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Federações, fusões e cláusula de barreira: os bastidores da reorganização partidária rumo a 2026

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Por Elias Tavares

Com as eleições de 2026 no horizonte, os partidos políticos brasileiros iniciam uma corrida estratégica para reorganizar suas estruturas e garantir presença no próximo pleito. Por trás do que pode parecer apenas um rearranjo de siglas, há uma movimentação profunda no tabuleiro político nacional, impulsionada pela cláusula de barreira, que estabelece um desempenho mínimo nas urnas como condição para acesso ao fundo partidário, tempo de televisão e funcionamento parlamentar.

O cientista político Elias Tavares observa que essa reconfiguração vai além da busca por sobrevivência institucional. “Os acordos entre legendas, seja por meio de federações ou fusões, são o início de um desenho estratégico com vistas às alianças majoritárias. Partidos que formam federações se comprometem a apoiar uma única candidatura presidencial, o que naturalmente reduz a fragmentação e impõe coerência estratégica”, analisa.

Atualmente, o Brasil conta com três federações formalmente registradas: PT, PCdoB e PV formam a Federação Brasil da Esperança; PSOL está unido à Rede Sustentabilidade; e PSDB se associou ao Cidadania, esta última com futuro incerto diante da fusão em andamento entre PSDB e Podemos.

Nos bastidores, novas combinações ganham força. MDB e Republicanos negociam uma superfederação que somaria 88 deputados e 15 senadores. Já PDT e PSB flertam com a unificação, embora o PSB mantenha diálogo com outras legendas. Solidariedade, PRD e o próprio PDT também exploram arranjos paralelos, que misturam cálculos eleitorais com necessidade de estrutura e financiamento.

Para Tavares, a formação de federações impõe uma nova dinâmica interna nos partidos. “Os presidentes das federações passam a ser os responsáveis pelos registros de candidatura, o que obriga líderes de diferentes legendas a atuarem sob uma mesma coordenação. Isso exige um grau elevado de negociação e disciplina política”, destaca.

O cenário eleitoral, segundo ele, está sendo redesenhado em duas frentes principais: a busca por protagonismo e a urgência de sobrevivência institucional. “A cláusula de barreira tem funcionado como um filtro de sobrevivência e um acelerador de coalizões. Quem não se reposicionar agora corre o risco de desaparecer do mapa eleitoral em 2026, e partidos sem tempo de TV ou acesso ao fundo eleitoral simplesmente não têm como disputar eleições competitivas”, conclui.

A dança das legendas está apenas começando, e seus passos definirão quem permanece no palco político nos próximos anos.

 

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