Deu no blog do Riella:
Quando o governador Arruda foi preso, nas vésperas do Carnaval, ouvi foguetes no final da tarde, no Lago Sul de Brasília. Dizem que os estampidos partiram da casa do ex-senador Luiz Estevão.
Hoje, quando Arruda anunciou que aceitava a forçada cassação feita pelo Tribunal Regional Eleitoral, não houve fogos. O assunto cansou Brasília (deve ter cansado Luiz Estevão, também).
Para quem não acompanhou o caso, o Tribunal Regional Eleitoral do DF cassou o mandato de Arruda na semana passada, alegando infidelidade partidária, por ter saído do DEM (de onde seria expulso, etc).
Se Arruda recorresse ao Tribunal Superior Eleitoral quase certamente derrubaria essa decisão malandra. Mas ele divulgou uma carta melosa, dizendo que aceitava a perda de mandato. E deixa de ser governador, finalmente, pra sempre, pra nunca mais – esperamos.
Todos se perguntam: por que Arruda fez isso?
A primeira resposta: tentando evitar a intervenção federal no DF.
Se vier a intervenção, pode ser nomeado um xerife carcará (pega, mata e come), para revirar todos os trambiques feitos em três anos (e até em anos anteriores), complicando a vida de Arruda, Paulo Octávio e muitos outros.
Arruda prefere que o governador interino Wilson Lima fique no cargo. Mas, se isso não der certo, ele se conforma com a eleição indireta de um governador-tampão na Câmara Legislativa, o que pode ocorrer até o fim de abril.
Hoje me disseram que o nome mais forte é o do ex-secretário de Transportes, coronel da PM Alberto Fraga, deputado federal pelo DEM, homem de tanta confiança de Arruda que foi o único a visitá-lo diversas vezes. Isto é: Fraga poderá ser o governador dos sonhos de Arruda, até mesmo porque costuma ganhar no grito as suas disputas.
O governador ainda preso pensa que engana a Procuradoria Geral da República, o Ministério da Justiça, o Supremo Tribunal Federal, a Corregedoria Geral, o Congresso Nacional e a imprensa livre. E, se enganar todo mundo, pensa que conseguirá evitar a intervenção federal.
O processo de eleição indireta na Câmara, amarrado com a exigência de filiação partidária, é uma provocação, quase um pedido de intervenção federal, até mesmo porque, pelo que se sabe, os deputados proibidos de votar no caso do impeachment, nessa eleição indireta estarão atuantes, espertos, vivos e vivaldinos.
Ninguém acredite que Arruda está depressivo, doente, com diabetes, pressão alta, entupimento de artéria, brotoeja, xulé e caspa. Ele está atuante, medindo cada decisão e dando olé nos advogados.
De quebra, estará forçando a barra para ser solto. Se conseguir eleger Alberto Fraga, mais do que nunca estará no poder. Vocês verão.
Mas creio que a intervenção está ainda mais perto – quase ali.