Instituto Exata mostra que oito em cada dez moradores da capital gostaria que o governo interino consiga obter sucesso
Francisco Dutra
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Depois de uma largada turbulenta, o governo interino de Michel Temer começa a emitir sinais de melhora na economia e aceitação popular. Segundo pesquisa do Instituto Exata de Opinião Pública (Exata OP), oito em cada dez moradores do Distrito Federal estão na torcida para o sucesso da gestão Temer. É um indicativo da retomada da credibilidade do Governo Federal, fator visto como essencial para retorno dos investimentos da iniciativa privada e o reaquecimento da economia.
Concluída agora, a pesquisa escutou 625 pessoas sobre as primeiras semanas da administração interina. Deste total, mais de 80% dos entrevistados fazem votos pelo êxito de Temer à frente do Palácio do Planalto. “É quase uma unanimidade. Este é um número significativo para que o governo dê certo”, afirmou o diretor do instituto, Marcus Caldas. O principal ativo da gestão é a equipe econômica, conduzida pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Segundo Caldas, as decisões econômicas têm sido acertados e com isso Temer está apresentando sinais de que poderá equalizar a economia, que atualmente está em frangalhos. “Já vimos uma ligeira queda na inflação. Em junho ela fechou em 0,4%, quando a expectativa era de 0,8%. Vamos ver se no próximo mês essa tendência se confirma. Se isso acontecer, no final do ano, ao invés de termos uma inflação de 11% poderemos ter 8% ou 7%”, argumentou. A recente renegociação das dívidas dos estados também foi passo “acertado” do governo-tampão.
Para 50% vai melhorar
A pesquisa também perguntou se os entrevistados acreditam que o País vai melhorar, piorar ou ficar na mesma situação sob a direção de Temer. Em números aproximados, 50% das pessoas afirmaram que o cenário nacional vai melhorar. Já 30% disseram que nada mudará. Entre os depoimentos, 20% acreditam que o Brasil vai ladeira a baixo. Conforme a leitura de Caldas, este quadro mostra um grau de otimismo consolidado para médio prazo.
BAIXOS E ALTOS
1. O começo tempestuoso da gestão Temer ocorreu por dois fatores. O primeiro foi a composição inicial de um ministério sem atenção à diversidade, especialmente pela ausência de mulheres e de negros. O segundo foi a presença de nomes investigados pela Operação Lava Jato. Três ministros deixaram o governo. Estes tropeços afetaram a imagem da administração interina. Se não surgirem fatos novos, a tendência é de melhora.
2. Caso o afastamento de Dilma se consolide, José Matias-Pereira considera que o governo Temer deve focar esforços na melhora das condições da governança e na continuidade da retomada da credibilidade do Estado e a reconstrução da economia. Segundo o especialista, caso tenha musculatura, Temer deve ir além e enfrentar as grandes reformas: da Administração Pública, Política, Previdenciária e Tributária.
Confiança se torna essencial
“A economia não funciona só com números concretos. Ela também opera sob o ponto de vista psicológico. Pelo desejo, pela confiança, os empresários investem. Pelo mesmo desejo, pela mesma confiança, as famílias consomem”, contou o professor de Administração Pública e Finanças Públicas da Universidade de Brasília (UnB) José Matias-Pereira.
Na análise do especialista, a gestão da presidente afastada Dilma Rousseff perdeu a capacidade de gerar confiança. Por outro lado, o governo interino de Temer está conseguindo sinais positivos, justamente, porque está recuperando a credibilidade do Executivo.
“Um governo sem credibilidade não tem mais o que fazer. Se Dilma tivesse um perfil de estadista, já teria se afastado definitivamente”, comentou. No entanto, Matias-Pereira é realista e considera que o Brasil ainda tem um longo caminho até a estabilidade.
Fonte: Jornal de Brasília