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    SHAKESPERE VISITA ARRUDA NA PRISÃO

    Peça em 1 ato

    Shakespere visita Arruda na prisão

    “Na sede da Polícia Federal em Brasília. A porta da cela se abre e o guarda diz:

    – Governador, tem uma pessoa chamada Wiliam querendo entrar.

    – Wiliam? Wiliam de que?

    – Ele diz que é William Shakespeare.

    – Ahn? Deixa entrar..

    (Alguns segundos depois…)

    – A que devo esta honra? Nunca podia imaginar uma visita dessas!

    “Há mais coisas no céu e na terra do que sonha a tua filosofia.”

    –  Que bom que você veio. Estou me sentindo muito só.

    ”Se você se sente só é porque ergueu muros em vez de pontes.”

    – Sinto saudades da minha vida lá fora.

    ”Todos amam a vida, mas o homem valente e honrado aprecia mais a honra.”

    – Eu só estou aqui porque fui traído por aquele cretino. Achei que podia confiar e depois eu dava um jeito nele! Maldito seja!

    “As maldições não vão nunca mais além dos lábios que as proferem” e deve-se tomar “cuidado para com a fogueira que acendes contra teu inimigo; ela poderá chamuscar a ti mesmo.”

    – Mas eu estava fazendo um bom governo. Será que não se lembram disso?

    “O mal que os homens praticam sobrevive a eles; o bem quase sempre é sepultado com eles” e você vai “descobrir que se levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida.”

    – Mas depois do caso do Painel do Senado, o povo já tinha me perdoado e me reanimei com a eleição para governador.

    – Governador, “nada encoraja tanto ao pecador como o perdão” e lembre-se de “Não sujar a fonte onde aplacaste tua sede.”

    – Me cerquei de gente de confiança e que não pensava muito. Eu controlava tudo. Todos gostavam de mim!

    – Arruda, “o que gosta de ser adulado é digno do bajulador”. Com o tempo, “eu aprendi que para se crescer como pessoa preciso me cercar de gente mais inteligente do que eu.”

    – Mas até dinheiro na meia! Até eu achei demais.

    “A desconfiança é o farol que guia o prudente”, mas “se o dinheiro vai na frente, todos os caminhos se abrem.”

    – Será que estão gravando nossa conversa?

    “A suspeita sempre persegue a consciência culpada; o ladrão vê em cada sombra um policial.”

    – Achei que tinha sido bem esperto ao fazer um acordo com o ex-Governador e depois conseguir me livrar dele.

    – Governador, você devia saber que “se dois cavalgam num cavalo, um deve ir detrás” e também que “atiramos o passado ao abismo, mas não nos inclinamos para ver se está bem morto.”

    – Mas que destino infeliz. Essas pessoas traíram minha confiança. Falavam em meu nome, mas eu não sabia de nada!

    (Shakespeare pensando: “Que formosa aparência tem a falsidade.”)

    – Arruda, aprenda: “Dê a todas pessoas seus ouvidos, mas a poucas a sua voz” e saiba que “o destino é o que baralha as cartas, mas nós somos os que jogamos.”

    – Mas eu sou um cara simpático e risonho. O povo me adora. Eu estava a caminho da glória! Eu não pareço uma pessoa honesta?

    “O rosto enganador deve ocultar o que o falso coração sabe.” “Os homens deviam ser o que parecem ou, pelo menos, não parecerem o que não são.” “A glória é como o círculo na água; nunca cessa de se dilatar até que, à força de se expandir, se perde no nada.”

    – Mas os meus advogados vão acabar dando dar um jeito nisso. Eles são muito hábeis com as palavras.

    “As palavras são como os patifes desde o momento em que as promessas os desonraram. Elas tornaram-se de tal maneira impostoras que me repugna servir-me delas para provar que tenho razão.”

    – Bem, acho que nosso horário está terminando. Deus está vendo tudo e há de me proteger!

    “Não chegarão aos ouvidos do Eterno palavras sem sentimento.”

    Paulo Barreira Milet é empresário, consultor e Sócio-Diretor da Eschola.com

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    Deve ler

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