O inferno astral da arquiteta Adriana Villela parece não ter fim. Ela é filha do ex-ministro do TSE, José Guilherme Villela e de Maria Villela, assassinados em agosto de 2009, de forma cruel, um crime que até hoje não foi elucidado por completo. Pelo contrário, a cada dia que se passa, o caso parece estar mais complicado. A herdeira do casal, suspeita de ser mandante, já foi presa duas vezes. A última, na semana que se passou, enquanto passava dias no Rio de Janeiro. Algum fato novo? Que nada. Alegaram que ela poderia atrapalhar o que já está mais do que atrapalhado: o rumo das investigações.
O crime já tem um réu confesso: o ex-porteiro do prédio onde morava o casal, Leonardo Campos Alves, que foi preso no interior de Minas Gerais. Quando o caso já parecia estar bem complicado, agentes da 8a Delegacia de Polícia (SIA) prenderam o porteiro e, por isso, criaram crise na instituição. A delegada responsável na época pela DP, Deborah Menezes, causou incômodo na direção da PCDF, já que o caso estava na Coordenação de Investigações dos Crimes Contra a Vida (Corvida).
Antes, porém, desse episódio, a delegada Martha Vargas, chefe da 1ª DP, a primeira a investigar o crime, acabou exonerada em 29 de abril. A decisão ocorreu após um laudo do Instituto de Criminalística apontar que uma chave da casa do ministro assassinado teria sido plantada como prova do crime. O objeto foi usado para incriminar três suspeitos, todos soltos por falta de provas. Denúncias de que investigadores teriam oferecido vantagem financeira a um informante chegam a todo instante. A Corregedoria da PCDF já investiga a postura de policiais.
O presidente da OAB chegou a declarar que as provas apresentadas até o momento não comprovam a presença de Adriana no local, embora tenha ressaltado que não teve acesso a todos os documentos. O fato é que o triplo assassinato já foi investigado como roubo, depois passou a ser um crime doméstico, voltou a ser roubo, mas a polícia insiste no crime doméstico. Se não há provas concretas contra Adriana Villela, qual é o motivo da perseguição a ela? Talvez pelo fato de a polícia, por não ter conseguido esclarecer o crime, preferir colocá-la como bode expiatório, baseando-se apenas em divergências familiares.
Numa investigação, o que conta são as provas, que geralmente sinalizam para um fato concreto. Adriana nega a autoria de um crime que suscita roubo. O criminoso já é confesso e conhecido, parte do objeto do roubo já foi recuperada. Independentemente de incompetência ou não policial, há um motivo latente que está por trás desse festival de desencontros e que mira diretamente a filha do casal assassinado. Mas, como sempre defendo, a verdade pode chegar tarde, mas ela sempre aparece. E os verdadeiros responsáveis sempre são encontrados. Esse é o meu conforto.
Fonte: O Distrital