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    Eleições: Menos sindicalistas e evangélicos

    A eleição de domingo vai alterar o perfil das bancadas temáticas da Câmara a partir de 2015. Enquanto a frente religiosa e a ligada aos trabalhadores sofreram redução na quantidade de parlamentares, outras, como a feminina, registraram crescimento

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    Culto da bancada evangélica na Câmara: o grupo acredita que, a partir de fevereiro, haverá novas adesões

    Se o cenário de deputados federais eleitos nas urnas no domingo passado prevalecer, a próxima legislatura da Câmara balançará novas bandeiras de interesses dos eleitores nos próximos quatro anos. Levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) revela um revés nas principais bancadas temáticas da Casa. Entre as mais alteradas, está a sindical, que foi reduzida em 44%. O número saiu dos 83 representantes de 2010 para 46. Deles, 32 foram reeleitos. Do total de 513 deputados eleitos, 198 (38,6%) são novatos…

    É a primeira vez, desde 1988, que os sindicalistas elegem um número tão reduzido de representantes para o Congresso. Há 26 anos, quando o então sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva disputou o Palácio do Planalto contra Fernando Collor de Mello, foram eleitos 44 deputados da bancada. O número subiu para 74 em 2002, quando Lula chegou à Presidência, mas voltou a cair para 54 em 2006. Em 2010, chegou a 83, mas agora sofreu nova redução.

    Diretor-técnico do Diap, Antônio Augusto Queiroz considera o resultado extremamente “preocupante, especialmente num ambiente de forte investida patronal sobre os direitos trabalhistas, sindicais e previdenciários no Congresso”. A bancada sindical dá sustentação e faz a defesa dos direitos e dos interesses dos trabalhadores, dos aposentados e dos servidores públicos no Congresso, além de intermediar demandas e conflitos entre representados, governo e empregadores.

    Um dia após as eleições, a frente dos evangélicos também viu sua representatividade na Câmara desidratar de 70, em 2010, para 43 este ano. É uma queda de 38%. Porém, os números ainda podem sofrer variações. Queiroz explica que o levantamento é feito com base nos dados fornecidos pelos deputados durante candidatura e que, ao longo do mandato, parlamentares que também defendam a bandeira, mas que não se elegeram com apoio de religiosos, por exemplo, podem aderir à frente.

    Integrante da bancada evangélica, o deputado Silas Câmara (PSD-AM) acredita que o número de aliados crescerá ao longo da legislatura. “A bancada sai de um jeito, mas muda à medida que começa o mandato. Ler o cenário agora pode ser superficial, porque os números não dão uma bancada necessariamente menor. Eles podem não estar organizados e vão se unir depois que a Frente Parlamentar estiver montada”, acredita.

    Na contramão das bancadas que tiveram redução, a quantidade de mulheres será maior na Câmara. Das 45 eleitas em 2010, frente a 468 deputados, o número subiu 13%. Se não houver alterações até a posse, serão 51 mulheres para os 462 de homens que vão legislar na Casa. Ainda assim, esse aumento é visto como muito aquém do ideal. “(O crescimento) é uma derrota histórica”, criticou a coordenadora da bancada feminina na Câmara, Jô Moraes (PCdoB-MG), na comparação da quantidade de homens eleitos na Casa. “É preciso a gente compreender que não precisa de migalhas, não estamos ali só para preencher uma lista”, afirmou.

    Jô Moraes alegou que vai trabalhar para crescer além dos 13%. “Meu primeiro foco é uma reunião com todos os presidentes dos partidos para definir estratégias para as mulheres e começar desde agora a campanha de vereadores e de prefeitos. Quantas eleições serão necessárias para atingir o percentual ideal? O foco central deve ser a reforma política”, argumentou.

    Família
    No quesito eleição de parentes de políticos, também é possível identificar aumento: de 78, em 2010, para 82 este ano. Deles, 42 vão estrear na Câmara e 40 terão novo mandato. Para Queiroz, esse cenário “reforça a tese de circulação no poder”. “Em geral, parentes mais próximos, como pais, filhos e cônjuges são herdeiros eleitorais uns dos outros e compartilham o mesmo perfil político e ideológico”.

    Destacam-se, entre os novatos, o mais votado proporcionalmente no Brasil: Arthur Bisneto (PSDB-AM), filho do prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto (PSDB), também campeão de votos no estado.

    Jogo de interesses
    Veja a variação no número de integrantes das bancadas temáticas para a próxima legislatura na Câmara dos Deputados
    Sindical
    2010 2014 Variação
    83 46 -44%
    Evangélica
    2010 2014 Variação
    70 52 -25%
    Empresarial
    2010 2014 Variação
    273 189* -30%
    Ruralista
    2010 2014 Variação
    178 117* -34%
    Feminista
    2010 2014 Variação
    45 51 +13%

    *Números preliminares sujeitos a alteração até o encerramento do levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap)

    (O resultado é) preocupante, especialmente num ambiente de forte investida patronal sobre os direitos trabalhistas, sindicais e previdenciários no Congresso
    Antônio Augusto Queiroz, diretor-técnico do Diap, sobre a redução da bancada sindical na Câmara
    Fonte: Correio Braziliense/ Por NAIRA TRINDADE. Foto: Saulo Cruz/Agencia Camara

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