2, de um dos cargos de direção da Empresa Brasil de Comunicação – EBC.
Moa, como é conhecido em Brasília e no eixo Rio-São Paulo, foi secretário de Comunicação do GDF no governo de Cristovam Buarque, é Diretor de Jornalismo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), e estava na EBC há 11 meses, levado pelo ex-presidente da estatal, Hélio Doyle, que perdeu o cargo recentemente.
O novo presidente da EBC, Jean Lima, que foi presidente da Codeplan no primeiro mandato de Ibaneis Rocha, governador do Distrito Federal, por indicação do deputado Ricardo Vale (PT), está exonerando os profissionais indicados por Doyle para nomear pessoas de sua confiança ou indicações feitas pelo Partido Republicanos ao presidente Lula e ao ministro das Comunicações, Paulo Pimenta, integrante no PT da mesma corrente de Jean e do grupo político que o sustenta no DF, liderado pelo deputado Ricardo Vale e pelo conselheiro Paulo Tadeu, do Tribunal de Contas do Distrito Federal.
“Minha manifestação somente pode ser de pesar…conhecedora do profissionalismo de Moacyr Oliveira Filho, parceira de tantas jornadas de luta democrática, só posso desejar que rapidamente outras portas se escancarem, para qualificar a comunicação social pública”, protestou Vera Lúcia de Santana, ministra do Tribunal Superior Eleitoral.
Em publicação no Facebook, Moacyr de Oliveira Filho registrou:
“Encerro hoje, depois de 11 meses, meu ciclo na Empresa Brasil de Comunicação – EBC, para onde fui, convocado pelo meu velho amigo e camarada Hélio Doyle, parceiro de outras lutas e carnavais, a quem agradeço mais uma vez pela confiança, para ajudar na difícil missão de reconstruir a comunicação pública no Brasil, destruída nos últimos 4 anos. Essa semana, dias antes do que seria a minha semana de recesso, ganhei um indigesto presente de Natal atrasado: fui comunicado que vou ser exonerado no dia 2 de janeiro. Vou ser dispensado pela nova direção da empresa para abrir espaço para a contratação de pessoas da confiança dos novos dirigentes. Infelizmente, é do jogo. A experiência profissional e política pouco valem diante do poderoso QI, do Quem Indica. E, sem falsa modéstia, minha experiência profissional, de 49 anos, e política, de 56 anos, é amplamente reconhecida e comprovada. Uma história escrita nas ruas, nas lutas contra a ditadura, e nas redações, onde fiz de tudo – da reportagem de polícia, de esporte e do buraco na rua à chefia de redação. Mas sempre nas redações. No chamado chão de fábrica. Batucando nas pretinhas. No tempo do telex, do linotipo, da telefoto, do past up. Sem computador, Google, celular, Youtube, Tik Tok e as redes sociais.
Mas, segue o jogo.
Nesses 11 meses me dediquei intensamente a ajudar na reconstrução da EBC e me orgulho de ter contribuído na produção dos programas da TV Brasil, Carnavais do Brasil, com a transmissão dos desfiles de escolas de samba em várias cidades brasileiras; das séries Passado Presente – Semana Ditadura e Democracia, com filmes e debates sobre a ditadura militar e Passado Presente – resistência sindical, com filmes e debates sobre o movimento sindical brasileiro; do especial do Dia Nacional do Samba, com flashes e transmissão ao vivo do Trem do Samba; na coordenação da transmissão do Desfile de 7 de Setembro e dos Jogos da Juventude; no acompanhamento diário da Agência Brasil e na implantação da Gerência de Análise de Conteúdo, entre outros projetos e tarefas.
Agradeço aos diretores Antônia Pellegrino, Cidinha Matos e José de Arimatéia pelas parcerias que fizemos; aos gerentes Thiara Zavaglia, Bárbara Pereira, Juliana César Nunes, Priscila Mendes, Daniel Ito, Cíntia Vargas, Celso Matuk, Thiago Regotto, Paulo Garritano, Linei Lopes, Bia Aparecida, entre outros, pelos trabalhos e desafios que dividimos; aos novos e velhos amigos Alexis Isaac Hierrezuelo, Welton Lima, Adriano Leonez, Luiza Sigmaringa Seixas, Marcela Sá, Janete Coelho, Gil Araújo, Albaniza Cristaldo, Wellington Almeida, Ricardo Taffner, Noelle Oliveira, entre outros, pela convivência fraterna e respeitosa; e aos meus colegas da Gerência de Análise de Conteúdo, pelo comprometimento, dedicação e empenho no trabalho de qualidade que realizamos.
Boa sorte a todos!
Aos que ficam e aos que, como eu, foram descartados. Vou entrar 2024 desempregado e na pista. Triste e decepcionado, porque sei que ainda teria muito a contribuir com a EBC e com o governo que lutei para eleger, mas com a consciência do dever cumprido. Vamos à luta! Aos 70 anos, fé e disposição para o trabalho não me faltam!
Feliz 2024 para todos!
Tô me guardando pra quando o Carnaval chegar”!