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    Hospital Regional de Santa Maria incentiva a amamentação beira leito

    A prática consiste em ordenhar o leite materno ao lado do bebê que ainda se alimenta por sonda
    Jurana Lopes
    A pequena Helena pesava apenas 560 gramas quando nasceu, em 5 de outubro de 2023, no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM). Prematura extrema, hoje, ela já consegue mamar e está no processo de ganho de peso e retirada da sonda de alimentação para poder, enfim, receber alta e conhecer sua casa.
    Apesar de ter tido várias intercorrências, o leite materno de sua mãe foi crucial para seu desenvolvimento. Desde quando a garotinha estava na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), sua mãe, Fabíola dos Reis, de 36 anos, fazia a ordenha na beira do leito para que Helena pudesse receber sempre o leite da própria mãe, tirado na hora que ela fosse se alimentar.
    “Acho que nada substitui o nosso leite, porque ele tem tudo que o bebê precisa. Há cerca de quinze dias ela começou a mamar diretamente no meu peito e não tem sensação melhor. Acredito que muito em breve ela não precisará mais da sonda e vamos receber alta médica”, afirma emocionada. Helena nasceu com apenas 25 semanas de gestação e está internada há mais de três meses.
    Mãe Nutriz
    A amamentação é extremamente importante para o desenvolvimento dos recém-nascidos, principalmente os prematuros. Prezando por um acolhimento respeitoso e humanizado, o HRSM possui duas enfermarias Mãe Nutriz, sendo uma na UTIN e outra na Unidade de Cuidados Intermediários Neonatais (UCIN), com dez leitos cada, totalizando 20 leitos.
    O local é destinado para que as mães dos bebês internados na UTIN e na UCIN fiquem em período integral e consigam descansar com mais privacidade e menos barulho como monitores e cuidados da assistência. Além disso, os pais têm livre acesso à unidade 24h e ambos podem fazer o contato pele a pele com o bebê através do método Canguru.
    Benefícios
    A chefe da UCIN, Rosane Medeiros, destaca que a enfermaria Mãe Nutriz é essencial e acaba contribuindo para que as mães façam a amamentação beira leito, que é ordenhar o leite ao lado do filho e já entregar para a enfermeira colocar na sonda imediatamente, ainda quente.
    “O ideal é que o bebê receba o leite da própria mãe, pois ele tem todos os anticorpos que ele precisa e previne infecções, continua totalmente puro quando tirado beira leito. Por isso, incentivamos todas as mães a fazerem essa ordenha enquanto seu filho ainda não consegue mamar”, explica.
    Quando vão amamentar, as mães utilizam a poltrona beira leito e ficam olhando para seu bebê enquanto fazem a ordenha, o que ajuda a descida do leite com essa aproximação. “Dessa forma há menos risco de contaminação do leite e sem necessidade de pasteurização no Banco de Leite Humano”.
    Quem defende a amamentação beira leito é Érica Ribeiro, 24 anos. Ela sempre ordenhou o leite ao lado da filha, a pequena Maria Grasielly, que nasceu em 9 de setembro, com apenas 875 gramas. Ao longo dos quatro meses internada acompanhando o desenvolvimento dela, conta que sabe que isso faz a diferença no crescimento e progresso da filha.
    “Passei muito tempo tendo que ordenhar o leite pra ela. Apesar de cansativo, vale muito à pena, porque sei que no meu leite estão todas as vitaminas que ela precisa. Sei que ela se desenvolve melhor e também aumenta a minha produção. Além disso, a minha presença sempre perto também faz bem”, relata.
    Hoje, a prematura extrema, que chegou a ter uma parada cardiorrespiratória e várias intercorrências, está saudável, pesando 2.615 kg e está em observação da função pulmonar para receber alta e enfim, ir para casa. Depois de tanto tempo internada, esse é o maior desejo de Érica.
    Sobre seu atendimento, ela só faz elogios ao atendimento humanizado recebido. “Fui muito bem tratada aqui dentro, bem acolhida por todo mundo. A equipe é excelente, sempre me deram apoio em tudo, recebi apoio psicológico. Vejo que sempre cuidaram da minha filha com muito cuidado e carinho e fico feliz por isso”, avalia.
    Equipe multidisciplinar
    Prestar assistência às mães durante a amamentação é de fundamental importância. Sabendo disso, o HRSM investe em atenção especializada, dispondo de uma equipe multiprofissional composta por pediatras, fonoaudiólogos, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, enfermeiros e técnicos capacitados para assistir mães e bebês.
    Marcília Silva, 31 anos, é mãe do Eduardo, nascido em 16 de dezembro. O garotinho nasceu com mais de 4kg e bem, porém precisou ficar na UCIN porque tem um problema na língua que necessita de avaliação de pediatra, fonoaudiólogo e dentista. Por conta disso, o bebê usa sonda para se alimentar.
    “Tenho pouco leite, mas faço a ordenha beira leito e as enfermeiras dão o leite logo em seguida para ele. Estou aguardando avaliação pra ver se ele vai conseguir mamar ou não no peito para depois irmos para casa”, relata.
    Especialistas defendem o que o aleitamento beira leito pode melhorar muito a relação entre a mãe e o recém-nascido e aumentar a produção de leite, pois quando a mãe está ao lado vendo seu bebê bem, isso faz com que ela libere ocitocina, o que facilita a saída do leite.
    Fotos: Jurana Lopes/IgesDF

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