É difícil entender por que alguém destruiria algo que tanto deseja. Relacionamentos amorosos, por natureza, são espaços de intimidade, troca e crescimento, mas nem todos conseguem viver essa experiência de forma plena. Há pessoas que, mesmo estando envolvidas em histórias com potencial para dar certo, repetidamente sabotam o vínculo, criando conflitos desnecessários, afastando o parceiro ou alimentando dúvidas e inseguranças. Mas afinal, por que isso acontece?
A autossabotagem nos relacionamentos é mais comum do que se imagina e pode ter raízes profundas no emocional, em vivências passadas e, muitas vezes, em padrões inconscientes de comportamento. Identificar essas causas é o primeiro passo para quebrar o ciclo.
Medo de se machucar
Uma das razões mais frequentes para a autossabotagem é o medo da dor. Pessoas que já sofreram emocionalmente em relações anteriores podem carregar uma crença de que o amor inevitavelmente termina em sofrimento. Como forma de proteção, acabam agindo de maneira a afastar o outro antes que esse medo se concretize. Elas criam barreiras, alimentam desconfianças, ou tomam atitudes que minam a estabilidade da relação. É como se preferissem provocar o fim antes que ele aconteça de forma inesperada.
Baixa autoestima
Quando alguém não acredita ser digno de amor ou não se sente suficientemente bom para o parceiro, é comum que acabe sabotando a relação. A pessoa passa a enxergar o relacionamento como algo “bom demais para ser verdade” e, inconscientemente, começa a criar situações que justifiquem essa crença. Crises de ciúmes, acusações infundadas, frieza emocional e distanciamento são formas frequentes de manifestar essa insegurança.
Crenças limitantes sobre o amor
Algumas pessoas cresceram ouvindo frases como “homem nenhum presta” ou “toda mulher vai te trair”. Com o tempo, essas ideias se enraízam no subconsciente e moldam a forma como o indivíduo enxerga o amor e os relacionamentos. Mesmo que racionalmente desejem um vínculo saudável, essas crenças limitantes criam obstáculos emocionais. O medo de repetir padrões familiares negativos ou de perder a própria identidade dentro da relação também pode influenciar.
Dificuldade em lidar com a intimidade
Intimidade não se resume ao contato físico — ela envolve vulnerabilidade, entrega e exposição emocional. Para muitos, esse nível de proximidade é assustador. Ao se sentirem “invadidos” emocionalmente, alguns indivíduos reagem criando conflitos ou se afastando, como uma tentativa de manter distância emocional e preservar o controle. Essa dificuldade de se abrir pode ter origem em traumas de infância, abandono ou negligência afetiva.
Vício em caos emocional
Infelizmente, algumas pessoas se acostumaram a relacionamentos conflituosos e tóxicos a ponto de associar amor à dor. Quando se veem em uma relação estável e tranquila, sentem-se desconfortáveis, como se algo estivesse errado. Esse “vício” em adrenalina emocional pode levá-las a provocar discussões, testes e instabilidades, criando o drama que inconscientemente entendem como sendo parte do amor.
Medo do compromisso
O compromisso traz consigo responsabilidade, constância e a necessidade de enfrentar desafios a dois. Para algumas pessoas, essa ideia é sufocante. Elas podem ter um desejo genuíno de estar com alguém, mas o medo de perder a liberdade, de repetir padrões ruins ou de não dar conta da relação as leva a sabotar qualquer possibilidade de vínculo duradouro. Isso se manifesta por meio de atitudes contraditórias, afastamentos repentinos ou traições.
Como quebrar o ciclo?
Reconhecer a autossabotagem é o primeiro passo para romper com ela. Isso exige coragem para olhar para dentro, identificar feridas emocionais e buscar ajuda, se necessário. A psicoterapia é uma grande aliada nesse processo, pois ajuda a entender os padrões repetitivos e a ressignificar experiências do passado.
Também é importante cultivar o amor-próprio e fortalecer a autoestima. Quando você se sente digno de amor e acredita no seu valor, passa a se relacionar de forma mais saudável e equilibrada. Estabelecer uma comunicação clara com o parceiro e ser honesto sobre medos e inseguranças também pode ajudar a fortalecer a relação e evitar mal-entendidos.
Conclusão
Sabotar o próprio relacionamento raramente é um ato consciente. Na maioria das vezes, é a manifestação de dores internas não resolvidas, inseguranças profundas e traumas mal elaborados com erosguia. O amor exige entrega, mas também autoconhecimento. Ao entender as próprias motivações e trabalhar para transformá-las, é possível construir relações mais saudáveis, verdadeiras e duradouras. Afinal, todo mundo merece viver um amor que constrói, e não um que destrói.