Já escrevi aqui nesse espaço que um dos motivos para toda essa crise política foi a briga de integrantes de um mesmo grupo político pelo poder local. Antigos aliados como Arruda, Paulo Octávio, Tadeu Filippelli e Joaquim Roriz viraram inimigos figadais. Dos muitos movimentos no xadrez político teve um que detonou a delação premiada do ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa: a tomada do PMDB do grupo rorizista. Durval foi, e ainda é, aliado de Roriz. Quando o ex-governador por quatro vezes se viu desalojado do seu partido, não teve dúvida e deu início à desconstrução do Governo Arruda, abrindo a Caixa de Pandora.
Para tomar o PMDB, uma figura foi essencial. Cria de Joaquim Roriz e seu contraparente (ele foi casado com um sobrinha do ex-governador), Tadeu Filippelli impôs a primeira derrota ao seu criador. E, para isso, não teve muita dificuldade. Roriz nunca foi afeito à burocracia partidária, gostava mais de comandar seu grupo político nas varandas de sua casa no Park Way ou da Residência Oficial de Águas Claras, esta quando ainda ocupada por ele. Quase nunca participava de reuniões da legenda, deixando tudo a cargo de seu braço direito e fiel escudeiro, que não era ninguém menos que Filippelli, deputado federal, presidente regional da sigla e com bom trânsito na cúpula nacional. Roriz bem que tentou reverter a situação junto aos caciques peemedebistas do Congresso, mas passou por um vexame ao ir para uma reunião esvaziada. Joaquim Roriz nunca o perdoou por isso.
Se não bastasse, Filippelli ainda impôs uma segunda derrota ao seu criador. No sábado (17), numa bem feita articulação, conseguiu eleger o peemedebista Rogério Rosso como governador tampão. Para isso, contou com apoio de vários partidos e até do Palácio do Planalto. Além disso, se cacifou para ser candidato a vice-governador numa chapa encabeçada pelo PT, provavelmente puxada pelo ex-ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz.
Na eleição indireta, Joaquim Roriz trabalhou até a última hora para emplacar o então governador em exercício Wilson Lima (PR), seu correligionário de longa data. Disparou telefonemas para deputados e conversou com líderes partidários, mas não conseguiu seduzir os eleitores da eleição indireta. No final, apenas quatro votos para Lima, que de favorito a continuar no Palácio do Buriti retornou ao assento da cadeira de presidente da Câmara Legislativa.
As eleições de outubro prometem mais um embate entre Roriz e Filippelli. Cria e criador estarão pela primeira vez em campos opostos numa eleição direta. O primeiro disputando o quinto mandato pelo nanico PSC e uma penca de partidos, enquanto o segundo será candidato a vice com as legendas que comandam os palácios do Planalto e do Buriti. A briga promete e será inédita também porque PT e PMDB nunca marcharam unidos na disputa através das urnas no DF. Também será o primeiro embate entre os dois ex-amigos fora dos bastidores políticos. Poderão expor suas divergências nas ruas, nos palanques e no horário eleitoral gratuito (Tv e rádio). Será uma grande oportunidade para o eleitor brasiliense. Por enquanto, o placar é favorável a Filippelli, mas uma vitória de Roriz em outubro pode virar o jogo e terá um doce sabor de vingança. Apostem suas fichas.
Fonte: blog do callado