O candidato a governador Joaquim Roriz (PSC) afirmou ontem (11), em reunião com evangélicos em Santa Maria, que está plenamente confiante num julgamento rápido e num resultado favorável no Supremo Tribunal Federal (STF). Roriz recorreu ao STF para que lhe seja garantido o direito constitucional de ser candidato ao Governo do Distrito Federal, o que foi impedido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base numa lei que, pelo artigo 16 da Constituição, não poderia ser aplicada nestas eleições.
Roriz afirmou que aposta na vitória no Supremo para que os eleitores mostrem quem eles querem ver no Palácio do Buriti. “O Supremo vai julgar já e a partir do julgamento a imprensa vai calar. Aí, sim, vocês se preparem. A cidade vai azular, o céu vai ficar com cheiro de fumaça com o foguetório que vai acontecer por mais essa vitória”, prevê Roriz. “Nós vamos para a rua, vamos buscar os votos. Eu tenho impugnação, mas não tenho condenação. A minha renúncia (ao Senado) à época não era proibida, hoje é, porque votaram uma lei. Como podem me condenar por isso? Por que a imprensa não diz isso?”, questionou.
O candidato se reuniu com mais de 200 pastores na Igreja Evangélica Sara Nossa Terra, em Santa Maria, em encontro organizado pelo pastor Osea Rodrigues Leal e promovido pelo Instituto de Pesquisa, Desenvolvimento e Ação Social (Ipeas). Ao receber o apoio de mais uma corrente evangélica, Roriz garantiu que o Hospital Regional de Santa Maria vai voltar a ser administrado pelo governo, que recriará o Instituto Candango de Solidariedade (ICS) e que recontratará todos os servidores demitidos pela instituição no Governo Arruda.
Roriz, num discurso indignado, condenou os boatos propagados pelos adversários de que ele não poderia ser candidato, acusou o PT de ser um partido autoritário, comparou a candidata petista Dilma Rousseff ao ditador cubano Fidel Castro e criticou a imprensa. Roriz estava acompanhado pelo vice Jofran Frejat e pelos candidatos ao Senado, Maria de Lourdes Abadia (PSDB) e Alberto Fraga (DEM).
O HOSPITAL DE SANTA MARIA
Roriz aproveitou o encontro em Santa Maria para falar sobre o hospital da cidade. Lembrou que ele começou a construção do hospital, que teve continuidade no Governo de Maria Abadia e foi concluído no Governo Arruda. O objetivo era construir um hospital público para atender gratuitamente a população de baixa renda da cidade e da região. Por isso, condenou que a administração do hospital tenha sido transferida para uma instituição privada. “Como pode construir um hospital público, que custou uma fortuna, e entregar para a privada?”, criticou. “Se isso estiver certo, eu vou embora”.
Hoje, segundo Roriz, quem precisa do hospital tem que pagar. “Lá é tudo pago e paga-se caro”, condenou. “Eu não quero ajudar rico, mas ajudar a quem precisa”, disse, acrescentando que, eleito, o Hospital Regional de Santa Maria vai voltar a ser administrado pelo GDF. E garantiu ainda a permanência dos servidores do hospital contratados por meio de concurso público.
Roriz também criticou o candidato do PT por prometer “que vai fazer” lembrando que, quando os petistas governaram o DF, não construíram obras relevantes. “Eu posso dizer o que vou fazer porque eu já fiz e eles nada fizeram. Eu construí Santa Maria. Dei lote, asfalto, água e esgoto. Hoje, aqui tem de tudo”, destacou, garantindo que vai criar novos programas habitacionais para atender famílias que ainda vivem de aluguel e que não tem lotes para morar.
Garantiu ainda que pretende recriar o Instituto Candango de Solidariedade (ICS) e recontratar todos os servidores da instituição demitidos no Governo Arruda. “Vou trazer de volta o ICS. Trarei os demitidos, um por um, para trabalhar”, afirmou, ressaltando que vai criar novas oportunidades de empregos em Santa Maria. “O que eu quero é que todas as famílias tenham lugar para morar, tenham saúde e emprego”, declarou, acrescentando que a incorporação ao território do DF das cidades do Entorno é uma das alternativas que tem para ampliar a aumentar a oferta de moradia e de empregos.
PROCESSOS, RENÚNCIA E IMPRENSA
Roriz destacou que, se hoje a Igreja Sara Nossa Terra tem um templo, foi porque “nosso governo mandou dar o terreno”. Mas lembrou que, por ter doado terrenos para igrejas evangélicas e católicas, responde a processos. “Vão à Justiça e vejam quantos processos tenho porque dei lotes para construir igrejas. Eles querem que seja aberta uma licitação pública e que os lotes sejam comprados. Imaginem se eu tivesse dado lote para construir boates? Mas dei para igrejas e por isso tenho processos nas costas”, reclamou.
Roriz ressaltou que, embora responda a processos por atos como doação de lotes, jamais foi julgado nem condenado por qualquer tribunal do país. Por isso, considera injusto que a Justiça Eleitoral queira impedi-lo de ser candidato. “Nunca tive uma condenação em 50 anos de via pública”, afirmou. “Qual é o meu mal? Por que estão me impedindo de ser candidato? Porque renunciei o mandato de senador da República. Pergunto aqui: qual é o político nesse país que renuncia a um mandato de senador, que tinha 30 secretárias, cinco automóveis e passagens aéreas gratuitas para o mundo inteiro? Eu renunciei a tudo isso”.
Ao falar sobre sua renúncia, acusou a imprensa de deturpar o motivo que o levou a deixar o mandato. “Por que a imprensa não diz que eu fui o único que teve coragem de renunciar ao mandato de senador?”, criticou. “Renunciei a tudo e fui para a minha fazenda, que é herança de meu pai”, explicou, dizendo que se não tivesse renunciado naquela época, hoje não teria sido impugnado. “Gravem o que estou falando e leiam amanhã os jornais para conferir se o que estou dizendo saiu publicado”.
Roriz disse aos evangélicos que os adversários estão propagando pelo DF que ele não é mais candidato e que os eleitores vão perder seus votos se votarem nele. Roriz denunciou que o PT montou uma central telefônica para propagar a falsa informação. “Eles estão telefonando para as casas das pessoas, dizendo que eu não sou candidato. Não acreditem neles. Digam a todos que sou, sim, candidato ao Governo do Distrito Federal”, pediu Roriz, voltando a criticar veículos de comunicação que estariam apoiando Agnelo. “Por que a imprensa não diz que Roriz esteve em Santa Maria, disse que é candidato a governador e que o povo aplaudiu? Não vão escrever”, apostou.
“O BEM E O MAL”
Roriz comparou Dilma ao ditador cubano Fidel Castro, que está há mais de 50 anos no poder. “Nestas eleições, duas correntes disputam o poder: uma é a do bem e a outra, a do mal, dos encardidos”, comparou, dizendo que Dilma representa a segunda corrente. A candidata petista, segundo Roriz, é cópia do ditador cubano. Ela acha que Dilma, se for eleita presidente, assim como Fidel fez em Cuba, implantará no Brasil um governo antidemocrático, socialista e autoritário.
Roriz prevê que, com Dilma na presidência, vão acabar as liberdades democráticas. “A imprensa, que tem liberdade de escrever, não vai escrever mais. A imprensa estará sob controle e quem vai decidir o que deve ser publicado ou não é o governo”, prevê. Ricos e pobres também serão penalizados, segundo Roriz. “O governo vai acabar com os ricos, vai liquidar com os homens que tiveram sucesso, e os pobres e humildes que falarem que são contra esse regime, eles vão mandar matar”, alertou.
“Esse é o regime que eles querem no país”, advertiu. “Minha pregação é contra é o autoritarismo e o socialismo no país”, ressaltou Roriz, lembrando a origem política de Dilma, “uma guerrilheira que esteve na selva guerrilhando de metralhadora no ombro”. E questionou: “É essa mulher que vocês querem que seja presidente da República?”