Deu em O Globo
Fundos ajudaram governo no mensalão
Ex-gerente da Previ diz que força-tarefa das estatais e fundações municiou governistas na CPMI dos Correios
Chico Otavio
O advogado Gerardo Xavier Santiago, ex-gerente executivo da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), disse ontem que, na crise do mensalão, integrou uma força-tarefa montada a pedido do governo federal, com representantes de estatais e fundações de previdência, para elaborar um relatório alternativo à CPMI dos Correios e colher dados contra adversários.
Faziam parte da força-tarefa, segundo Santiago, técnicos do Banco do Brasil, Petrobras e Caixa Econômica Federal, bem como de seus respectivos fundos de pensão, Previ, Petros e Funcef.
O grupo se reuniu no dia 2 de abril de 2006, véspera da semana de votação do relatório final da CPMI dos Correios, de autoria do deputado peemedebista Osmar Serraglio (PR), para produzir um texto alternativo.
Segundo Santiago, os dados não chegaram a ser utilizados.
— Eu era um deles. Tenho como provar que estive no dia 2 de abril, um domingo, no Senado, com outros técnicos, para ajudar no relatório alternativo. É só consultar o registro de acessos da Casa — disse.
Em entrevista concedida há dois anos à revista “Veja”, que a divulgou na última edição, o ex-gerente da Previ, que aposentou-se recentemente, aos 50 anos, contou que o fundo funciona como “fábrica de dossiês” contra a oposição do governo Lula.
Na lista dos oposicionistas que teriam sido investigados, ele citou o senador Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA), já morto, o então governador José Serra (PSDB) e Jorge Bornhausen, na época presidente do DEM.