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Dia Nacional do Cerrado: Semeando tem motivos para comemorar

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No dia em que o Brasil lembra o quanto é fundamental para a vida a preservação do bioma Cerrado, segundo maior bioma do País, a Rede de Sementes do Cerrado comemora. Por meio do projeto Semeando o Bioma Cerrado, no período de três anos, foram georreferenciadas 5.256 árvores matrizes abrangendo 322 espécies, demarcadas 87 áreas de coleta de sementes (870 ha), 692 pessoas capacitadas em produção de sementes e mudas florestais nativas, 1.910 jovens sensibilizados por oficinas de educação ambiental em conservação de recursos naturais, além de 383 professores e 30 integrantes de comunidades rurais. A princípio soa como um resultado tímido diante do tamanho do problema e das necessidades de restauração e preservação deste bioma. Porém trata-se de uma reação importante neste momento de conscientização e que terá expansão permanente com a formação de multiplicadores, frisa o coordenador do projeto, Rozalvo Andrigueto.

Entre os motivos de comemoração, além dos resultados em números, está o fato de que nesta fase do projeto, o Semeando o Bioma Cerrado atravessou novas fronteiras. A partir da proposta de complementariedade de projetos estimulada pelo patrocinador, a Petrobras, parcerias foram traçadas com outros dois projetos que atuam no Cerrado goiano, nos municípios de Goianésia e Ceres, o Verde Vida e o Pé de Cerrado respectivamente. Além disso, o Semeando está atuando também na região de Sinop, no estado do Mato Grosso. Este mês ainda, será realizado um curso em parceria com a Embrapa Agrossivilpastoril, que desenvolve um programa de capacitação continuada. O curso recebeu o dobro de solicitações sobre as inscrições disponíveis. Esse fato mostrou-nos que há uma demanda da sociedade motivada com a recuperação de áreas degradadas e querendo colaborar neste processo, diz Adrigueto. Ele comenta que a região de Sinop, conhecida no País por praticar o agronegócio de ponta com o que existe de mais avançado no mundo, também é identificada como um cinturão de desmatamento e no entanto há uma mobilização crescente da sociedade civil na busca pela adequação ambiental.

O evento vai ser realizado entre os dias 18 e 20 de setembro em Sinop, no auditório da Embrapa Agrossivilpastoril para 30 participantes, os quais deverão atuar como multiplicadores dos conhecimentos repassados durante o Curso de Identificação de Árvores e Madeiras de Áreas de Transição Cerrado-Amazônia.

Resultados – A título de ilustração sobre os resultados que o projeto Semeando o Bioma Cerrado, patrocinado pela Petrobras, vem colhendo dentro de sua proposta, o coordenador explica que há dois momentos distintos a considerar. O primeiro remete ao ano 2011, quando também com patrocínio da Petrobras, o projeto iniciou e buscou contribuir com a regulamentação da Instrução Normativa 56 de 8/12/11 do Ministério da Agricultura, a qual trata de produção, conscientização e utilização de sementes e mudas de espécies florestais nativas e exóticas. Os resultados puderam ser medidos nas comunidades sensibilizadas pelas ações do Semeando o Bioma Cerrado. Em dezembro de 2012 o projeto registrou a demarcação de 550 hectares, o que contribuiu para a formação de um banco de sementes de espécies nativas do Cerrado. O relatório apresentou ainda o georreferenciamento de 3.336 árvores matrizes de 212 espécies nativas, isto é, o “endereço” dessas árvores é conhecido. Entre outros resultados, essa fase inicial do projeto também resultou na conscientização e sensibilização da necessidade de preservação do Cerrado para 1.469 crianças e 100 professores que participaram dos cursos e oficinas constantes da programação.

Agora, no período de dois anos (2014/2015), o Projeto Semeando o Bioma Cerrado tem como objetivo georreferenciar 3.600 árvores matrizes, demarcar 60 áreas (cerca de 600 hectares como área preservada), restaurar cinco hectares de áreas já degradadas, capacitar tecnicamente 390 pessoas para produzir sementes e mudas florestais nativas em condições ambientalmente corretas, economicamente sustentáveis e sensibilizar e conscientizar diretamente 886 pessoas em ações de Educação Ambiental e mais de 2.500 indiretamente. O projeto prevê ações implementadas no Distrito Federal, nos municípios goianos de Ipameri, Alto Paraíso de Goiás, Cavalcante, Barro Alto, Pirenópolis, Goianésia, Ceres, Santo Antônio do Descoberto e Goiânia em Goiás. No Mato Grosso, o município de Sinop foi incluído nesta fase por situar-se em área de Cerradão, uma transição entre os biomas Cerrado e Amazônia.

Cerrado – O Cerrado brasileiro é o segundo maior bioma do País com uma área de cerca de dois milhões de quilômetros quadrados (quase 205 mil campos de futebol) que envolve 11 estados da federação desde a região Norte até o estado do Paraná, na região Sul. O Cerrado também tem sua riqueza medida no fato de fazer fronteira com biomas da Amazônia, Mata Atlântica, Pantanal e Caatinga, o que lhe rende uma biodiversidade muito grande. Mas o segundo maior bioma do Brasil corre o risco de ficar restrito às unidades de conservação, terras indígenas e áreas impróprias à agricultura até 2030, se o ritmo atual de degradação continuar. Restam cerca de 50% dos dois milhões de quilômetros quadrados originais deste bioma onde pouco mais de 2,2% está protegido em unidades de conservação.

Degradação – Diversos estudos mostram a ocupação desordenada do Cerrado a partir dos anos 70 e a implantação no Centro-Oeste do modelo de desenvolvimento voltado à agricultura de exportação como fortes razões para que o bioma se tornasse um dos mais ameaçados do mundo.

 

A atual situação de conservação do bioma é crítica, alerta Andrigueto, porque o Cerrado cobre cerca de 23% de todo o território nacional e somente o estado de Goiás, onde se concentra a maior área, já se perdeu 65% da vegetação original. “É urgente que além de se criar novas unidades de conservação, promova-se a educação e a conscientização de quem trabalha com e no Cerrado em toda a cadeia, desde o produtor rural até o comerciante e também que se conte com a atenção do poder público que elabora leis e diretrizes de atuação para este importante bioma”, pondera.

O Distrito Federal, por exemplo, perdeu cerca de 57% da sua cobertura vegetal original nas últimas cinco décadas, frisa Andrigueto. “Há um processo de fragmentação em curso e é urgente que se promovam ações de preservação das áreas protegidas”, assinala. Ele considera que uma das medidas fundamentais para elaboração de estratégias eficientes de conservação da diversidade biológica é a definição das áreas prioritárias para alocação dos esforços de conservação.

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