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    “A cruz é maior do que eu imaginei”, confessa Márcia Rollemberg

    marciarollemberg

     

     

     

     

    Representante da geração Brasília e com larga experiência na gestão pública, a primeira-dama do Distrito Federal aposta no diálogo para o governo vencer as dificuldades. Ela diz que a saúde deve ser prioridade
    Ana Dubeux , Ana Maria Campos

    Menina, na década de 1960, gritava nos corredores vazios do Minhocão para ouvir ressoar o eco da própria voz. A arquitetura moderna era o playground das crianças pioneiras. Casou-se com outro menino-candango e virou primeira-dama da cidade que viu crescer. Márcia Rollemberg não caiu de para-quedas no Palácio do Buriti. Ela vem de um longo percurso de atividades executivas no governo federal — “sempre com uma abordagem histórica da política”. Com a prática da gestão pública, desenvolveu a ponderação, o diálogo, a capacidade de escuta. “No Brasil, nesse momento de muita intolerância, a gente tem de mudar o modo de enfrentar os problemas. O caminho é o diálogo. Mesmo com posições diferentes, às vezes é melhor escolher o caminho do meio. Ter calma e o discernimento de que a gente não vai dar solução a tudo. A gente precisa desempenhar bem o nosso papel e saber que não vai dar solução a tudo. De qualquer forma, haverá frustração.”

    Por ser um pessoa de reconhecida eficiência na gestão pública, Márcia Rollemberg vive uma situação delicada, a de muitas vezes atribuírem a ela uma influência determinante sobre o governador. “Como tenho essa posição de referência, há uma grande demanda de pessoas que querem ser ouvidas, de projetos a serem apresentados”. É o que a primeira-dama mais tem feito, ouvir e aprender como se dão as relações de poder em Brasília, uma grande novidade para ela. “É delicado”, ela resume, para não ferir suscetibilidades.

    Como uma brasiliense típica, Márcia chora quando vê alterações desespeitosas no projeto de Lucio Costa. Mas aponta a área mais importante para a intervenção do governo Rollemberg: a saúde. “É onde as pessoas chegam debilitadas, querendo acolhimento. É uma área muito sensível. É a área mais delicada e de maior desafio do governo”.

    Rapidamente, a primeira-dama percebeu que a cruz a carregar era muito maior do que foi capaz de supor. “Eu não tinha noção de que as coisas estavam tão debilitadas, precárias. Não imaginava que era tão grave.”

    Ainda assim, a família Rollemberg tenta tirar uns fins de semana, ou a metade de um deles, para se reunir na fazenda com os três filhos e recuperar as forças. Para na volta, Márcia continuar a fazer o que sabe: integrar os projetos, os departamentos, as secretarias, e agora, o governo.

    Com personalidade, opinião e carreira próprias, na sua avaliação, qual deve ser o seu papel na gestão de seu marido, Rodrigo Rollemberg?
    Está sendo um aprendizado. É uma coisa inédita. Nunca vivi esse papel de estar numa posição de referência por conta do Rodrigo. Mesmo ele deputado ou senador, sempre trabalhei muito. Quando ele era senador, eu era secretária de Cidadania e Diversidade no Ministério da Cultura. Tive uma carreira na área federal, bem devagar e crescente. Comecei com DAS 2, cheguei a um DAS 6, de maneira bem gradual. Comecei no ministério da Saúde, depois fui para o Iphan, como diretora, já era DAS 05, depois convidada por Ana de Holanda para o DAS 6. Depois veio Marta Suplicy com quem criei uma empatia forte. Ela é uma gestora, muito executiva. Gosto de trabalhar, de resultados, de dados, série histórica.
    No ministério da Cultura, foi um momento muito interessante porque ele estava como senador e eu como secretária. Teve o rompimento do PSB com o governo da presidente Dilma e permaneci.

    O rompimento do PSB com o governo Dilma não a abalou?
    Não. Porque eu estava no ministério (da Saúde) também quando o Rodrigo foi candidato e o Serra era oposição, era PSDB. Sempre tive uma distância. Nunca me filiei ao partido, talvez até por isso, para não ter uma confusão. Falava que meu partido era a cidadania.

    Tem essa questão da intolerância no país. Acha que a população do DF passou a cobrar cedo demais?
    As pessoas vão cobrar e elas têm o direito de cobrar. As pessoas pagam impostos e têm o direito de querer as coisas organizadas. Agora, é preciso explicar mais a crise. Eu acho que é importante essa relação, até falo o conceito da política de informação. Na saúde, a gente trabalhava muito com o conceito de informação, educação e comunicação, como uma tríade. Qualquer política pública passa por esses três pontos. Então, essa capacidade de comunicação, talvez, precise ser ampliada. As rodas de conversa que foram uma característica da campanha, tem os diálogos culturais, os diálogos dos direitos humanos. Isso está acontecendo. o Rodrigo já começou as rodas de conversas. E não há uma intolerância. Onde a gente vai, a frase que mais escuto é: ‘Rodrigo, você pegou um pepino’. ‘Meu filho, que Deus te proteja. Estamos orando por você’. Há um sentido de que as pessoas querem que a cidade dê certo. A intolerância que eu vejo é da cultura do que está no país. Não é uma intolerância especifica ao governo do DF. O desafio agora é mostrar o norte. Mostrar para onde vamos, a direção.

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