Até o assassinato do pastor Anderson, em junho do ano passado, casal exibia vida de superação e solidariedade, mas tudo ruiu
Até já houve um filme, em 2009. Uma cinebiografia cheia de globais, quando a artista e religiosa era festejada por ter acolhido dezenas de sobreviventes de uma chacina e criado uma grande família baseada nos preceitos cristãos. Hoje, com Flordelis e mais 10 pessoas indiciadas pela morte de Anderson a tiros, o diretor Marco Antônio Ferraz lamenta ter realizado o que chama de “uma mentira”.
Mas qual é verdade? A Polícia Civil carioca tem certeza de que, no seio dessa grande família, havia uma quadrilha que tramou o assassinato do pastor e tentou executar o crime por mais de dois anos, até ter sucesso em 16 de junho de 2019, quando ele foi executado em casa com 30 tiros, a maioria na região da pélvis.
Apontado como extremamente controlador – o que teria motivado o crime, segundo as investigações –, o pastor não teria desconfiado do plano nem diante das diversas vezes em que teve de buscar atendimento médico por causa dos efeitos do veneno que a esposa e filhos colocavam em sua comida e bebida – também de acordo com a polícia.
A história
Até a morte de Anderson, as aparências indicavam que ia tudo muito bem para o casal. A eleição para a Câmara pelo PSD, com a quinta maior votação no Rio de Janeiro (196 mil votos), coroava uma carreira de sucesso na música gospel e como líder religiosa de sua própria igreja, o Ministério Flordelis.
Também pastor na congregação, Anderson não tinha o carisma da esposa, mas atuava nos bastidores para controlar tudo em volta dela.
Com sua morte, a aura em torno de Flordelis se desfez rapidamente.
1
Clientes de casa de swing
Muito unido na igreja e na vida pública, o casal se entregava aos prazeres da carne em casas de swing e até em uma parte privada da residência onde eram criadas as dezenas de filhos – segundo denúncias que vieram à tona nos últimos meses.
Em junho deste ano, o jornal Extra revelou o conteúdo do depoimento de uma ex-fiel da igreja fundada por Flordelis, que dizia ter acesso à intimidade do casal. A mulher contou à polícia, em setembro de 2019, durante as investigações, que os pastores eram frequentadores assíduos de uma casa de swing na Barra da Tijuca, no Rio, e que até seriam donos de uma espécie de cabine vip no local.
A depoente disse que soube disso em 2007 por meio de outra fiel, que também seria adepta da troca de casais e teria visto os pastores no local.
A mesma ex-fiel contou ainda que, numa ida à casa da família, viu Flordelis, Anderson, uma filha biológica da deputada e o marido dela saindo de um quarto, todos de toalhas brancas.
A filha é Simone Rodrigues, uma das presas, e o que apimenta o relato é o fato de Anderson, que era 16 anos mais novo que Flordelis, ter namorado a mulher antes de se casar com Flordelis, em 1994.
A Rede Globo do Rio de Janeiro noticiou que Anderson chegou a ser filho adotivo da “primeira geração” da família de Flordelis, mas isso não foi confirmado pelas autoridades. Segundo apuração do UOL, ele frequentava a casa, época em que chegou a namorar Simone, mas não chegou a ser adotado oficialmente por ela.