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    DILMA E SERRA TROCAM ACUSAÇÕES

    ELEIÇÕES 2010
    Dilma e Serra trocam acusações em duelo mais agressivo da campanha

    As promessas de “paz e amor” foram deixadas de lado. Os candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) realizaram ontem, na Band, o embate mais duro e agressivo desta campanha. Os ataques envolveram principalmente o aborto, contra Dilma, e as privatizações, contra Serra.O primeiro ataque, logo na abertura do debate, partiu de Dilma. Ela acusou a campanha de Serra de atingi-la com “calúnias, mentiras e difamações”. “Até com questões religiosas”, afirmou.

    O tucano reagiu citando as posições de sua adversária em relação ao aborto: “Você disse com clareza, e isso está filmado, que é a favor da liberação do aborto. Depois disse o contrário. É uma questão de não ser coerente, de ter duas caras”.”Serra, você tem que ter cuidado para não ter mil caras”, revidou Dilma. “Você [como ministro da Saúde] regulamentou o acesso ao aborto no SUS”, acrescentou ela, referindo-se à criação de norma técnica para realização do aborto previsto em lei.

    Dilma citou a mulher do tucano, Monica Serra, que teria declarado que a petista era “a favor de matar criancinhas”. “Acho gravíssima a fala da sua senhora.”Na resposta, Serra não falou de sua mulher. Dilma voltou ao assunto. “Sua esposa disse: “a Dilma é a favor da morte de criancinhas”. É tão absurda a acusação.” De novo, o candidato tucano preferiu não tratar de sua mulher. Após o debate, disse não saber do que Dilma falava.

    Entre os dois candidatos, a petista foi a mais exaltada e demonstrou nervosismo. Chegou a dizer que Serra poderia ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa pelo fato de um juiz ter aceito uma denúncia de calúnia e difamação contra ele. Crimes contra a honra, porém, não tornam um político “ficha-suja”.

    PRIVATIZAÇÃO
    No segundo bloco, o tema dos ataques foram as privatizações. Dilma, citando assessores tucanos, disse que José Serra tem planos de privatizar a exploração do petróleo localizado no pré-sal.Lembrou que Serra, como governador de São Paulo, vendeu o banco Nossa Caixa. E citou as privatizações realizadas por FHC: “Vocês financiavam grupos estrangeiros com dinheiro do BNDES. No limite da irresponsabilidade, financiavam grupos internacionais para comprar patrimônio público brasileiro”.

    Serra, então, afirmou que o PT dificultou a privatização das empresas estatais de telefonia, no governo FHC. “Sabe qual seria o Brasil do PT? O Brasil do orelhão. Ninguém teria celular.”Em seguida, o tucano disse que irá “fortalecer e reestatizar” os Correios, a Petrobras, o Banco do Brasil, a Caixa e o BNDES. “Com relação ao petróleo, não vou fazer privatização nenhuma.”

    Um dos temas escolhidos por Serra para tentar acuar Dilma foi a acusação de corrupção que derrubou Erenice Guerra da Casa Civil.”Há uma pessoa, chefe da Casa Civil, seu braço direito por sete anos e três meses, que organizou um grande esquema de corrupção. Você não tem nada a ver. É tudo alheio a você”, ironizou.

    Dilma entrou no assunto superficialmente: “No que se refere a Erenice, fico indignada com a contratação de parente e de amigos, com critérios que não sejam técnicos”. E continuou: “Mas você deveria se lembrar de Paulo Vieira de Souza, seu assessor que fugiu com R$ 4 milhões, dinheiro da sua campanha”.

    Souza, conhecido como Paulo Preto, é o ex-diretor de engenharia da Dersa paulista citado no inquérito da Operação Castelo de Areia. Segundo a revista “IstoÉ”, ele arrecadou R$ 4 milhões não declarados à Justiça Eleitoral.Serra não falou sobre Souza. Depois provocou: “Estou surpreso com essa agressividade, esse treinamento. A Dilma Rousseff está se mostrando como é de verdade”.No final do debate, Dilma Rousseff disse duvidar que Serra manteria os programas sociais do governo Lula.

    “Ele [no governo de SP] reduziu programas do Alckmin, como Escola de Tempo Integral e Escola da Família. Como é que a gente acredita que ele vai de fato continuar os programas do Lula?” Serra preferiu falar sobre apoios políticos: “Ela tem dois ex-presidentes com ela, que ela não fala nunca: Collor e Sarney. Eu tenho dois: Itamar e Fernando Henrique, pessoas dignas”. Em meio às trocas de acusações, o primeiro debate do segundo turno foi pobre em programas de governo. A petista e o tucano falaram ligeiramente de propostas para a educação e a saúde, por exemplo, dois dos temas que mais inquietam os eleitores. Informações da Folha.

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    Deve ler

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