Empresário de Criciúma (SC), Ricardo Castellar Faria se deu muito bem no Distrito Federal por um bom tempo, e após ganhar rios de dinheiro em contratos na Saúde, virou produtor de ovos bem distante da capital
Segundo a revista Forbes, a Granja Faria anunciou em junho a compra da Katayama Alimentos, de Gilson Katayama, com sede em Guararapes (SP). Com isso, o empresário Ricardo Faria pode encerrar 2023 com uma receita líquida de R$ 2,6 bilhões a R$ 3 bilhões.
Operação Dinheiro Sujo
Mas é preciso relembrar um fato importante na vida de Faria: Em 4 de junho de 2021, contratos firmados entre a Secretaria de Saúde do Distrito Federal e lavanderias, em 2014, durante a gestão do então governador Agnelo Queiroz (PT), entraram na mira do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT). A execução do contrato chegou até a gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB).
Na Operação Dinheiro Sujo, deflagrada naquela manhã de sexta-feira (4), os promotores cumpriram 22 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal e em quatro estados: São Paulo, Maranhão, Paraná e Santa Catarina. A Justiça também determinou o bloqueio de R$ 54 milhões dos envolvidos.
Entre os 13 alvos da Operação Dinheiro Sujo, o nome que mais chamou atenção foi o do rico empresário Ricardo Castellar Faria, então dono da Lavebrás e atualmente dono da Granja Faria, cuja produção de ovos gira em torno de 16 milhões de unidades por dia.
LAVANDERIA
As apurações revelaram que, a despeito da existência de procedimento de contratação regular de lavanderia hospitalar em andamento, os integrantes do grupo criminoso forjaram situação de calamidade para justificar a dispensa do procedimento licitatório e direcionar a contratação de empresas integrantes do grupo.
Ajuizada em 2014, durante o governo Agnelo Queiroz (PT), uma ação do Tribunal de Contas do DF apurou indícios de irregularidades em contratos de lavanderia para o Hospital de Base do DF (HBDF) e para os hospitais regionais do Gama (HRG), de Santa Maria (HRSM) e de Sobradinho (HRS). O processo foi fruto de uma representação do partido Democratas, que questionou a dispensa de licitação 104/14, publicada em março daquele ano e que dizia respeito ao HBDF, HRG e HRS.
No documento, o partido afirma que o processo tinha diversas irregularidades e que a “citada emergência era inexistente”. “As lavanderias estão funcionando perfeitamente”; “[…] não há no processo […] documentação probatória de que o maquinário esteja depreciado. Ademais, as alegações de que a mão de obra estaria deficitária e inabilitada […] além de inverídica não encontra embasamento na legislação em vigor”, ressaltava a representação
Durante o trâmite, no entanto, outras dispensas de licitação sobre o mesmo tópico também passaram a ser questionadas na Corte. Em parecer anexado ao processo, o Ministério Público de Contas do DF (MPC-DF) apontou que os contratos apresentavam diversos problemas.
DIRECIONAMENTO
De acordo com o MPC-DF, houve problemas nas estimativas de preço e na definição dos objetos da contratação. Ainda segundo o Ministério Público, há indícios “pungentes” de direcionamento da licitação para a empresa NJ Lavanderia Industrial e Hospitalar Ltda., responsável pela prestação do serviço nos quatro hospitais. Em 2015, a empresa recebeu R$ 7.768.573,63 dos cofres públicos e, em 2016, R$ 11.298.663,06.
No documento, a então procuradora Cláudia Fernanda de Oliveira Pereira reclamou da demora do GDF em licitar os serviços à época: “Parece claro, portanto, que, sem determinação, a SES não irá licitar. Por qual motivo a SES encontra recursos públicos e arma-se de agilidade para contratar emergencialmente em vez de realizar o certame?”, questionou.
A qualidade dos serviços prestados também é colocada em xeque: “A situação é agravada, como se não bastassem as irregularidades indicadas, pela má qualidade dos serviços prestados, inclusive com denúncias de mistura de roupas sujas e lavadas e utilização do mesmo caminhão para transporte das mesmas”, diz o parecer.
O TCDF chegou a pedir esclarecimentos os ex-gestores do GDF responsáveis pelos primeiros contratos assinados: o ex-secretário de Saúde, Rafael Barbosa; o ex-secretário adjunto da pasta, Elias Fernando Miziara; e o então gerente de hotelaria da SES-DF, Daniel Veras de Melo. Também foram requisitadas explicações da NJ Lavanderia Industrial e Hospitalar Ltda e do responsável pela empresa, Nabil Nazih Dahdah.
Além da ação no TCDF, as práticas de dispensa de licitação também levaram ao bloqueio de bens de Elias Miziara, Daniel de Melo e da NJ Lavanderia Industrial e Hospitalar. A decisão, proferida em 2015, foi fruto de uma ação de improbidade administrativa ajuizada pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT).
Em parecer do TCDF assinado em 2 de dezembro de 2020, a análise da comissão tomadora de contas verificou que foram registrados preços que variavam de R$ 4,05 a R$ 6,99 nos serviços de lavanderia para os diferentes hospitais da cidade (Hospital do Gama, Hospital de Sobradinho, Hospital de Santa Maria e Hospital de Base do Distrito Federal), em contratações realizadas em diferentes períodos e diferentes processos nos anos de 2015 e 2016.
“Constatamos grande variação de preços nos serviços de lavanderia hospitalar em diversas praças, não somente em razão do local em que o serviço é oferecido, mas também das grandes quantidades processadas, que podem gerar ganhos de escala, e dos requisitos que são colocados no edital elaborado por cada ente público interessado, dificultando a comparação de preços em contratações diversas.
ATUALMENTE
Ricardo Castellar de Faria hoje é bilionário, dono da Granja Faria, que pode encerrar 2023 com uma receita líquida de quase R$ 3 bilhões, além de ser proprietário da Fazenda Ipê, com 35 mil hectares, localizada no município de Baixa Grande do Ribeiro, no Piauí.
Aliás, Faria está sendo alvo do Ministério Público do Trabalho (MPT) no Piauí pela segunda vez, em inquérito que investiga denúncias de supostas irregularidades trabalhistas.
RESUMO
Faria deixou de mandar em Brasília após a Justiça descobrir que ele “colocava o pé” na balança do HIGES para receber mais, e hoje é o maior produtor de ovos do Brasil, às custas do dinheiro da saúde do DF nos governos dos esquerdistas Agnelo Queiroz (PT) e Rodrigo Rollemberg (PSB). Ricardo Faria e Nabil Dahdah (dono da NJ Lavanderia) ainda devem muitas explicações ao DF.
OVOS
Após se cansar de lavar roupa suja, Faria trocou a lavanderia por ovos e ficou conhecido como “RICARDO CORAÇÃO DE ESCORPIÃO FARIAS”…
ACUSAÇÕES CONTRA RICARDO FARIA
Ricardo Faria responde ao processo 1078162-40.2022.4.01.3400 por lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores oriundos de corrupção e está com bens indisponíveis e valores bloqueados pela Justiça da 12a Vara Criminal da SJDF.
Ricardo Castellar de Faria fez campanha para Bolsonaro em 2018 e desde então viu seu faturamento anual se multiplicar por dez, segundo informações da revista Exame. A empresa dele, a Granja Faria, acumula violações trabalhistas e de bem-estar animal.
PRESENTE RICO E FUTURO INCERTO
Especialistas ouvidos pela redação, afirmaram que a projeção dos negócios de Ricardo Faria a médio prazo, é de inevitável queda. Afinal de contas, investidores não costumam gostar de colocar dinheiro onde há suspeitas de corrupção, bens bloqueados e outras denúncias contra empresário tipo ostentação.