Dyelle Menezes
Nesta semana, o governo federal enviará ao Congresso Nacional proposta que prevê um déficit (despesas maiores do que receitas) das contas públicas de até R$ 170,5 bilhões em 2016. Se confirmado, será o pior resultado da série histórica, que tem início em 1997. Esses R$ 170,5 bilhões não incluem os juros da dívida. Em agosto de 2015, a previsão de gastos com juros para este ano era de R$ 304 bilhões.
A fixação da meta em déficit de até R$ 170,5 bilhões resulta dos seguintes fatores:
– Déficit previsto no relatório bimestral: R$ 113,9 bilhões
– Recomposição do contingenciamento temporário de março: R$ 21,2 bilhões
– PAC: R$ 9,0 bilhões
– Defesa: 3,5 bilhões
– Saúde: 3,0 bilhões
– Estados e outros passivos: 19,9 bilhões
Em 2015, o governo da presidente Dilma enviou ao Congresso o projeto de lei de diretrizes orçamentárias estimando para o governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) superávit primário – economia a ser obtida para pagar os juros da dívida pública – de R$ 24 bilhões (0,39% do PIB) enquanto estados e municípios teriam superávit de R$ 6,6 bilhões (0,11% do PIB).
Assim, o chamado setor público consolidado teria superávit de R$ 30,6 bilhões. O projeto foi aprovado e converteu-se na Lei 13.242, de 30 de Dezembro de 2015. Com o agravamento da recessão econômica, a arrecadação do governo sofreu queda abrupta. Assim, em março de 2016, o então ministro da Fazenda, Nélson Barbosa, encaminhou proposta para que a meta fosse revista.
Considerando as autorizações solicitadas para que fossem abatidas da nova meta as frustrações de receitas e a alocação de recursos para áreas estratégicas, a meta final com os abatimentos passou a ser um déficit de até R$ 96,65 bilhões.
Após a posse do governo em exercício, entretanto, a nova equipe econômica reviu as estimativas e entendeu como inevitável propor ao Congresso nova meta fiscal para 2016. O atual ministro, Henrique Meirelles, e sua equipe, entendem que deva ser somado ao rombo de R$ 96,65 bilhões outras parcelas.
De acordo com Meirelles, a nova meta foi feita feita com “parâmetros realistas” e próximos aos utilizados pelo mercado financeiro, embute “riscos fiscais” e pagamento de passivos a despesas já contratadas, mas não contempla medidas econômicas, que serão anunciadas nas próximas semanas.
Segundo ele, a meta de até R$ 170,5 bilhões, para este ano, é um “teto”. Deste modo, explicou ele, o objetivo é que o rombo fiscal seja menor do que este valor neste ano. “Existem medidas a serem tomadas de curto, médio e longo prazo que não estão mencionadas nesse orçamento. Porque são medidas futuras. Serão, se aprovadas, incorporadas neste e em outros orçamentos”, explicou ele.
Jucá justificou a grande diferença em relação à proposta de déficit que havia sido formulada pelo governo Dilma dizendo que o objetivo é evitar a necessidade de voltar a pedir a mudança da meta ao Congresso.
“Meta fiscal não é novela para ser feita em capítulos. É para ser feita no lançamento só. Ações virão que apontarão à sociedade que a visão deste governo é diferente da do outro governo porque não estamos escamoteando a verdade. Vamos mudar a verdade, com responsabilidade fiscal”, disse.
Fonte: Contas Abertas