A declaração do CEO do escritório Pogust Goodhead, Tom Goodhead, foi dada nessa quarta-feira (20), durante audiência pública que discutiu a ação judicial de Mariana contra a mineradora BHP Billiton na Justiça Inglesa
A Câmara dos Deputados discutiu, na última quarta-feira (20), a ação judicial de Mariana contra a mineradora BHP Billiton na Justiça Inglesa. O processo, movido pelo escritório Pogust Goodhead, já é considerado a maior ação coletiva do mundo, com mais de 700 mil vítimas e indenizações que chegam a R$ 230 bilhões (US$ 44 bilhões).
A audiência contou com a presença do CEO do escritório, Tom Goodhead, que explicou que o propósito da ação na Inglaterra é responsabilizar as empresas em seus países de origem, já que no Brasil a compensação das vítimas se arrasta há quase oito anos.
“Queremos responsabilizar essas empresas que têm faturado bilhões de dólares e que continuam cometendo crimes ambientais no Brasil com impactos negativos para a vida de milhares de pessoas. Que hoje existam 700 mil vítimas processando uma empresa anglo australiana na Inglaterra é algo a se orgulhar”, ressaltou.
Também participou da audiência o ex-Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, que atua como assessor jurídico do Pogust Goodhead no caso de Mariana. Em sua fala, rebateu as críticas de que uma eventual vitória na Inglaterra inviabilizaria o processo de repactuação no Brasil.
“Defendemos um acordo que englobe tudo, aquilo que se pleiteia aqui e aquilo que se pleiteia na Inglaterra. E quem não quer isso? Obviamente, quem vai pagar a conta”, declarou. “Por que temos que ter esse complexo de vira-lata? Eles [empresas] vêm aqui, destroem nossas casas, destroem nossas vidas, para depois fazerem um acordo sem ouvir os atingidos, e não podemos bater na casa deles e ir até a Justiça da Inglaterra para cobrá-los?”, acrescentou.
Para o representante da Coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Joceli Andreoli, o Brasil precisa dar uma resposta célere sobre como resolver o maior crime ambiental dos últimos tempos. “A ação inglesa serve para exercer pressão sobre as empresas. Estamos com esperança de que esse processo ajude na responsabilização das empresas e que pressione o Governo Federal na repactuação”, afirmou.