Na noite desta quarta-feira (6), visivelmente abatido, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) finalmente assumiu o controle da mesa do plenário, apenas por volta das 22h, depois de passar o dia tentando negociar para acabar com a obstrução de congressistas da oposição. Nada foi votado e durante todo o dia, Motta usou a força da polícia legislativa para tentar barrar os parlamentares da direita.
Motta demonstrou fraqueza diante da pressão da direita. Parlamentares e lideranças disseram ao UOL que o presidente da Câmara errou feio em não estar na Casa quando o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), decretou a prisão ilegal domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A fragilidade do ex-presidente ficou exposta quando o deputado alagoano, o líder do PP, Doutor Luizinho (RJ), e o segundo vice-presidente da Casa, Elmar Nascimento (União Brasil-BA), conseguiram convencer o PL a desocupar a mesa do plenário em troca de continuar os diálogos sobre o projeto da anistia e a PEC que restringe o foro privilegiado.
A oposição desocupou a Mesa Diretora porque o presidente da Câmara teria se comprometido a pautar a PEC do fim do foro privilegiado e o projeto da anistia aos presos e investigados pelo 8 de Janeiro.
“Na próxima semana, abriremos os trabalhos dessa Casa pautando a mudança do foro privilegiado para tirar a chantagem que muitos parlamentares, deputados e senadores, vêm sofrendo por parte de alguns ministros do STF. Junto com o fim do foro, pautaremos a anistia dos presos políticos”, declarou Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do PL na Câmara.
Motta teria se comprometido a não barrar se essa for a decisão do colégio de líderes. PP, União Brasil, Novo, PL e PSD são a favor de colocar os projetos para votação.
Por outro lado, deputados ouvidos pela redação afirmaram que não confiam mais na palavra de Motta, que só ganhou tempo. “Ele foi eleito presidente da Casa com a promessa de pautar a anistia e não o fez. É omisso e covarde, que não cumpre a palavra. É mais um fantoche do esquema que tomou conta do Brasil”, afirmou um parlamentar que pediu anonimato com medo de retaliação.