O buraco na contabilidade do Funterra, alardeado pelo presidente da Terracap Alexandre Navarro, não existe, como também inexiste o risco de liquidação do fundo de pensão da estatal. Na melhor das hipóteses, Navarro faltou com a verdade, supostamente na tentativa de, apresentando um quadro de dificuldades, vender facilidades.
Essa a conclusão a que se chega após análise de documento assinado por três ex-gestores do Fundo de Pensão da Terracap, responsabilizados por Navarro por um rombo de 129 milhões de reais. A ideia que se faz é a de que Navarro forçou um quadro para justificar a fusão dos fundos do BRB, CEB, Caesb e Metrô e entregar um salva-vidas ao pessoal da terra que estaria na lama.
Gilvan Cândido da Silva (ex-diretor superintendente), Nelson Hideaki Fujimoto (ex-diretor de Seguridade) e Kurt Sebastian Pessek (ex-diretor Financeiro) não gostaram do gesto de Navarro de manchar seus nomes. E prometem não medir consequências para colocar os pingos nos ii. Ninguém descarta o envolvimento do Ministério Público e da Polícia Federal no episódio.
Notibras publicou uma série de matérias sobre o assunto ao longo dos últimos 15 dias, sempre alertando para futuros atos prejudiciais aos fundos de pensão das empresas públicas do governo do Distrito Federal. Aos poucos aparece a verdade. E Hamlet está prestes a atravessar o Atlântico, para mostrar que não é apenas no reino da Dinamarca que há algo de podre, como escreveu Shakspeare.
Corre a boca miúda que a verdade sempre dói. Mas Alexandre Navarro parece não acreditar muito na voz do povo, a ponto de se negar a receber os signatários do documento. Não que os três pretendessem tirar satisfações, mas apenas dirimir dúvidas. Porém, colocados sob suspeição, Cândido, Fujimoto e Pessek bateram nas portas de instâncias superiores. E lá mostraram que suas digitais estão limpas.
Na ‘Nota Pública’ a que Notibras teve acesso, os três ex-gestores são categóricos, ao afirmar não ser verdade que a a diretoria que sucedeu o trio na Funterra obteve qualquer descoberta que já não era de conhecimento de todos. Até porque, avaliam analistas de mercado, 15 dias não é tempo suficiente para uma auditoria isenta.
Os três ex-diretores queriam ver os esclarecimentos publicados no site da Terracap, mas isso também foi negado. Inconformados – e parar mostrar uma verdade transparente – Cândido, Fujimoto e Pessek bateram na porta da Previc. Trata-se de um órgão do Ministério da Previdência Social, que atua como uma espécie de delegacia policial dos fundos de pensão.
Na Previc, Carlos de Paula, presidente, recebeu o original da ‘Nota Pública’. Cópias foram encaminhadas à Anapar e aos membros dos conselhos Fiscal e Deliberativo da Terracap. Os gerúndios de Navarro não têm mais razão de ser.
Fonte: José Seabra/Notibras