Rabo preso? Segundo vereador mais votado de Curitiba (PR), Guilherme Kilter (NOVO-PR) publicou no “X” um resumo dos motivos que impedem que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre evita pautar o impeachment de Alexandre de Moraes.
Rachadinhas, blindagens, manobras regimentais e domínio absoluto da máquina política, fazem parte do modus operandi do senador conhecido como campeão do “orçamento secreto”. Confira:
OS PROCESSOS NO STF
Alcolumbre já foi alvo de dois inquéritos no STF que o acusavam de “usar notas frias na prestação de contas eleitoral”. Ambos foram arquivados por Rosa Weber. Segundo a ministra, “a investigação policial não reuniu suporte probatório mínimo de crime”.
Alcolumbre é alvo de um processo que corre em sigilo no Supremo e agora está nas mãos de Flavio Dino, segundo O Globo. A acusação é de que ele teria – supostamente – recebido pelo menos R$ 2 milhões em rachadinha. Mas as investigações não param em Alcolumbre…
AS INVESTIGAÇÕES DA FAMÍLIA
Não é só o senador que tem investigação e processo na justiça. Sua família também está na mira do judiciário. E são muitas pessoas.
Isaac Alcolumbre (primo) De acordo com a “Operação Vikare” realizada pela Polícia Federal e noticiada pela CNN Brasil, Isaac seria suspeito de integrar um grupo internacional de tráfico de drogas usando um aeródromo próprio no Amapá como base logística. Em sua casa, foram apreendidos R$ 108 mil em espécie.
Josiel Alcolumbre (irmão e 1° Suplente no Senado) Investigado na “Operação Voto Limpo” da PF por suspeita de compra de votos, sendo apreendido dinheiro, material de campanha e lista de eleitores, segundo a Record (R7).
Alberto Samuel Alcolumbre (irmão) Em 2022, Alberto teve R$500 mil em espécie apreendido no carro de seu motorista. Conforme apurado na época pelo UOL e CNN, Alberto alegou tratar-se de honorários advocatícios, mas sem comprovação da origem.
Salomão Alcolumbre (primo) e Pierre Alcolumbre (tio) A Exame realizou uma apuração e constatou problemas fundiários na família Alcolumbre como a declaração de propriedades em áreas da União à Justiça Eleitoral, e uma dívida de R$ 1 milhão em multas ao Ibama. Entre as autuações, destacam-se R$ 555 mil a Salomão Júnior por impedir regeneração vegetal e penalidade à Agro Alegria Ltda., que pertence à Pierre Alcolumbre, por desmatamento de 81 hectares em área protegida, conforme a Revista Oeste.
Em 2019, como presidente do Senado, Davi Alcolumbre assinou decreto que facilitou a regularização de terras griladas, supostamente beneficiando familiares.
Não é segredo para ninguém que Alcolumbre talvez seja o maior articulador das emendas do Senado:
“Alcolumbre teve 20% dos recursos do Senado do “Orçamento secreto” – CNN.
“Alcolumbre foi o 6º que mais recebeu emendas em 2024” – Poder360.
“Governo paga quase meio bilhão em emendas em um dia; Alcolumbre, com R$ 20 milhões, foi quem mais recebeu” – G1
“Alcolumbre lidera em emendas pagas após derrota do governo com o IOF” – VEJA
CODEVASF
Em dezembro de 2020, nos últimos dias como presidente do Senado, Davi Alcolumbre destinou R$ 71 milhões do orçamento secreto à Codevasf, estatal do Centrão, segundo O Globo. Deste valor, R$ 54 milhões foram usados para contratar a construtora Engefort para obras de pavimentação no Amapá. Um relatório da CGU apontou 24 irregularidades nos contratos, como uso de materiais inferiores, pagamentos sem comprovação, superdimensionamento de insumos e manipulação de planilhas, com prejuízo estimado em R$ 1,9 milhão. Também foram identificadas falhas graves na gestão da Codevasf no Amapá, sob comando de Hilton Cardoso, supostamente indicado por Alcolumbre. O TCU apontou a Engefort como parte de um cartel que fraudava licitações da Codevasf, levando ao fim de contratos de cerca de R$ 200 milhões.
ONG INORTE
A CGU identificou um conjunto de irregularidades em projetos realizados no Amapá pela ONG Inorte, beneficiada com R$3 milhões em emendas dos senadores Davi Alcolumbre e Randolfe Rodrigues, conforme noticiado pelo O Antagonista.
Os recursos foram destinados à realização de festivais, mas a investigação apontou que a ONG não possuía capacidade técnica para executar os serviços e foi escolhida sem o devido processo de chamamento público.
Além disso, a CGU constatou que a Inorte terceirizou todos os serviços, sendo que uma das empresas subcontratadas é ligada ao diretor financeiro da própria instituição. Também foram encontrados indícios de sobrepreço nas contratações.
SAÚDE LINK
O MPF investiga o suposto uso por Davi Alcolumbre de um jato particular da empresa Saúde Link, empresa que chegou a totalizar R$15 milhões em emendas parlamentares indicadas por ele, segundo a CNN.
Os recursos teriam sido destinados à Secretaria de Saúde do Amapá e, por meio de uma ONG, a Saúde Link, ligada ao aliado Luciano André Goulart, executou o programa “+Visão” de cirurgias de catarata. O avião já havia sido apreendido com mercadorias contrabandeadas, caso encerrado após multa paga pelo proprietário de R$13 mil.
O programa “+Visão” foi suspenso após um surto de infecção ocular afetar 104 pacientes, muitos com perda irreversível da visão.
A PEÇA-CHAVE
Tanto o processo por rachadinha de Alcolumbre como o processo de bloqueio das emendas parlamentares no STF estão concentradas em Flávio Dino. O ministro já se manifestou em apoio a Moraes mesmo após Lei Magnitsky.