Entrevista Rôney Nemer
“Confio na Justiça de Deus”
Edson Sombra
sombra@odistrital.com.br
Deputado distrital por dois mandatos, o arquiteto Rôney Nemer (PMDB) ingressou na política graças ao empurrãozinho de Joaquim Roriz (PSC), que o aproximou do deputado Tadeu Filippelli (PMDB), então secretário de Obras do governo. Após conquistar a cadeira na Câmara, Nemer vive hoje um dos momentos mais difíceis de sua carreira: além de ter sido citado na Caixa de Pandora, e de ter sido questionado sobre um contrato de aluguel que mantinha com a CEB, o peemebista prevê a confusão na cabeça do eleitor com a aproximação de seu partido com o PT, repetindo no DF a aliança nacional. “Mas eu tenho a opção de não querer ir”, ameaça.
Como foi a sua aproximação com o ex-governador Arruda?
Rôney Nemer – Quando o Arruda ganhou, ele começou a me chamar para conversar. E olha que eu tinha apoiado a Abadia ao governo ‘de cabo a rabo’. Aliás, fui um dos únicos do PMDB. Não existe traição comigo. Só depois que o Arruda começou o governo que, aos poucos, ele foi trabalhando e eu percebi que estavam sendo feitas muitas coisas legais, boas para a população. E ele resolveu abrir espaço para mim, na administração do Recanto. Achei legal e começamos a ser mais próximos. Mas não a ponto de eu ser considerado o “queridinho do Arruda”, como muitos falam que eu era. Integrei a base governista somente depois de ter visto que o governo estava dentro do que eu esperava para Brasília.
Em nenhum momento o Arruda ofereceu esse espaço em troca de algo na Câmara Legislativa?
Nunca. Pelo contrário. Logo depois disso ele mandou um projeto para lá que prejudicava os servidores numa questão sobre licença-prêmio. Eu não aprovei a proposta dele e o projeto foi arquivado. Várias vezes eu votei contra ele e até me recusei a dar parecer de algo que eu não concordava.
O senhor tem um patrimônio grande?
Como arquiteto urbanista, eu sei qual é o vetor de crescimento que vai valorizar nas cidades. Eu inclusive dou consultorias para empresas. Tudo o que eu tenho de lote eu comprei nas licitações da Terracap. Por exemplo, o lote onde construí a minha casa eu paguei R$ 17 mil e hoje ele vale uma grana. Outro lote que eu comprei foi no Setor Hospitalar por R$ 29 mil. Quando eu precisei, vendi por R$ 350 mil para ajudar a pagar o advogado (que cuida do caso da Caixa de Pandora). E pago os impostos, está tudo declarado. Muitas pessoas me criticam e falam: você não pode botar tudo no seu nome. Só que eu não penso dessa forma. Se eu tenho como explicar legalmente de onde veio o dinheiro, que veio do meu salário, por que eu vou mentir? E às vezes eu pago por isso.
É difícil administrar tudo isso?
Graças a Deus, eu faço tudo de forma transparente. Faço tudo e boto no imposto de renda, porque tudo é fruto do meu trabalho. Sou solteiro, ganho bem, não tenho gasto. Tenho um filho adotivo, mas não depende de mim. A mãe dele ganha mais que eu. Eu sou uma pessoa que não tenho gastos muitos grandes. Se você me vir num restaurante chique comendo, é porque tem alguém pagando a conta. Não sou eu que estou pagando. Geralmente eu como no restaurante comunitário, que é R$ 1, ou como no do Buriti, que é R$ 9,00 o kg, ou no restaurante da Embrapa, que é R$ 8,50 o quilo da comida.
Mas isso é uma opção do senhor?
Eu sou assim. Eu não tenho esse glamour. Não sou uma pessoa ligada a dinheiro, não sou vaidoso. É só você conhecer o lugar onde eu moro. Alguns amigos me dizem: “credo, Rôney. Sai desse muquifo”. Mas, para mim, está bom. A minha vida é simples. E depois que eu fui eleito deputado, eu não mudei. Muita gente que é eleita muda o comportamento, começa a frequentar coisas chiques… Não estou criticando, mas para mim, não funciona. Eu não sei me comportar nesses lugares, então eu prefiro não ir. Não é da minha formação. Eu me sinto melhor ao lado de pessoas mais simples. Quando eu vou ao restaurante comunitário, além de comer uma comida barata e gostosa, que eu gosto mesmo, eu ainda faço a minha política.
O senhor vai mais pela comida ser gostosa, pelo preço ou pela política?
Mais pela comida ser gostosa. E ser barato também. Eu sou mineiro, né? Sou meio seguro. Eu tenho duas opções. Eu ganho bem. Se eu não investir, eu acabo gastando em porcaria. Eu sou turco, meu pai se chama Abdala, eu adoro ler classificado. Quando eu cheguei em Brasília, fui gritador de uma feira. Cheguei a ter 32 linhas de telefone. Cheguei em Brasília e comprei um telefone. Depois comprei mais um. Ai fui alugando todos e comprando mais. Um belo dia, durante o governo do PT, em 1994, eu estava trabalhando e, por telefone, um corretor me perguntou: por quanto você vende suas ações da Telebrasília? Então eu respondi: eu não tenho ações da Telebrasília. E ele insistiu: o senhor não tem telefone no seu nome? Eu disse que sim. Ai ele falou: pois é, o senhor tem R$ 78 mil em ações. Eu quase caí duro pra trás. Foi assim que eu comprei a casa onde os meus pais moram.
O senhor saberia estimar quantas obras foram feitas durante a sua gestão na Secretaria?
Não saberia, não. Sei que foram muitas, mas nunca tantas igual foi feito no governo Arruda.
Então o “governador das obras”, na verdade, é o Arruda e não o Roriz, como é conhecido?
Eu acho que o governador Roriz fez mais porque esteve muito mais tempo no governo. O Roriz fez obras importantes para a população, ele deu cidadania para as pessoas. Quando você dá um lote, dá um endereço para uma pessoa, você resgata a cidadania dela. O Arruda não teve a oportunidade de fazer isso. O Arruda melhorou a qualidade de vida das pessoas com suas obras. Ele melhorou o sistema viário, ele facilitou a infraestrutura que o governador Roriz não conseguiu fazer.
Quando foi o momento que marcou sua vida pública?
Fui secretário de Obras e, na época, o governador Roriz ficou conhecido pelas grandes obras. Mas eu defendia também as pequenas obras, aquelas que podem não ter tanta importância para o governo, mas que faz toda a diferença para a comunidade que precisa delas. Construir uma calçada onde não tem, colocar uma boca-de-lobo, dar dignidade às famílias… É muito humilhante ver uma pessoa sair de casa e amarrar um saco nos sapatos para não sujar a roupa de lama porque na rua dela não tem asfalto. Eu sempre dei importância a isso: pequenas obras, mas grandes na importância. Cheguei em Brasília com 17 anos com um sonho de ser arquiteto, mas era gritador de feira. Ralava muito. Meu sonho era sair do interior. Sempre quis vir para Brasília. Eu amo esta cidade e aos poucos tenho conseguido escrever meu nome na história dela.
E como foi acordar e ver o seu nome estampado nos jornais por causa da operação Caixa de Pandora?
Eu me senti injustiçado. Estou sendo injustiçado. Sempre trabalhei preservando o patrimônio público. Quem me conhece sabe que eu reclamo quando alguém joga um clipes fora. Sempre fui assim, de usar o verso do papel para otimizar os recursos públicos. Fui secretário de Obras e bilhões passaram pelas minhas mãos. Nunca fiz nada errado, não tive um processo contra mim. E aí de repente eu vejo uma ilação e o meu nome sendo falado numa conversa que me jogou para a Caixa de Pandora. Eu fiquei muito mal. Perdi 16 quilos, tive problema familiar grande, como o da minha mãe,que foi parar na UTI. Ela é o bem que eu mais prezo na minha vida. Fiquei muito deprimido porque meu nome vale muito mais que qualquer lote que eu tenha, do que qualquer cargo que eu ocupe. Eu estou deputado, eu não sou deputado. Sou servidor público e fiz concurso para servir a população.
Se o senhor não fez nada, por que seu nome foi citado?
Eu não saberia dizer. Na gravação, o Maciel (José Geraldo, ex-chefe da Casa Civil) fala de uma forma confusa. Se não me falha a memória, ele fala assim: “O Nemer lá pega 11 e meio”. Agora eu pergunto: lá aonde? Com quem? Não há mais nada. Então eu não sei a que ele estava se referindo.
Você nunca pegou dinheiro com o Durval?
O doutor Durval sempre me ajudou muito, em muitas coisas. Tenho muito respeito por ele. Sou muito grato pelo tanto de emprego que ele conseguiu para mim. Mas financeiramente, ele sabe, nunca recebi nenhuma ajuda. Nunca peguei um real dele.
Então o seu nome foi usado…
Nem vou mencionar isso. Assim como eu não quero que me julguem, não vou julgar ninguém. Não quero ser leviano. Mas garanto uma coisa: nunca vendi voto meu na Câmara. Sempre votei por convicção e quem me conhece sabe disso. Eu posso te dizer: eu tenho vários defeitos. Mas político ladrão eu posso garantir que não sou e nunca fui. A mágoa que tenho é essa.
Já pensou em desistir?
Olha, todo mundo tem família, que é a vida da gente. Isso mexe com tudo. Esse episódio me entristeceu muito, a ponto de pensar em largar a vida pública. Eu via que eu não tinha direito de resposta. Só o dia que sair o resultado e perceberem que eu não tenho nada a ver com isso é que vou ter paz. E olha que sabe lá quem vai ter acesso a essa informação e se é que ela vai virar notícia. Hoje, a imprensa sempre que fala meu nome coloca: “Rôney Nemer, o deputado da Caixa de Pandora”. Isso deixa qualquer ser humano triste. Eu tenho o meu salário de concursado, mas entrei na política para ajudar a melhorar a vida de todo mundo. Eu ajudo muitas famílias, mas e a minha família, como fica?
Já é o seu segundo mandato como distrital. O senhor nunca ouviu nada sobre mensalão na Câmara Legislativa?
Eu não sou um deputado que vive nessas reuniões. Não é meu perfil. Mesmo porque há uma diferença social que, querendo ou não, cria muitas barreiras. Já fui muito na casa de deputados para descontrair e conversar sobre tudo, menos política.
Você já recebeu alguma proposta indecente?
Como deputado, não. Mas quando eu estava em cargo público, sim. Uma vez eu disse a uma pessoa que se ela não levantasse e saísse da minha frente, eu chamaria a polícia para prendê-la. Essa pessoa queria que eu viabilizasse um contrato em troca de benefício. Teve outra vez que eu precisava ajudar a pagar o tratamento de minha mãe, e eu estava muito ruim financeiramente. Eu era secretário de Obras e apareceu uma pessoa que me ofereceu dinheiro, sem mais nem menos. E eu perguntei: você está oferecendo essa ajuda a troco e quê? E ele respondeu: eu sei que você está precisando. Não vou te mentir que pelas necessidades e pela urgência do tratamento, eu pensei em aceitar. Mas logo pensei no futuro e disse não. As pessoas sabem se aproximar das outras no momento de fraqueza. É o que eu mais vejo por aí. Depois disso, uma pessoa que é realmente minha amiga conseguiu me emprestar o dinheiro, paguei o tratamento da minha mãe e já devolvi tudo, graças a Deus.
E essa denúncia sobre o aluguel dos imóveis para a CEB?
Esse contrato foi a pedido da CEB porque eles precisavam atender tanto a comunidade do Recanto quanto a do Riacho Fundo II e as minhas lojas eram as únicas da região que eram bem localizadas e disponíveis. Eu relutei muito na época, mas a área jurídica da empresa me disse que era legal e que poderia, sim. Ainda questionei, parecendo até que eu estava prevendo alguma coisa. Mas eles me garantiram que era tudo dentro da lei. Eu me pergunto: trabalhei como secretário de Obras tantos anos… Se eu quisesse fazer alguma coisa errada, eu teria feito lá atrás, quando bilhões passaram pela minha mão. E não alugar duas salas, por pouco mais de R$ 1 mil, justamente embaixo da minha casa e ainda com uma placa da CEB estampada lá para quem quiser ver.
Pode não ser ilegal, mas acaba sendo encarado como antiético…
Eu sempre tive a certeza de que o contrato era legal. A lei diz que o deputado não pode fechar acordo com o governo, salvo em contratos com cláusulas uniformes. A CEB entendeu que essas cláusulas uniformes seria um contrato igual para todo mundo, e não especial para mim por ser deputado. Mesmo assim, fui na CEB e mandei suspender o contrato. Chegaram a me perguntar: “se é legal, por que você vai rescindir o aluguel?”. E eu disse: porque estou cansado de ver meu nome colocado sob suspeição. Eu só tenho meu nome, do qual me orgulho muito. Eu demorei muito para construí-lo, com muito trabalho. E já que pairaram dúvidas, é melhor não manter. E tem mais: quando a CEB sair daqui, eu consigo alugar as duas lojas pelo dobro do preço que ela paga hoje.
Se não há nada de ilegal, o senhor pode ter sido vítima do “fogo amigo”?
Eu não sei por que gerou tanto ciúme. Eu faço o meu trabalho, não sou de ficar em cima do trabalho de ninguém e não faço política atropelando os outros. Não quero crescer à custa de ninguém. Em política, ninguém rouba voto do outro, você conquista. Se você perde um voto, é porque você deixou ele solto e não soube manter. Não trabalho política com dinheiro. Não pago ninguém nas minhas campanhas. Basta olhar a minha prestação de contas. O que eu faço é semear durante os três anos e nove meses e, quando chega na hora da campanha, as pessoas me ajudam. Isso é semeadura, uma coisa que eu aprendi com o deputado Cauhy. A semeadura é livre, mas a colheita é certa.
E o que o senhor acha do governador Rogério Rosso?
Eu gosto muito dele. No dia que o PMDB decidiu que lançaria candidato para a eleição indireta, quem levantou o nome do Rosso fui eu. Inclusive ele me ligou para agradecer. Quando saiu a chapa Rosso e Ivelise eu achei muito boa, porque ele é um bom nome, tem jovialidade, tem porte, tem capacidade… E ela daria um bom suporte a ele, porque ela conhece bem a máquina pública, é uma servidora de carreira, a mesma que eu.
Se o senhor vê tantas qualidades nele, por que a sua relação com o governador está estremecida?
Aí não é de minha parte. É por culpa dele. Foi ele que parou de atender minhas ligações e não me procurou mais. Eu tinha conversado com ele e dito que eu não queria nada, apenas manter o meu espaço no governo. É hipocrisia dizer que deputado não tem cargo no governo. É assim que se faz composições. Pois bem, os dias foram passando e o meu espaço foi sendo dado para outras pessoas. Na semana passada, dois técnicos indicados por mim para o projeto da ciclovia foram exonerados. Eu não recebi nenhuma ligação do governo para avisar. Eles são profissionais. Isso me preocupa, porque o ser humano quer respeito. O governo pode mandar embora quem ele quiser. Mas não custa chamar o servidor e explicar o motivo de estar sendo demitido.
O senhor acha que deveria ter o tratamento diferenciado por ser do partido do governador?
Aí é uma questão do partido. É por causa da minha ligação com o deputado Filippelli. E não vou te mentir que tenho um respeito, admiração por ele inquestionáveis. Isso porque, em todas as horas boas e ruins ele está ao meu lado. Não sou de virar as costas nem para inimigos, quiçá para os amigos. E eu fico sempre do lado dele.
O PMDB e o PT sempre foram adversários no DF. E o Filippelli tem costurado uma aliança para ser o vice da chapa de Agnelo Queiroz. Não vai ser difícil pedir votos para o PT?
Eu vejo o PMDB se aproximar de uma aliança com o PT e não tem como eu chegar para o deputado Filippelli e falar: olha, venci meus problemas e agora vá você pra lá e eu pra cá. Mas vai ser muito difícil… Ainda mais sendo da chapa adversária do governador Roriz, que foi uma pessoa que quando eu vendia roupa, me deu a oportunidade de virar arquiteto. Aprendi a vê-lo como político e como pessoa. Depois, conheci o Filippelli. Sempre tive muito carinho pelos dois. Costumo dizer que o Filippelli é meu pai e Roriz é meu avô. Por esses motivos pessoais, sempre torci e acreditava na reaproximação dos dois. Não que eu não goste do Agnelo, muito pelo contrário. Ele é um médico respeitado e é um bom nome para ser lançado. Mas meus vínculos pessoais tornam esse momento político muito difícil para mim.
Mas a aliança está quase concretizada…
Vai ser muito difícil. Outro dia eu ouvi de uma deputada do PT: “Eu não quero nunca fechar aliança com vocês. Já me imaginou ter que estar no mesmo palanque que vocês pedindo voto?”. Isso me magoou muito. E eu falei: deputada, a senhora está falando isso para mim? E ela respondeu: “você até que passa”. Achei isso horrível, mesmo porque me acho tão ou muito mais honesto do que ela. Não aceito isso. Por mais que meu nome tenha sido citado na Caixa de Pandora e agora nessa história da CEB, eu sei de minha honra e sei do meu caráter.
Fica mais difícil por ser o PT?
Mais de 90% dos meus amigos são oriundos do PT. Eu mesmo sou oriundo do PT, lá dos movimentos estudantis. Mas a minha base vai sofrer um choque com isso. A eleição, muitas vezes, é traumatizante. A política é muito passional, mas eu não consigo ser. E eu não tenho aquele dom da política de ouvir e esquecer o que foi dito. Sou muito transparente.
O senhor acredita que o Filippelli esteja indo em busca do PT porque foi mais bem acolhido do que na época que era aliado do Roriz?
Com certeza. Eu acho que é acolhimento, sim. A gente sempre esperou que ele e Roriz voltassem. Até agora eu ainda acredito. Se Deus me desse o poder, eu uniria novamente o governador Roriz e o Filippelli e eu não pensaria duas vezes. Para mim, seria muito melhor politicamente. O que poderíamos fazer seria outra alternativa, que não ficasse polarizado entre Roriz e PT-PMDB.
Uma candidatura majoritária do PMDB?
O Rosso seria um bom nome. Não vejo problema nisso. Mas acho que isso precisa ser construído na conquista e não imposto como um estupro.
Mas a ida do Filippelli para o PT o senhor não considera um “estupro”?
Não um estupro, mas está difícil. Mas eu tenho a opção de não querer ir.
Mas o senhor se sentiria à vontade de não estar com o Filippelli, já que ele é o seu “pai”?
É difícil, mas o Filippelli nunca me obrigaria a isso. Eu que vou colocar na balança os prós e os contras e analisar. No final, a decisão será minha.
Fonte: O Distrital