Documentos apreendidos com assessores do governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda, indicam que, apesar de vender a imagem de um moderno gestor, ele se dispôs a seguir uma velha receita: lotear o governo entre amigos e aliados políticos, num empreguismo explícito.
Em 2007, ainda no primeiro ano de governo, um seleto grupo de colaboradores de Arruda montou para ele um didático esquema para distribuir entre os amigos e assessores 4.463 cargos de confiança, como mostra reportagem do GLOBO de Francisco Leali.
O grupo, com a participação direta do governador, redigiu até uma ata de reunião, estabelecendo como critério de nomeação a afinidade com Arruda e seus amigos.
O texto com a divisão dos cargos e a ata foram apreendidos pela Polícia Federal na casa de Domingos Lamoglia, ex-chefe de gabinete de Arruda e conselheiro do Tribunal de Contas do DF.
O primeiro documento, de uma página, lista os padrinhos políticos dos cargos de confiança. Com o título “sugestão do grupo especial, encarregado de controlar as nomeações no GDF”, o texto justifica as razões de distribuir indicações entre aliados: “Diminuir a pressão sobre o senhor governador”.
De acordo com a lista, os secretários de estado poderiam indicar 20 cargos cada, num total de 320 nomeações.
Os 21 presidentes de empresas ligadas ao GDF ficariam com dez cargos cada, num total de 210. Outros 690 cargos ficariam para o que o texto chama de “23 amigos do grupo JRA” (sigla de José Roberto Arruda).
Entre eles estão o próprio Domingos Lamoglia, Omézio Pontes, assessor de imprensa, e o deputado Alberto Fraga (DEM), hoje secretário de Transportes. Cada um teria direito a 30 cargos.
Para os 14 coordenadores da campanha de Arruda em 2006, foram reservados 140 cargos. Os nove presidentes de partidos que apoiaram a eleição também poderiam indicar 90 pessoas.
Estão na lista DEM, PSL, PMN, PTN, Prona, PPS, PSC, PP e PL. Haveria ainda cargos para apadrinhamento da bancada federal do DF.
Para 19 deputados distritais seriam destinados 1.520 cargos (80 para cada).
O documento ressalva que, dos 4.463 ocupantes de cargos, 987 poderiam ser mantidos, restando para escolha dos amigos e aliados 3.476 postos.