Outro diálogo, digno de repulsa é o travado entre Vinício e Salomão, no qual fica patente que a aprovação da Lei Complementar número 492 envolvia alguma forma de favorecimento financeiro espúrio, notadamente quando Salomão preocupa-se em saber quem “pagaria a Câmara”. O referido pagamento para a “Câmara”, evidentemente em razão da aprovação da lei, seria o equivalente a “trinta e duas chácaras”:
Vinício – É, porque o Márcio falou aqui (cedo aqui:) “Quem vai pagar a Câmara?” Aí eu falei: “Ah, num sei.”
Salomão – Câmara? Acabou! Num existe mais, não. [Risos]
Vinício – A Câmara acabou!
Salomão – Então faz… então é o seguinte, a gente põe: se prevalecer a Câmara eu fico com menos. (…) Se a lei… nós tamo partindo do pressuposto de uma lei revogada.
(…)
Vinício – É. Quanto é que foi que saiu pra Câmara e quanto é que saiu lá pro… você lembra?
Salomão – Pra Câmara foi trinta e duas chácara.
(…)
Salomão – Ó, o que for de direito, a gente tem que fazer. Por exemplo, o negócio de (Câmara) era pra registrar, num registrou e eu consenti. O registro foi substituído pela lei, se a lei caiu ainda continuamo na metade e eu ainda sendo bom demais!
(Hyperlink 12, fls. 1606/1607)
O acusado Pedro Passos procurava inibir a fiscalização sobre a área que estava sendo parcelada irregularmente. Os diálogos indicam que tinham conhecimento prévio acerca da realização de operações para que pudessem empreender gestões necessárias para tornar ineficaz a iniciativa da Administração:
Salomão – O povo da administração ligou que amanhã tem uma operação nove hora pra derrubar a cerca da “27”, “29”. Aí eu (…) derruba nada! Lá… eu falei com eles: “Eu tenho liminar! O meu cê num toca, não, que meto é vocês na cadeia!” Aí eu falei com Márcio, Márcio disse que já tá correndo atrás disso. Cê sabia disso?
Vinício – Sei. Estamos acabando de abortar a operação agora.
(…)
Vinício – É, o Márcio falou: “Vinício, se não tiver jeito, eu vou lá e rebento o muro do Roriz! Entendeu? Rebe… eu vou lá o muro dele, eu vou preso, tá certo? Mas vou dizer porque que eu vou ser preso!”