Deu em O Globo
Só dou (entrevista) uma vez por dia’
Na Bélgica, Dilma se encontra com presidente da CE
Deborah Berlinck:
A primeira viagem à Europa de Dilma Rousseff como candidata do PT à Presidência está sendo uma prova de fogo para a imprensa. Logo no primeiro dia, em Paris, um almoço virou um desaparecimento de sete horas: ninguém da sua assessoria quis dizer em que lugar estava a candidata. Uma visita a um museu, improvisada e sem aviso, virou um tumulto. Ontem, repórteres percorreram a Champs Elysées depois que fotógrafos acharam Dilma numa farmácia comprando escova. Em vão.
Após dias de desencontros e desinformações por parte da assessoria, a candidata falou ontem da sua relação com a imprensa numa entrevista improvisada, a poucos metros da porta do trem-bala que a levou para Bruxelas.
— Hoje a senhora vai dar uma entrevista para a gente? — perguntou um repórter.
— Depende, uai. Se eu conseguir, depois de falar com o Barroso (José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia).
— A senhora não gosta muito da imprensa, não é? — insistiu o jornalista.
— Não acho nem mal nem ruim. Não tenho por que dar entrevista três vezes por dia. Eu dou uma vez por dia.
Um jornalista lembrou que o assédio tende a piorar. Ela respondeu:
— Isso é o que vocês querem. Eu quero uma vez por dia.
Depois de repetidas respostas usando a frase “só dou (entrevista) uma vez por dia”, Dilma revelou por que não divulga os horários de seu itinerário nesta viagem: “prudência”. Até o último momento, os repórteres não sabiam ontem se ela embarcaria no trem-bala das 15h para Bruxelas.
Dilma surpreendeu embarcando na segunda classe — o que causou novo tumulto: os passageiros se queixaram do barulho e dos repórteres. Na volta para Paris, um repórter comprou um bilhete de segunda classe, certo de que ficaria num vagão perto de Dilma. A candidata passou por ele e perguntou:
— E você, vai de quê?
— De segunda classe — respondeu.
— Pois eu consegui de primeira — disse, sorrindo e mostrando seu bilhete.
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