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    PESQUISAS: ERRAR OU INDUZIR?

    ELEIÇÕES 2010
    Especialistas criticam erros de pesquisas

    Os erros cometidos nas pesquisas eleitorais deste ano voltaram a acender o debate, entre cientistas políticos e especialistas em opinião pública, sobre a real utilidade da divulgação maciça de sondagens de intenção de voto e de sua capacidade de alterar os resultados finais nas urnas, quando não captam com precisão a vontade do eleitor.

    No caso das pesquisas para a Presidência, eles apontam erros acima dos dois pontos, para cima ou para baixo nas margens de erro, que superestimaram a performance da candidata Dilma Rousseff (PT) e subestimaram especialmente a candidata Marina Silva (PV).

    “Pesquisas podem influenciar resultados” Deslizes, como os números que indicavam Geraldo Alckmin (PSDB) em posição de vitória folgada para o governo de São Paulo — quando o senador Aloizio Mercadante (PT) teve muito mais votos nas urnas do que o previsto, e o primeiro turno acabou numa disputa acirrada — ou as previsões que tiravam Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) da disputa por uma vaga de senador por São Paulo (conquistada com folga pelo candidato) — somaramse a inúmeros resultados finais que terminaram fora das margens de erro. Isso incluiu a disputa pela Presidência.

    — É preciso discutir a oportunidade de divulgação de pesquisas com erros graves de metodologia, porque as campanhas, os eleitores e a própria mídia se pautam por elas, o que pode influenciar artificialmente o voto — afirma o historiador Marco Antonio Villa, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos. — Houve problemas de metodologia, com os institutos Datafolha e Ibope errando bem menos.

    Ainda assim, essas pesquisas podem influenciar o resultado, especialmente em disputas mais apertadas.

    Os analistas — e os próprios institutos — apontam vários motivos para os erros das pesquisas.

    Fala-se das taxas de abstenção nunca contabilizadas nos levantamentos, dos erros na hora de votar, de eleitores que se envergonham de dizer seus votos, de ondas de opinião que são captadas aquém do que mostram as urnas e, principalmente, metodologias de pesquisa que, por serem restritas ou focarem em grupos e regiões específicas, não captam com exatidão o amplo leque de preferências eleitorais do país.

    — Os institutos não estão identificando com clareza determinadas tendências e a vitória de Marina Silva no Distrito Federal mostra isso — diz professor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB).

    — Todos os institutos erraram o resultado final. Erraram no que eles consideram como erro máximo das pesquisas (margem de erro). O Ibope errou mesmo a pesquisa de boca de urna, que entrevista os eleitores no dia das eleições. A pesquisa ouviu 4.300 eleitores (a margem de erro anunciada é de no máximo de dois pontos percentuais); todos os candidatos chegaram fora dos limites definidos. Os resultados que circularam das pesquisas presidenciais nos estados mostram resultados muito mais discrepantes ainda. Este erro coletivo dos resultados foi o maior já cometido pelos institutos no Brasil — diz Jairo Nicolau, cientista político e professor visitante do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da Uerj, em seu blog “Eleições em Dados”.

    Anteontem, Ricardo Caldas, professor de ciência política e diretor do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares da UnB, afirmou em entrevista ao portal “Terra”, ainda quando a apuração oficial estava pela metade, que o instituto Datafolha foi o que errou menos mas, ainda assim, a maioria dos institutos falhou.

    — É preciso que os institutos revejam suas metodologias de pesquisa e a forma de abordar o eleitor — afirmou.

    Ibope diz que acertou mais do que errou Márcia Cavallari, diretora executiva de Inteligência do Ibope, disse achar que o instituto acertou mais do que errou, e observou que o Ibope não cometeu erros de tendência (que captam a subida ou a perda de votos de um candidato), mas imprecisões nos índices, alguns pontos acima ou abaixo dos resultados finais.

    — Pesquisa de opinião pública é complicada e as pessoas mudam de ideia de um dia para o outro, o que significa que os institutos podem errar. Houve erro no caso das eleições no Paraná, mas é bom observar que captamos a subida de Beto Richa na pesquisa de boca de urna.

    Em Santa Catarina percebemos o mesmo com Raimundo Colombo, ainda que o índice final tenha sido maior do que o verificado nas pesquisas. No geral, acertamos muito mais do que erramos — diz Cavallari.

    Quando o governador eleito do Paraná, Beto Richa (PSDB), decidiu recorrer à Justiça Eleitoral para suspender as pesquisas que indicavam a realização de um segundo turno no estado, na reta final da disputa, muita gente o acusou de recorrer à censura para evitar revelar sua suposta fraqueza eleitoral. Mas o resultado final de Richa nas urnas, com uma vitória de 52,4%, observa Marco Antonio Villa, faz pensar até que ponto pesquisas erradas podem mudar uma disputa apertada.

    — Cheguei a ler entrevistas do candidato a senador por São Paulo, Netinho de Paula, falando de planos para disputar a Presidência. Fala-se na liberdade de escolha do eleitor, mas o fato é que as pesquisas influenciam — diz Villa. Informações de O Globo.

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    Deve ler

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