Promotoria de Justiça Federal cobrou por maior empenho nas investigações em 2018 à Draco-DF; O tempo urge, porque já estamos em 2024
As investigações da Operação Draco II deflagrada em 22 de março de 2013, em andamento, continuam a apurar entre outros crimes lavagem de dinheiro. Isso porque movimentações bancárias atípicas foram detectados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Foram mais de R$ 2.500.000,00 de recursos em forma de contribuições de sindicalizados movimentados sob a lupa do Coaf, irregularmente. O número do processo é 0701176-32.2022.8.07.0001.
Os alvos detectados são parentes e funcionários da presidente interina do Sindicato dos Empregados e Estabelecimentos de Serviços de Saúde em Brasília (SindSaúde-DF), Marli Rodrigues. As movimentações suspeitas ocorreram em 2012.
O Coaf apontou atipicidade na conta no Banco Regional de Brasília (BRB) de Maria Luiza Rodrigues do Vale (filha de Marli Rodrigues) no valor de R$ 495.678,00 somente no mês de março de 2012.
Desse total, R$ 490.000,00 oriundos do SindSaúde-DF. Foram detectados dois saques em dinheiro de R$ 30.000,00 cada. Outro foi de R$ 232.332,42 que foram distribuídos para contas de diversas pessoas. Também foi efetuado um TED para terceiros no valor superior a R$ 187.000,00.
Outro indiciado foi Fábio Luiz de Souza Torres, a qual assim que foi aberta em março de 2012 recebeu créditos de R$ 561.538,00 cuja depositária foi Maria Luiza Rodrigues do Vale. No mês subsequente a conta de Torres recebeu o aporte de R$ 527.500,00 do SindSaúde-DF de “guarda repasse bloqueio judicial”.
Já a conta bancária de Hemerson Varlly Soares de Farias, a exemplo do que aconteceu com os anteriores, recebeu em janeiro de 2012 R$ 495.000.00 provenientes do SindSaúde-DF, ocorrendo em seguida a pulverização para diversas contas.
“A suspeita é que as contas dessas pessoas estariam sendo utilizadas impropriamente pelo Sindicato”, acentua despacho
Vale destacar que além da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco-DF) também os indiciados são investigados pela Polícia Federal, Ministério Público Federal (MPF), por lavagem de dinheiro entre outros crimes.
O MPF chegou a cobrar celeridade no trâmite do processo no âmbito da Draco-DF. A promotora de Justiça, Vera Lúcia Abadia Gomes, no IPnº: 390/2018 devolveu os autos para a Draco, para que diligências fossem concluídas, inclusive as oitivas de Marli Rodrigues, Maria Luiza Rodrigues, Fábio Luiz, Luiz Ribeiro e Hermeson Varlly. Ela cita inclusive o tempo que transcorrem as investigações. “E que sejam enviados esforços para conclusão das investigações nesse prazo, pois já duram mais de 07 (sete) anos.
R$ 14 milhões em precatórios desviados
Outra investigação em curso envolvendo Marli Rodrigues é o desvio de cerca de R$ 14.000.000,00 referentes aos precatórios de aproximadamente sete mil sindicalizados. O objetivo da denúncia vários sindicalizados foi trazer à luz o destino desse montante, não esclarecido pela presidente interina do SindSaúde-DF.
Os precatórios alimentação foram vendidos por Marli Rodrigue à CIAToy Brinquedos. No entanto, várias pessoas procuraram saber onde foi parar o dinheiro dos precatórios, em sua maioria os reais proprietários dos documentos. Os sindicalizados quando chegavam para se informar no SindSaúde-DF saíam frustrados. A informação passada por funcionários do sindicato era de que os precatórios estavam “prescritos”.
O valor individual apontado pela perícia da Justiça estava em R$ 98.000,00, cada precatório, à época. Apesar disso, a Marli Rodrigues ofereceu R$ 6.500,00. No caso da CiaToy são 2.408 pessoas que ficaram a ver navios.
A sociedade e, claro, os sindicalizados aguardam avidamente o desfecho dessas pendências na Justiça, o mais rápido possível. Procurada, Marli Rodrigues não foi encontrada no SindSaúde-DF.
Foto: Rosinei Coutinho/STF