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    Em dois anos, todo o DF será iluminado por LED

    Desde 2019 foram trocadas quase 19 mil lâmpadas no Distrito Federal, com investimentos que superam os R$ 17 milhões

    IAN FERRAZ, DA AGÊNCIA BRASÍLIA I EDIÇÃO: CAROLINA JARDON
    Avenida em São Sebastião | Foto: Joel Rodrigues / Agência Brasília

    A ousada meta de iluminar por LED todo o Distrito Federal faz parte de ações e programas do Governo do Distrito Federal (GDF) voltados para a eficiência energética e expansão da área de iluminação pública.

    Em linhas práticas, a opção pelo LED – as chamadas lâmpada brancas – se dá pela melhora na luminosidade das ruas, pelo aumento da segurança da população e na redução do gasto com energia, com uma economia que pode chegar a 50%.

    Atualmente, o DF é iluminado majoritariamente por lâmpadas amarelas, de vapor de sódio. Elas consomem mais e geram custos maiores, além de não colaborarem com o meio ambiente. Mas esse cenário está mudando. Desde 2019 foram investidos mais de R$ 17 milhões com iluminação pública e 18.704 luminárias de LED foram instaladas em mais de 80 endereços em todo o DF.

    Basta andar pelas ruas para notar a clara mudança. As áreas revitalizadas vão desde o Plano Piloto a Taguatinga, passando por Samambaia, Santa Maria, Gama e outras regiões administrativas (RAs). Todas elas, pouco a pouco, estão ficando mais iluminadas.

    Edison Garcia, presidente da CEB: “Essa troca de LED vai reduzir em cerca de 50% o que se consome hoje. Com essa redução, a gente vai ter sobra de caixa na contribuição pública para fazer os investimentos necessários” | Foto: Joel Rodrigues / Agência Brasília

    “Essa troca de LED vai reduzir em cerca de 50% o que se consome hoje. Com essa redução, a gente vai ter sobra de caixa na contribuição pública para fazer os investimentos necessários. É importante acelerar esse processo para economizar com gastos de energia”, aponta o presidente da Companhia Energética de Brasília (CEB), Edison Garcia.

    A iluminação pública está prevista na Constituição Federal e é paga a partir da Contribuição de Iluminação Pública (CIP), arrecadada nas contas de energia elétrica dos contribuintes. A taxa cobrada na conta de luz é calculada com base no consumo de cada endereço – unidades com consumo inferior a 80 kWh são isentas.

    “Temos investido os recursos da CIP, aquela contribuição paga por cada cidadão na conta de luz, na melhoria da iluminação da cidade. Além de mais moderna e econômica, as lâmpadas de LED clareiam melhor e dão aquela sensação de segurança à população”, afirma o secretário de obras, Luciano Carvalho, titular da pasta responsável pela gestão da CIP.

    “Nesses 18 meses de governo melhoramos a iluminação de várias cidades, tais como Cruzeiro, Gama, Santa Maria, Recanto das Emas, Águas Claras e plano piloto”, acrescenta.

    Até então os recursos da CIP eram geridos pela Secretaria de Obras. Em breve, a CEB ficará responsável tanto pela gestão do orçamento como pelos serviços de iluminação pública. Um decreto publicado pelo GDF regulamentou essa outorga à CEB pelo prazo de 30 anos.

    No ano passado, foram gastos R$ 181 milhões com iluminação pública, além de R$ 16 milhões apenas para manter lâmpadas acesas, totalizando R$ 197 milhões. Por outro lado, foram arrecadados R$ 212 milhões. Esses R$ 15 milhões de sobra foram investidos na iluminação pública pela CEB.

    R$ 197 milhõesTotal gasto, no ano passado, com iluminação pública no DF

    Há outros investimentos, como os originários de emendas parlamentares, mas o montante não alcança o necessário para a revolução na iluminação do DF. “Quando se calcula o que se gasta de energia e manutenção, pouco sobra para fazer um programa eficiente de troca de lâmpadas no DF”, acrescenta Edison Garcia.

    Alternativas e soluções 

    Diferença entre os tipos de iluminação: vapor de sódio (E) e LED (D) – Riacho Fundo

    Cada real investido é útil para a população, assim como cada nova lâmpada de LED que substitui uma de vapor de sódio, mas o GDF quer acelerar esse processo e concluí-lo em dois anos. Para isso, gestores da CEB têm buscado soluções nesse sentido.

    Duas alternativas estão sendo trabalhadas: a primeira é buscar crédito em bancos de desenvolvimento. A segunda, estabelecer parcerias com o setor privado. Ambas estão bem desenhadas e assim deve ser, uma vez que a troca total das lâmpadas no DF demanda investimento na ordem dos R$ 300 milhões.

    A primeira opção estudada seria feita em parceria com o Novo Banco de Desenvolvimento do Brics, chamado de Banco do Brics, com uma operação de crédito para financiamento. O projeto feito pela CEB foi bem aceito pelo banco e deve ser apresentado em agosto.

    A outra alternativa gira em torno de um chamamento público para atrair um parceiro do setor privado que possa fazer o investimento da troca das lâmpadas. Como contrapartida, o parceiro da CEB assume a manutenção da rede junto à CEB pelo período de 12 anos, numa espécie de joint venture [união de empresas por um período predeterminado].

    Cálculos da CEB apontam para uma economia anual de R$ 90 milhões com as lâmpadas de LED, um retorno que viria rápido para a companhia e a população, com investimentos em novas frentes.

    Segurança e pertencimento 

    Além da economia, a sensação de segurança gerada pela lâmpada de LED é senso comum. Mas há uma explicação técnica por trás disso. Para explicar a importância de uma boa iluminação, a sensação de pertencimento e zelo comunitário, o subsecretário de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública (SSP), coronel Marcio Cavalcante de Vasconcelos, recorreu à teoria norte-americana das janelas quebradas.

    “A iluminação é um dos fatores que têm impacto na sensação de segurança, mas não é só isso. Na teoria das janelas quebradas diz que o ambiente tem uma influência na questão do cometimento e prevenção do crime. Se você tem um prédio com uma janela quebrada e não a conserta, a tendência é que as pessoas quebrem as outras janelas e criem um ambiente de desordem. Quando você repara um espaço e dá atenção a ele, tudo colabora para a criação de um ambiente mais agradável”, aponta.

    “E não é só visualmente, gera a sensação de pertencimento de que aquele local é ocupado. É uma prevenção indireta e essa troca é um gol de letra. A gente sabe que a lâmpada de LED tem acendimento imediato e é mais econômica para o Estado”, acrescenta o subsecretário de Operações Integradas.

    Fala, comunidade

    Avenina no Taquari. Foto: Joel Rodrigues / Agência Brasília

    Aprovadas por autoridades, especialistas e também pelos maiores beneficiados – a população –, as lâmpadas de LED caem facilmente no gosto do povo. No Riacho Fundo, a cabeleireira Elenir Sousa notou de imediato a transformação na Avenida Central.

    “Depois que a iluminação na Avenida Principal da QN 01 foi trocada, ficou bem melhor. Muita gente chega tarde do trabalho e aquela iluminação antiga dava muito medo. Agora está excelente”, comemora Elenir, residente na cidade há 30 anos.

    Por lá, além desse endereço, também foram instaladas lâmpadas no viaduto do Pistão Sul até o início da BR-066, nas vias próximas à Feira Permanente, no Canteiro Central da Avenida Cedros e na Avenida Sucupira, endereço que Cirlene Sousa, moradora da região conhece bem.

    “Aqui as interrupções no fornecimento de energia elétrica eram frequentes. Agora, com as novas lâmpadas de LED, nosso Riacho Fundo ficou ainda mais está mais belo e seguro”, comenta Cirlene Sousa.

    A administradora da cidade, Ana Lúcia Melo, viu as contas baixarem rapidamente. Em junho de 2019, o valor era de aproximadamente R$ 420 mil. No mês mesmo mês, em 2020, o valor caiu para R$ 267 mil. “Essa expressiva redução de dinheiro público é um dos principais benefícios da iluminação por LED, além da melhoria na sensação de segurança pública”, ressalta. “Contamos com o apoio dos deputados distritais para a destinação de recursos. Pretendemos fazer a troca de 100% da iluminação em nossa cidade ainda este ano”, acrescenta Ana Lúcia.

    Em Santa Maria não é diferente. Houve troca na Avenida Alagados, nas áreas comerciais das quadras 202/203 e 216/316 e na DF 483, via de ligação entre Santa Maria e o Gama. Motorista e morador da cidade, Alessandro Nascimento sabe bem como uma iluminação faz diferença na hora de conduzir um automóvel. “Ficou perfeito, algo que realmente não imaginava. Sou morador da Central 1 e noto como ficou melhor por aqui, seja para dirigir ou para caminhar de noite”, aponta.

    Visão que é compartilhada pela administradora de Santa Maria, Marileide Romão. “Quando a gente chega à cidade, já vê a diferença em comparação ao que era antes. Essa substituição era um pedido antigo da comunidade”, reforça.

    Numa das maiores cidades do DF, Taguatinga, o LED já chegou a todo o Setor CSG, toda a Avenida Comercial e será feito da C1 à C12, entre outros pontos. “Temos procurado iluminar toda a cidade e em regiões com mais casos de violência. É clarear a cidade e fazer um trabalho para inibir o vandalismo”, destaca o administrador da cidade, Geraldo Cesar de Araújo.

    O Guará também passou por grandes mudanças na iluminação, lembra a administradora Luciane Quintana. “Elas [lâmpadas] atendem uma demanda importante da comunidade por mais segurança. Sabemos que um local mais iluminado inibe a ação criminosa. Essas melhorias contribuem significativamente para que a população possa usufruir melhor desses espaços públicos, promovendo o convívio social, a qualidade de vida e o bem-estar do guaraense.”

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