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    EURIDES BRITO, ÚNICA DISTRITAL QUE TINHA A CASSAÇÃO CONSIDERADA CERTA, PODE SER POUPADA. AS NEGOCIAÇÕES ESTÃO EM CURSO

    Eurides Brito (PMDB) foi a única distrital que estrelou um dos vídeos produzidos por Durval Barbosa e teve a coragem de enfrentar o processo de quebra de decoro parlamentar. Diante do risco de cassação e perda de direitos políticos, Júnior Brunelli (PSC) e Leonardo Prudente (sem partido) decidiram se antecipar e pediram para sair. Eurides talvez tenha feito um bom negócio em ficar. Não que o caso da deputada seja mais simples de explicar. Ela aparece recebendo dinheiro de origem suspeita do ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa e guarda os maços na bolsa. É que pode ter começado na Câmara Legislativa uma operação para tentar salvar o mandato da deputada.

    Uma das investidas para supostamente proteger a deputada de uma cassação antes considerada certa ocorreu durante uma reunião da Comissão de Ética da Câmara na manhã de ontem. Foi protagonizada por Aguinaldo de Jesus (PRB), que preside o órgão. O distrital demonstrou sintonia com a defesa da colega parlamentar ao sugerir, por exemplo, uma diligência da comissão ao gabinete onde trabalhava Durval Barbosa, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Segundo a tese trabalhada pelos advogados de Eurides, a inspeção mostrará que o dinheiro não foi entregue recentemente, mas teria sido pago em 2006, portanto em período anterior ao governo José Roberto Arruda (sem partido).

    Aguinaldo também demonstrou interesse em reduzir à metade o número de testemunhas apresentadas pela defesa à Comissão de Ética. Até aí o prejuízo seria só da deputada, pois foi ela quem sugeriu os depoimentos. Mas em vez de diminuir, a relatora do caso, deputada Érika Kokay (PT), aumentou para 13 o número de pessoas que devem ser ouvidas e não está disposta a reduzir os indicados. As duas providências estavam descritas em um documento preparado pela assessoria de Aguinaldo. O papel chegou a ser lido por Érika, mas não foi protocolado — talvez em função da reação muito negativa da petista.

    O presidente da Comissão de Ética chegou a falar sobre afastamento de Érika da relatoria, alertando para o estado de saúde da deputada petista, que no início de abril teve um enfarto. Mas ela voltou a trabalhar há quase duas semanas e está em dia com os prazos sobre o caso de Eurides. Desconfiada das intenções do colega, a distrital petista expôs publicamente que, ao propor a redução de oitivas e a realização de diligências, Aguinaldo estaria descumprindo o Código de Ética, que designa ao responsável pela relatoria as providências antecipadas pelo presidente da Comissão. “Ele não tem autoridade e função de estabelecer oitivas e diligências, se fizer isso, vamos esmagar o regimento. Tenho certeza de que ocorreu um início de movimento para me tirar do processo de Eurides”, considera a deputada do PT.

    Recompensa
    À suspeita de Érika somam-se as articulações feitas nos bastidores da Câmara para livrar Eurides de uma punição política. Esse movimento teria nascido com as negociações em torno da eleição indireta. Seria uma espécie de recompensa por Eurides Brito ter votado em Rogério Rosso (PMDB). Na presidência da Comissão de Ética, Aguinaldo de Jesus estaria destacado para ajudar nessa empreitada. Ele chegou a lançar candidatura própria para o mandato-tampão, mas na última hora desistiu em prol da candidatura de Rosso.

    Na contramão da operação abafa, Érika Kokay sugeriu ouvir sete pessoas que podem ajudar a montar o relatório sobre o suposto envolvimento de Eurides no esquema de corrupção detalhado no Inquérito nº 650 do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Entre as testemunhas a serem chamadas está Durval Barbosa, o autor das denúncias ao Ministério Público e à Polícia Federal. A ex-secretária de Educação Vandercy Camargos e o coordenador das campanhas de Joaquim Roriz, Vatanábio Brandão, também serão convidados a depor.

    Além disso, a relatora pede para ter acesso ao laudo de busca e apreensão na casa de Eurides. Na época, foi encontrado um documento que atestava a mudança contratual da escola preparatória Grancursos. Quarenta por cento das ações da instituição estavam em nome de Alcidino Vieira, que é pai de um assessor de Eurides Brito. Antes de se tornar empresário, Alcidino era motorista do Instituto Candango de Solidariedade (ICS).

    O deputado Aguinaldo disse ao Correio que a interpretação de Érika é equivocada. Ele afirma que teve a “delicadeza” de telefonar para a colega durante a convalescência da distrital porque “os prazos da comissão não poderiam aguardar pelos atestados médicos autorizando a deputada a retornar aos trabalhos”. Aguinaldo afirma ainda que não participa de nenhum movimento para salvar Eurides. “Ela tem o direito de se defender no processo e é isso que estamos garantindo. Mas Eurides não será protegida, terá antes de nos convencer sobre sua inocência”, garantiu o presidente da Comissão de Ética.

    Informações do Correio Braziliense

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    Deve ler

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