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    Evento preparatório de CRIOLA convoca para Marcha das Mulheres Negras em Brasília

     

    Em debate, Lúcia Xavier, Cida Bento e Maria do Carmo Rebouças reforçam urgência da mobilização para futuros sem racismo

     

    Rio de Janeiro – “A Marcha tem a tarefa de não deixar ninguém para trás. Ela pensa em mulheres em todas as situações e é uma estratégia para nos alçar ao debate em uma sociedade que nos quer ver mortas”, alerta Lúcia Xavier, coordenadora geral da ONG CRIOLA, que organizou e mediou um debate na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Compondo a mesa, a escritora Cida Bento e a professora de Direito Maria do Carmo Rebouças.

     

    A discussão atraiu, em sua maioria, mulheres negras e visava discutir estratégias para a construção de futuros sem racismo. Assim, convocou e afirmou a importância da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, que acontecerá pela segunda vez em Brasília, em 25 de novembro. A partir das provocações de Lúcia Xavier e da plateia, debateu-se também a necessidade de diálogo com mulheres negras de outros vieses sociais, políticos e culturais para gerar alianças contra o racismo, desdobramentos pós-marcha e a necessidade da existência de pessoas negras em ambiente de pesquisa acadêmica:

     

    “A Universidade é um aparelho racista colonial. Ela não nos quer lá. Mas precisamos de pessoas negras na pós-graduação e pesquisa, para podermos ser parte da discussão e implementação de projetos”, lembrou Maria do Carmo.

     

    O encontro faz parte de uma série de eventos preparatórios para a Marcha. O próximo, chamado “Festival Mulheres Negras – por Reparação e Bem Viver” , acontecerá em 23 de agosto, no Rio de Janeiro. A ideia, além de seguir a convocação para o alcance de um milhão na marcha, é fortalecer laços e entender as reais necessidades da mulher negra carioca e fluminense.

     

    A luta, como afirmado pelas componentes da mesa, é em prol de todas as mulheres negras, mesmo as impossibilitadas de comparecer por quaisquer razões. E Cida Bento vai mais longe, ao declarar que o movimento negro não pensa só em si e ensina também comportamentos necessários para a convivência em sociedade: “Não estamos fazendo só pelos negros, estamos civilizando o país”.

    2ª Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver: 1 milhão rumo à Brasília

     

    Em novembro deste ano, a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver retornará às ruas de Brasília com a força de quem transforma o país desde as bases. Com o objetivo de reunir 1 milhão de mulheres negras de todo o Brasil, a mobilização reafirma seu compromisso com a luta contra o racismo patriarcal cisheteronormativo, o sexismo e todas as formas de violência que marcam a vida das mulheres negras, quilombolas, indígenas, periféricas, lésbicas, bissexuais e trans.

     

    Articulada por diversas organizações dos movimentos de mulheres negras, como a CRIOLA, a marcha é expressão de uma resistência histórica e coletiva que exige reparação pelos séculos de escravidão e exclusão, e propõe um novo projeto de sociedade fundamentado no Bem Viver — uma filosofia ancestral que valoriza a justiça social, a coletividade, a relação harmônica com a natureza e o respeito à diversidade.

     

    Desde sua realização histórica em 2015, que reuniu mais de 100 mil mulheres na capital do país, a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver se consolidou como um marco da luta antirracista e feminista no Brasil. Hoje, é muito mais que um ato: é uma plataforma viva de mobilização, formação e incidência política, construída a partir dos territórios e das experiências das mulheres negras em todas as regiões do país.

     

    Sobre CRIOLA

    CRIOLA é uma organização da sociedade civil fundada em 1992 e conduzida por mulheres negras. Atua na defesa e promoção de direitos das mulheres negras em uma perspectiva integrada e transversal, tendo por missão trabalhar para a erradicação do racismo patriarcal cisheteronormativo, contribuindo com a instrumentalização de meninas e mulheres negras, cis e trans, para a garantia dos direitos, da democracia, da justiça e pelo Bem Viver.

     

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