Do Correio Braziliense: A aliança inédita entre PT e PMDB experimentada no dia em que Rogério Rosso foi eleito para o mandato-tampão até 31 de dezembro deve ser confirmada na prática com a partilha do governo entre as duas legendas. O PMDB vai convidar o PT para entrar no governo. E a tendência é que a resposta seja sim. Internamente, as duas legendas já começaram a pensar como se dará essa composição. O PT não é unânime sobre ocupar cargos no governo de Rosso, mas provavelmente os dissidentes serão votos vencidos na discussão.
Desde o momento em que o PT decidiu se aliar ao PMDB para derrotar a chapa do candidato apoiado por Joaquim Roriz — o então governador em exercício Wilson Lima —, a legenda com força para polarizar a eleição de outubro apoiou seu projeto de poder em pilares pragmáticos. “Temos a intenção de vencer no primeiro turno com a ajuda dos partidos que assinaram a Carta Brasília, base para a eleição de Rosso. De que adianta assumirmos um compromisso sem termos participação no governo? Queremos e devemos entrar para administração desde agora”, disse Hélio José, secretário de Relações Institucionais e Políticas do PT. Ele representa a Base Petista e Socialista, que tem dois dos 15 votos na executiva do partido.
A Hélio se unem mais petistas de outras correntes e de mesmo pensamento sobre a eleição de outubro. “A proposta para integramos o governo virá. Vamos sentar e discutir dentro do partido, e o resultado desse debate deve ser um desdobramento natural da parceria iniciada pela eleição indireta”, afirmou um petista que preferiu permanecer no anonimato. O pré-candidato do PT ao governo, Agnelo Queiroz, tem comemorado abertamente a dobradinha com o PMDB. Ele não deve se opor a que o partido tenha espaço no GDF.
Deputados fora
Um foco de divergência deve ser dentro da Câmara. Os distritais, que vão concorrer à eleição, dois dos quais à Câmara dos Deputados, estão preocupados com a repercussão que uma parceria oficial com o PMDB será interpretada entre eleitores. Chico Leite, por exemplo, é contra. “Só aceito me unir em causas”, comentou o parlamentar. Ele e Érika Kokay (PT) resistiam em votar no candidato peemedebista, como foi acordado pelo comando dos dois partidos, se houvesse segundo turno na eleição.
Paulo Tadeu e Cabo Patrício estão mais alinhados com o pensamento de que o PT terá de trabalhar desde já essa união com o PMDB para vencer o pleito de outubro. Nenhum dos deputados, no entanto, poderia assumir cargos no governo. Isso porque a legislação eleitoral proíbe candidatos a integrar a administração pública pelo menos seis meses antes da eleição.
O PMDB está em plena formação de governo. E o presidente regional da legenda, Tadeu Filippelli, é o principal negociador que tem como aposta amarrar a aliança construída nos bastidores trazendo o PT para preencher postos no GDF. Todo o processo vem sendo tratado nos bastidores e só será anunciado quando estiverem resolvidas entre os dois partidos as fatias de governo que serão reservadas ao PT.