Segundo informações encaminhadas à CPI da Covid, o dono da VTCLog, Carlos Alberto de Sá, conhecido como Carlinhos, solicitou ajuda do amigo Flávio Loureiro de Souza, amigo de Arthur Lira e dos senadores Ciro Nogueira e Flávio Bolsonaro. O objetivo seria resolver um impasse dentro do Ministério da Saúde.
Na gestão de Pazzuello, o Ministério não queria atender aos pedidos de reajuste contratual feitos pela empresa, responsável por armazenar e distribuir medicamentos comprados pelo governo, incluindo, mais recentemente, as vacinas contra o coronavírus.
Um informante envolveu a cúpula do Progressistas (PP). Foram nominalmente citados Arthur Lira e Ciro Nogueira, responsáveis diretos por indicações a postos de comando dentro do ministério, além da advogada Andreia Lima, que se apresenta como CEO da empresa e já teve sua convocação aprovada pela CPI na semana passada.
Atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira foi o grande responsável pela indicação do então Coordenador-Geral de Material e Patrimônio do Ministério da Saúde Alexandre Lages Cavalcante, que assinou o contrato recheado de indícios de irregularidades entre a pasta e a VTCLog em julho de 2018. Cavalcante já foi secretário de Gestão em Alagoas, apadrinhado por Lira e por seu pai, o ex-senador Benedito de Lira.
Alexandre Cavalcante deixou o Ministério no início de 2019, após ser nomeado subsecretário de Saúde no governo de Ibaneis Rocha (MDB) no Distrito Federal. Entretanto, foi exonerado cinco meses depois com a repercussão negativa em torno da ação movida contra ele pelo Ministério Público Federal no caso do pagamento de R$19,9 milhões por remédios para tratar doenças raras que nunca foram entregues. A Global é a sócia da Precisa Medicamentos, a empresa intermediária que queria vender a vacina indiana Covaxin.
Pazuello efetivamente não queria atender as demandas da VTCLOG. Posteriormente, o dono apelou para o amigo Flávio de Souza, muito próximo da cúpula do Progressistas e do senador Flávio Bolsonaro. Mas alguma coisa aconteceu e mesmo contrariando um parecer jurídico contrário, o Ministério da Saúde aprovou uma proposta da VTCLOg 18 vezes mais cara que o valor recomendado por técnicos da pasta.
Segundo a revista Crusoé, o empresário Flávio de Souza, que teria ajudado a destravar o negócio, é dono de uma franquia de depilação e sócio do filho do dono da VTCLog em um hangar em Brasília.
Uma das empresas de Flávio de Souza, mais conhecido por Flavinho, é a Four Banker, aberta em agosto de 2020 e que tem como sócios o advogado Antonio Rueda, vice-presidente do PSL e amigo de Flávio Bolsonaro e o lobista Claudio Melo, ex-diretor da Odebrecht que delatou pagamento de propina a mais de uma dezena de políticas, entre eles, o senador Ciro Nogueira (PP-PI).
À Crusoé, Flavinho admitiu cultivar relação com o senador progressista em nome da manutenção da “amizade com Ciro Nogueira” e de ter perdoado um caso extraconjugal de sua própria mulher com o senador piauiense. Segundo a denúncia que chegou aos ouvidos do deputado Luis Miranda e da própria CPI, o suposto escândalo envolvendo a traição só não foi detonado porque Ciro Nogueira, colocado contra a parede por Flavinho, pressionou Roberto Dias a assinar o aditivo com a VTCLog no momento em que o contrato estava sob risco. No fim, contrato renovado e alegria num ação entre amigos.
Ao ser questionado pela revista, Flavinho negou ter sua a história da traição para favorecer a VTCLog.
Mas a amizade entre Flavinho e Ciro Nogueira chegou também ao Banco de Brasília (BRB). Até pouco tempos atrás, a mulher de Flavinho ocupava o importante cargo de Consultora da Presidência do BRB em Brasília.
Nesta foto de 2016, Ciro Nogueira aparece na Praia de Pipa, no Rio Grande do Norte. Naquele fim de semana, várias personalidades de todo o Brasil aterrissaram por lá para curtir o feriadão da Semana Santa. Na foto acima, o senador Ciro Nogueira e a esposa, a deputada federal Iracema Portela, com Paulo Germano, a empresária e advogada Lorena Furtado, a então deputada federal Cristiane Brasil e o médico André Braga – que fez festão de aniversário neste dia – no show da dupla sertaneja Jorge e Matheus. Ou seja: a amizade entre Ciro Nogueira e Lorena Furtado já existia, o que pode ter facilitado a ida da advogada para o BRB.
Relacao-Sups-Consultores-Diretoria-Presidencia
Paulo Henrique Costa, que sempre atuou com Ciro Nogueira, ocupava o cargo de vice-presidente da CEF e com a vitória do MDB na disputa ao Governo do Distrito Federal, lhe foi entregue o comando do Banco de Brasília.
Imediatamente PH, como gosta de ser chamado o atual presidente do BRB, tão logo tomou posse, criou dezenas de cargos de “consultores” da Presidência e o nome de Lorena Furtado Alves de Souza estava até recentemente na lista (que é pública) de consultores da diretoria do banco.
Flávio de Souza agora deve explicar por quê Ciro Nogueira colocou Lorena no Banco de Brasília.
Troca de favores de Ciro Nogueira a mil no Ministério da Saúde e também no BRB? Que o Ministério Público investigue essas relações aparentemente nada republicanas repletas de tons coloridos.