A Polícia Civil do Distrito Federal e a Corregedoria da Polícia Civil de Goiás abriram inquérito para investigar a denúncia de que policiais civis de Goiás teriam instalado grampos em gabinetes de deputados distritais que fazem oposição ao governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido). A suspeita é que os policiais agiam a mando de pessoas ligadas ao governador, que é acusado de participar de um esquema de arrecadação e pagamento de propina e de tentar subornar uma das testemunhas do caso. A espionagem teria ocorrido pelo menos nos gabinetes das deputadas Érika Kokay (PT) e Jaqueline Roriz (PMN). O diretor da Polícia Civil, Pedro Cardoso, que assumiu o cargo ontem, disse que houve orientação do GDF (Governo do Distrito Federal) para esclarecer os fatos. “Abrimos um procedimento investigatório para saber o que aconteceu. Nós temos um inquérito na Divisão Especial de Combate ao Crime Organizado (Deco) por envolver policiais de outra unidade da federação. Com determinação do governador para apurar com todo rigor e rapidamente explicar para a sociedade o que aconteceu. Espero apresentar informações o mais rápido possível”, afirmou. Kokay disse que teve informações de que os policiais trabalham na divisão de narcotráfico e agiam a mando de Fábio Simão, ex-chefe de gabinete de Arruda e um dos alvos da operação que investiga o esquema de corrupção. Segundo a deputada, parlamentares receberam “avisos” de que o governador preparava denúncias contra oposicionistas. “O maior interessado em desqualificar e arrumar denúncias contra os parlamentares é governador. Nós fomos avisados de que denúncias poderiam surgir e até mesmo serem inventadas”, disse a deputada distrital. Na quarta-feira, dois policiais e um servidor da Câmara Legislativa foram presos por suspeita de tentarem monitorar os gabinetes com escutas e levados para a Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco), mas acabaram liberados após prestarem depoimento. Detenção Após passar cinco dias evitando o assunto, a Polícia Civil de Brasília confirmou ontem a detenção de dois policiais de Goiás suspeitos de fazer escuta ilegal em gabinetes de deputados de oposição a Arruda. Os policiais Luiz Henrique Ferreira e José Henrique Daris Cordeiro, lotados na Delegacia de Narcóticos da Polícia Civil de Goiás, estariam a serviço de auxiliares de Arruda. Eles foram detidos na quarta. O delegado responsável pela prisão, Guilherme Junqueira (da Delegacia de Combate ao Crime Organizado), que no sábado negara a prisão dos agentes goianos, ontem admitiu o episódio. Ele disse que, “por ordens superiores”, não poderia dar as informações. Junqueira só confirmou a suspeita de grampo após se certificar de que o novo chefe da Polícia Civil, Pedro Cardoso, havia confirmado a abertura do inquérito. (AE) |