Do Correio Braziliense: A eleição indireta que escolherá o governador tampão do Distrito Federal será realizada dentro de 12 dias, mas a disputa ainda está embolada e o resultado é indefinido. A um dia do prazo final para as inscrições de candidaturas, os distritais seguem articulando nos bastidores, e até agora ninguém está oficialmente inscrito. O único nome tido como certo na disputa é o do governador interino Wilson Lima (PR). Nos últimos dias, os partidos mantiveram diversas reuniões para tratar do assunto. Alguns deputados retomaram a tese de que deveria ser eleito um político sem mandato, como forma de atender aos recados do Ministério da Justiça e da Procuradoria-Geral da República (PGR), que pressionam pela eleição de um nome de fora da Câmara Legislativa.
A escolha do novo governador ocorrerá seis dias antes da data em que o ministro Gilmar Mendes deixe a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) e deve colocar em pauta de votação o pedido de intervenção no DF feito pelo Ministério Público Federal. Há uma expectativa de que os ministros do Supremo levem em conta a seleção feita pelos distritais antes de dizer sim ou não para a interferência federal.
O debate sobre nomes de políticos sem mandato já mobiliza diferentes partidos com representatividade na Câmara. Os parlamentares locais falam na hipótese de se unir em torno de um novo perfil. Quinze nomes já foram ventilados pelos partidos. O do ex-presidente da OAB no DF Luiz Filipe Ribeiro Coelho, filiado ao PTB, tem sido bem aceito até entre petistas. O PT ainda tenta convencer Sigmaringa Seixas a se candidatar. Com bom trânsito no meio político, Sigmaringa, no entanto, não quer ser testado. Só irá disputar o mandato temporário se tiver garantias de eleição, o que não deve ocorrer.
A outra alternativa discutida por petistas é a candidatura do professor e ex-reitor da UnB Antonio Ibañez, que também atuou como secretário de Educação durante a gestão de Cristovam Buarque à frente do Buriti. Lideranças do PT que participam das negociações para as eleições indiretas admitem que o partido poderá se juntar ao PTB, por exemplo, em torno da candidatura de Luiz Filipe. A composição poderia se materializar com a indicação de Ibañez no papel de vice, caso o partido entenda que deixaria de somar mais votos brigando pela cabeça de chapa. Numa reunião ontem à noite na casa do distrital Benício Tavares (PMDB), um grupo de deputados discutiu a formação do movimento em prol do candidato petebista.
Os distritais democratas deverão seguir a escolha do partido na votação em plenário, o que na matemática das eleições indiretas significam três votos a menos para os demais candidatos. O escolhido do DEM para disputar as eleições indiretas deve ser o empresário e suplente de deputado federal Osório Adriano. O deputado federal Alberto Fraga (DEM) não conseguiu reunir apoio para liderar a chapa do partido na disputa do dia 17.
A proximidade de Fraga com o ex-governador José Roberto Arruda (sem partido) pode ter atrapalhado a indicação do nome dele pelos colegas de legenda. Caso a rejeição ao nome de Fraga se confirme, ele ameaça abrir mão de concorrer a um cargo político nas eleições de outubro e fala até mesmo em se desfiliar da sigla. “Se meu nome não é bom para ser o candidato do mandato tampão, também não deve ser bom para outros cargos”, reclamou.