A intensificação da tensão nas universidades dos Estados Unidos em função do crescente movimento pró-Palestina e da dificuldade das instituições de lidar com a evolução dos fatos anunciava riscos. Todos que acompanham como o que se passa em Israel e em Gaza e como a guerra repercute pelo mundo temiam que a tensão transbordasse e episódios de violência ocorressem.
Na madrugada dessa quarta, 1º, em Los Angeles, manifestantes pró-Israel e pró-Palestina se enfrentaram no campus da Universidade da Califórnia (UCLA). O confronto só parou com a chegada da polícia.
Para o Instituto Brasil-Israel (IBI), a polarização que marca as manifestações cumpre papel contrário, caso o objetivo seja fazer pressão de longe para que a guerra acabe e dê lugar a uma paz duradoura na região.
“As palavras de ordem entoadas em diversos acampamentos nas universidades dos Estados Unidos mais confundem do que explicam. Frases prontas não ajudam, apenas polarizam. Estamos diante de um conflito difícil de compreender e difícil de resolver. Ignorar as dimensões evidentemente cruéis e as dimensões sutis do que se passa em Israel e em Gaza contribui para aprofundar o problema e nos afasta de soluções justas e factíveis”, afirma Manoela Miklos, diretora-executiva do IBI.
Mais além, diz Manoela, “as ações das universidades norte-americanas cujo intuito são supostamente arrefecer hostilidades que não deságuam em entendimento têm causado o efeito oposto: tem esquentado o clima, colocado hostilidades na ordem do dia em todo o mundo e amplificado apenas as vozes de quem prefere o choque ao debate”.
A diretora do IBI mostra preocupação ao observar que o movimento tem crescido e se multiplicado e que a tensão também ao Brasil. “É uma tristeza ver essa dinâmica ser replicada nas universidades brasileiras. Neste contexto conturbado, se estudantes e professores desejam manifestar demandas justas, não devem importar o que acontece nos Estados Unidos. Demandem atitudes firmes que nos aproximem da paz. Jamais a aniquilação de um dos lados em conflito. Porque ninguém vai a lugar nenhum. O foco, mais do que nunca, deve ser no diálogo e na coexistência”.