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    Rodrigo Rollemberg: A chantagem do impeachment. E a chantagem das CPIs

    Intermediação perigosa

    POR HÉLIO DOYLE – JORNAL DE BRASÍLIA –

    O governador Rodrigo Rollemberg (foto) está entrando em uma armadilha montada por deputados distritais, tendo à frente a presidente Celina Leão. O processo de impeachment contra a presidente da República é a inspiração desses distritais. Não necessariamente para abrir um processo contra o governador, mas para mantê-lo como refém, sob a ameaça de ser afastado.

     

    Não será novidade aqui e certamente a mesma coisa acontecerá em vários estados. O medo de sofrer um impeachment e o temor de CPIs levaram o então governador Agnelo Queiroz a tudo fazer para manter uma confortável maioria de dois terços na Câmara. Agnelo cedeu em quase tudo aos distritais: segurou-se no governo, mas sequer passou ao segundo turno nas eleições.

     

    O que alguns distritais querem de Rollemberg é que sua maior preocupação agora seja a de ter o apoio fechado de pelo menos 16 deputados. Para isso, terá de dar a eles muito mais do que tem dado até agora.

     

    E a chantagem das CPIs

     

    Constituir comissões parlamentares de inquérito é a outra arma de chantagem dos distritais. Não é de hoje nem local, é histórica e nacional. As revelações sobre o que ocorreu na CPI da Petrobrás, no Congresso Nacional, ajudam a entender o mecanismo. Parlamentares usam o poder das CPIs não para investigar, mas para obter vantagens ilegítimas.

     

    Com uma CPI, é possível receber benefícios de acusadores e de acusados, optando-se geralmente por quem dá mais. Convoca-se e se desconvoca. Documentos são revelados ou escondidos. O relatório final pode dar em tudo ou em nada. Depende do cliente.

     

    CPIs que possam envolver o governo de Rollemberg, como a da saúde, são instrumentos de pressão contra o governo, para que ceda às suas demandas.

     

    Além do que CPIs podem ser uma boa antessala para ameaçar com impeachment.

     

    Olho grande nos cargos e verbas

     

    Com ameaças de impeachment e de CPIs, a pressão contra o governo aumenta. Os interesses de distritais no governo não se limitam a cargos e emendas. Cargos são importantes para empregar afilhados políticos e cabos eleitorais, mas o objetivo principal é dominar áreas do governo que contam com verbas polpudas, e que permitam aos distritais ter participação indevida nos contratos desses órgãos.

     

    Não é à toa, por exemplo, que é grande a briga pelo controle do Detran, objeto da ambição de alguns distritais. Ali, como se sabe, rola muito dinheiro: multas, gravames, pardais, publicidade.

     

    E há muitos outros lugares interessantes no governo, sob esse ponto de vista.

     

    Agradecimentos efusivos

     

    As emendas também ajudam os distritais em dois aspectos: permitem o atendimento a reivindicações de suas bases e, com enorme frequência, dão “retorno”. Quem recebe o dinheiro oriundo das emendas costuma agradecer ao parlamentar com mais do que palavras generosas ou votos nas eleições.

     

    Por isso emendas para realizar eventos e shows são tão populares entre os distritais. Não há licitação, os valores são subjetivos, o retorno é garantido.

     

    Intermediação perigosa

     

    Distritais querem também que o governo atenda a interesses de empresas das quais são sócios abertos ou ocultos, ou das quais recebem por “serviços prestados”.

     

    Perguntem ao governador, a secretários e presidentes de empresas quantos empresários são levados a eles por distritais que servem como intermediários. Isso é normal, dirão os distritais e até algumas autoridades do governo que gostam de agradá-los.

     

    Não, não é normal. Pode ser usual. Empresários têm acesso ao governo sem a intermediação de agentes públicos que, ilegalmente, estão é fazendo advocacia administrativa. E distritais que são donos de empresas deveriam se sentir constrangidos ao confundir o mandato com sua atividade empresarial.

     

    Boca torta pelo cachimbo

     

    Os distritais não se limitam a interceder, perante o governo, para que empresários sejam recebidos. Fazem questão de acompanhá-los nas audiências e exercem pressão direta sobre o Executivo para que seus pleitos sejam atendidos. O pior é que até conselheiros do Tribunal de Contas, ex-deputados, mantêm essa prática de defender interesses de empresas perante o governo.

     

    De onde vem o perigo

     

    Nas conversas reservadas para aumentar a pressão sobre o governo, alguns distritais falam no que consideram dois pontos fracos que poderão ser por eles explorados — além da confusa gestão da área de saúde. Estão de olho no Iprev, o instituto de previdência dos servidores, e no BRB.

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