Distritais lamentaram morte de criança em ônibus alagado
Os estragos causados pela forte chuva de ontem no Distrito Federal e que culminaram na morte de uma criança de seis anos dentro de um ônibus preso no vão alagado de um viaduto na Ceilândia repercutiram nesta quarta-feira (9) na Câmara Legislativa. Com a voz embargada pela emoção, a moradora da cidade e deputada Luzia de Paula (PEN) fez um duro discurso contra o abandono do maior núcleo urbano do DF.
“Eu não gostaria de estar aqui hoje fazendo esse pronunciamento, pois, como moradora de Ceilândia há 40 anos, sinto-me muito amargurada com a destruição da comunidade do Sol Nascente pela chuva de ontem. Sei que é um fenômeno da natureza, mas isso não teria acontecido nessas proporções não fosse o descuido do Estado com essa cidade. Ceilândia é sempre vista pelos políticos como o maior colégio eleitoral, mas nunca em seu potencial humano”, criticou.
A morte da menina Giovana Moraes de Oliveira também foi lamentada por Luzia. “Eu conhecia a Giovana. Era uma criança alegre e calma, tão calma que os colegas a chamavam de tartaruguinha por ser sempre a última a subir e a descer do ônibus. Ela foi vítima de um viaduto mal planejado e da falta de um sistema de drenagem para aquela região. Giovana morava na última casa do Sol Nascente e todos os dias tinha que viajar para estudar, quando deveria ter, por direito, uma escola perto de casa. O que é preciso entender é que criança não é futuro, criança é presente. Ela morreu por nossa total falta de responsabilidade”, concluiu.
A líder do governo na Casa, deputada Arlete Sampaio (PT), admitiu a falta de infraestrutura adequada no local para suportar as chuvas. “Precisamos tomar providências para melhorar a drenagem pluvial, mas é preciso ressaltar que quando construíram esse viaduto não fizeram a drenagem adequada. Houve muita ocupação irregular nos últimos anos”, afirmou.
Olair Francisco (PTdoB) conclamou os colegas a visitarem a região. “Várias famílias estão sem casa e o que é mais lamentável é que anunciaram R$ 400 milhões em obras há mais de um ano, e toda hora vem um tribunal para barrar isso e aquilo e nada sai do papel. Gostaria de convidar todos os colegas para visitarmos a comunidade amanhã. As pessoas estão ansiosas pela chegada do poder público, temos que dar um socorro, levar esperança para aquele povo”, apelou.
Éder Wen – Coordenadoria de Comunicação Social da Câmara Legislativa do DF
Foto: Carlos Gandra/CLDF