Maria Lima, O Globo
O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) foi oficuializado nesta segunda-feira como candidato à vice-presidente do candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves. Aécio se reuniu na manhã de hoje com a Executiva Nacional do partido para convalidar as chapas estaduais.
Para compensar o Nordeste, que poderia disputar a vice presidencia representado no Tasso Jereissati (CE), o PSDB vai colocar como coordenador-geral da campanha o presidente do DEM, senador José Agripino Maia. Com essa escolha, o PSDB também reserva lugar especial ao partido na aliança.
Os dirigentes tucanos minimizam o fato de o PSDB ter optado por uma chapa pura e ressaltam a necessidade de reforçar o maior colégio eleitoral tucano no país, São Paulo.
– Não creio que a questão seja geográfica. A construção de uma chapa deve levar em conta conceitos e imagem. Temos experiencia de vice de outras regiões como do Nordeste que não produziram votos. O reforço tem de ser onde tem mais potencial de votos. A escolha não está equivocada – disse o senado Álvaro Dias (PSDB-PR).
O líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy, disse que o critério não é de território, mas sim de importância de colégio eleitoral e São Paulo atende a esse quesito.
– O Aloysio conhece bem a estrutura paulista e as pessoas nesse que é o colégio eleitoral mais importante do país. Ele traz para o Aécio um reforço grande – disse. – (a chapa Aécio e Nunes) Encerra essa história de que há um conflito Minas São Paulo, mas esse conflito nunca existiu.
Por seis meses, os tucanos negociaram a portas fechadas, declarando publicamente que o nome do escolhido só viria à tona hoje. Passaram pelo crivo do partido políticos como o senador Agripino Maia (DEM-RN), a deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP) e o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles (PMDB). Agora, ao que tudo indica, o PSDB deve adotar uma solução caseira. Ganha força a ideia de uma chapa puro sangue.
Até sexta-feira, fontes ligadas ao PSDB repetiam que Aloysio Nunes tinha “90% de chance” de ser anunciado candidato à vice-Presidência ao lado de Aécio, mas ainda não haviam sido descartados o ex-governador Tasso Jereissatti e a ex-ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Ellen Gracie.
Aécio chegou a Brasília no início da noite de domingo e passou a madrugada discutindo com o governador Geraldo Alckmin e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso as vantagens e desvantagens de um paulista, nordestino ou uma mulher.
PARA ANALISTAS, ESCOLHA TRAZ VOTOS DE SP PARA O MINEIRO AÉCIO
A pedido do GLOBO, cientistas políticos do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Iesp/Uerj) elencaram as vantagens e desvantagens de cada um dos nomes aventados para a vaga. Para eles, Nunes também aparece como força, como forma de “compensar” os paulistas pela mudança de eixo do partido.
— Ele poderia atrair para o mineiro Aécio o voto de São Paulo, o maior colégio eleitoral do país. E sua escolha também seria importante porque, desde 1989, o candidato tucano à presidência é paulista. Desta vez não será, e Nunes poderia equilibrar isso — pondera Felipe Borba, cientista político e pesquisador do Iesp.
Mas o nome de Aloysio Nunes apareceu nas investigações do caso Alstom e Siemens e, apesar do tucano negar qualquer envolvimento, é um critério que pode pesar na definição do candidato à vice de Aécio.