Nesta quarta-feira (29/1), o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) reafirmou as alegações finais no processo de instrução da Operação Drácon, que tem a atual vice-governadora do DF, Celina Leão Hizim Ferreira, entre os réus.
Além da vice-governadora, o MPDFT pediu a condenação do deputado federal Júlio César Ribeiro, do administrador de Taguatinga, Renato Andrade dos Santos, e do ex-distrital e atual secretário de Turismo do DF, Christiano Nogueira Araújo.
A ex-presidente da CLDF e outros réus são acusados de solicitar propina em troca da aprovação de emendas orçamentárias que destinaram R$ 31 milhões a obras e serviços de saúde. A petição que pede a condenação dos réus inclui depoimentos, gravações e documentos periciais. O processo tramita na 8ª Vara Criminal de Brasília.
CONDENADOS
Em abril de 2020, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) obteve a condenação de outros três envolvidos na Operação Drácon, em decisão proferida no dia 21 e publicada no dia 24. O ex-secretário-geral da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), Valério Neves, o ex-secretário executivo da Terceira Secretaria, Alexandre Braga, e o ex-diretor do Fundo de Saúde do Distrito Federal, Ricardo Cardoso dos Santos, foram condenados pelo crime de corrupção passiva.
Alexandre Braga foi condenado a uma pena de três anos de reclusão, Ricardo Cardoso dos Santos a três anos e nove meses de reclusão e Valério Neves, a seis anos e nove meses de reclusão. Para Alexandre e Ricardo, foi imposto, inicialmente, o regime aberto. Valério Neves deverá cumprir a pena, inicialmente, em regime semiaberto.
Na sentença, da 8ª Vara Criminal de Brasília, a juíza destacou que “as consequências do crime são gravosas, tendo em vista o desvio da finalidade das emendas parlamentares se deu em prejuízo de áreas que efetivamente precisavam de amparo, tudo isso em benefício dos acusados e seu grupo”.
Também no bojo da Operação Drácon, está em trâmite o processo criminal em desfavor dos ex-deputados distritais Celina Leão, Cristiano Araújo, Júlio César e Bispo Renato, acusados pelo crime de corrupção passiva.
Entenda o caso
De acordo com as investigações, em dezembro de 2015, os réus solicitaram propina ao presidente da Associação Brasiliense de Construtores (Abrasco) como contrapartida à destinação, por meio de emenda parlamentar, de recurso para empresas responsáveis por obras de manutenção das escolas públicas do Distrito Federal. Ainda segundo a ação, eles também teriam pedido propina a empresas prestadoras de serviço de fornecimento de leitos de UTI.
A primeira fase da Operação Drácon aconteceu em 23 de agosto de 2016, quando o Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), órgão de investigação do MPDFT, em parceria com a Polícia Civil do Distrito Federal, cumpriu 14 mandados de busca e apreensão e oito mandados de condução coercitiva.
Os promotores de Justiça afirmam na ação que os acusados “liberaram verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes e influíram para a sua aplicação irregular; causaram dano moral ao DF e a toda a comunidade local, ensejando lesão ao patrimônio público; violaram os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições a que estavam vinculados; e praticaram ato visando fim proibido em lei”.

Acusada de corrupção, em 2026 dificilmente Celina Leão terá apoio de bolsonaristas, que são reconhecidos por serem justamente contra corruptos.