Mídia: Entidades reagem a ameaças de Franklin Martins
Evandro Éboli, Mônica Tavares e Fábio Brisolla, O Globo
Um dia depois de o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Franklin Martins, ter declarado que a regulamentação sobre a mídia será feita mesmo que num clima de enfrentamento, as entidades do setor deixaram claro que o tema deve ser tratado com diálogo e não confronto.
Dirigentes da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert) e da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e outras ligadas à empresas de telecomunicações evitaram polemizar com o ministro e afirmaram que pretendem contribuir com a discussão.
Na abertura do Seminário Internacional das Comunicações Eletrônicas e Convergência de Mídias, nesta terça-feira, o ministro disse que nenhum setor ou grupo pode interditar a discussão sobre a regulação da mídia.
– Nenhum grupo tem o poder de interditar a discussão. A discussão está na mesa. Terá de ser feita. Pode ser num clima de enfrentamento ou de entendimento. Eu acho que é muito melhor fazer num clima de entendimento – disse Franklin.
Antes de deixar o governo, Franklin vai enviar ao presidente Lula um anteprojeto com proposta de regulamentação da mídia. A decisão de enviá-lo ao Congresso será da presidente eleita, Dilma Rousseff.
Para Daniel Slaviero, ex-presidente da Abert, não há clima de embate entre o governo e as empresas de comunicação. Slaviero afirmou que a entidade gostaria de participar de um grupo de trabalho para contribuir na elaboração do texto do anteprojeto de lei sobre o setor, antes de seu envio ao Congresso.
– O seminário mostrou que há vários modelos e que temos uma legislação, de 1962, que precisa ser atualizada. Estamos prontos para esse diálogo e a sentar e conversar. Só que vamos reagir fortemente, se houver interferência no conteúdo de rádios e TVs, cerceamento da liberdade de imprensa – disse Slaviero.
Ele não considerou ofensivas as declarações de Franklin:
– Acho que o ministro não carregou na tinta, como se diz. Foi dentro da sua linha.
Presidente do Grupo Bandeirantes de Comunicação, o empresário João Carlos Saad, que participou do seminário, fez duras críticas ao evento:
– O debate aqui é muito difícil. Para você se inscrever tem que escrever a sua pergunta, por suas impressões digitais e ai vai para um professor da UnB que, se quiser, decide ler a sua pergunta.
Ele também considerou confuso o seminário, que durou dois dias:
– Ele não é feito pelo Ministério das Comunicações, que é quem deveria estar fazendo isso. Não é feito pela Anatel. Ele é feito pela Secom, que não tem nada a ver com isso. Se não tem nada haver com isso, porque está fazendo? Ele ocorre no oitavo ano do presidente Lula. E a informação é que eles querem fazer todo um marco regulatório nestes trinta, sessenta dias.
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