ELEIÇÕES 2010 – DISTRITO FEDERAL |
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Dilma de olho em dois palanques. Gim é o articulador |
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Lilian Tahan, do Correio Braziliense Um palanque é pouco. Dois, é bem melhor. Quando o assunto é suporte eleitoral, a ambição da presidenciável Dilma Rousseff no Distrito Federal é no plural. A candidata do PT para suceder Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto não anda desprezando apoio, ao contrário. Na capital da República, ela trabalha com a certeza de um palanque natural, capitaneado pelo concorrente petista ao GDF. E a perspectiva de outro abrigo, que pode se formar como uma alternativa ao PT e a Joaquim Roriz (PSC). Dilma confiou ao senador Gim Argello (1)(PTB) a discreta missão de garantir um plano B no Distrito Federal caso a candidatura de Agnelo Queiroz não decole. Ele é, obviamente, a primeira opção do partido. É o preferido de Lula e foi trabalhado para ser candidato desde o dia em que saiu do PCdoB e migrou para o PT, em meados de 2009. Mas em tempos de crise, com escândalos surgindo a cada semana, o grupo ligado a Dilma considera que costurar uma alternativa não faz mal algum. Só aumentaria a receptividade à candidata petista no DF. Para Gim Argello a tarefa é um presente. Com a aprovação do PT nacional e, especialmente de Dilma, o senador entrou no circuito da eleição indireta do governador Rogério Rosso. Ele foi uma das peças importantes para os acertos finais sobre o processo de sucessão confiado aos distritais. Sinal claro do interesse de Gim na eleição indireta é que foi ele quem bancou a estada dos 11 distritais que viajaram na véspera da votação na Câmara para Goiânia, em 17 de abril, com o objetivo de se concentrarem para a decisão que planejavam tomar em bloco. O senador do PTB não só orientou os dois distritais de seu partido a votar em Rosso, ignorando o candidato Luiz Filipe, da mesma sigla, como influenciou a decisão de outros deputados. Ao lado de petistas, Gim foi mensageiro das bênçãos do PT para a eleição de um peemedebista no DF. Ao tornar-se um aliado de Rosso, ele pavimenta uma composição que não é de toda improvável. O PMDB de Tadeu Filippelli quer o PT de Agnelo. Mas a vontade do chefe do partido pode não se confirmar nas convenções. Há uma outra ala do partido que defende candidatura própria, que poderia ser com liderada por Filippelli ou pelo próprio Rosso. O governador nega qualquer intenção de concorrer em outubro, mas não convence nem os próprios colegas de legenda. “Não tenho dúvida de que adiante vai valer não a palavra empenhada sobre o distanciamento das urnas, mas as condições reais, apontadas em pesquisas, sobre as chances de um bom desempenho. Se o cenário for positivo, Rosso concorrerá sim”, avalia um integrante do PMDB com assento na executiva regional. Em entrevista ao Correio na última sexta-feira, o governador não quis comentar qual caminho o PMDB vai seguir. Mas considerou que a legenda deve “levar em consideração a vontade do eleitor”. Dois cenários Para não dar brechas aos tucanos e garantir Dilma Rousseff como cabo eleitoral, o senador tem colado no PMDB sem cerimônias. Gim tem feito o papel de cicerone de Rogério Rosso no Palácio do Planalto. Aproximou o governador do chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, e tem procurado se manter bem ativo nos assuntos mais palpitantes do governo local. A formação da nova diretoria do BRB, anunciada na semana passada, por exemplo, tem o dedo de Gim, que foi responsável pela indicação do petebista Christian Schneider para a diretoria de controle do banco. Schneider ingressou na política pelas mãos do senador. O secretário de Fazenda, André Clemente, também é filiado ao PTB do DF. Enquanto PT e PMDB discutem a relação, o PTB de Gim se apressa para colocar em prática a estratégia da turma de Dilma, a de que dividir os palanques no DF pode agregar vantagens à candidatura presidencial. O entendimento é de que, num eventual segundo turno, PT, PMDB e PTB estariam todos juntos. 1 – Mandato herdado
Historicamente, PT e PMDB no Distrito Federal não se bicam. Nas últimas cinco eleições, os dois partidos caminharam em grupos adversários. Para se ter uma ideia, no auge do escândalo do mensalão petista, em 2005, dirigentes do PMDB ingressaram com uma ação na Justiça (que tramita até hoje) pedindo que políticos do PT no DF fossem investigados sobre suposta participação no esquema ilegal de caixa dois descoberto à época. O passado de disputas torna a possível aliança em 2010 uma circunstância inusitada. O assunto passou a ser considerado desde as eleições indiretas, quando o PT demonstrou boa vontade com a eleição de um candidato peemedebista. Foi a partir da vitória de Rogério Rosso que os dois partidos começaram a conversar. Mas desde então já se estranharam. O PT não aceita fazer campanha para quem foi citado no escândalo da Caixa de Pandora. E o PMDB não gostou do tom petista. O resultado do impasse será conhecido em breve, durante as convenções partidárias, que ocorrem até o fim de junho. Nesse momento, os partidos devem informar as coligações para a disputa de outubro. |