“Essa semana vamos apresentar um projeto e pedir requerimento de urgência para revogar esse item. Porque senão, pode cair na mão de juiz garantista, como Marco Aurélio de Mello, e pode beneficiar outros presos. Temos que fechar a torneira já”, disse. Ele, contudo, necessita coletar 257 assinaturas para o requerimento.
Grupo de trabalho
O dispositivo em questão estabelece que prisões preventivas devem ser revisadas a cada 90 dias, sob pena de tornar a prisão ilegal. O trecho foi inserido durante os debates no grupo de trabalho, comandado por Capitão Augusto. “No meu relatório, nós não colocamos nenhum dispositivo que atenuasse qualquer coisa para os marginais. Nada. Mas aí, no grupo de trabalho que foi montado nós éramos minoria”, disse.
“Lá havia três que seguiam minha linha e oito contrários, que eram mais garantistas. Eles colocaram isso aí, e fui contrário de pronto. Eu disse que era temerário colocar uma burocracia a mais para o juiz”, comenta.
No plenário, contudo, foi apresentado um substitutivo pelo deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG), que foi aprovado, com o artigo. “Nós não conseguimos derrubar no plenário, fomos voto vencido. Mas nós já avisamos lá atrás que poderia dar problemas”, lamentou. O Metrópolestentou contato com o deputado Andrada, sem sucesso.
Quem errou?
Segundo o relator, o Congresso errou por não ter amarrado melhor a lei. “Foi um erro ter deixado esse artigo em aberto. Colocaram pensando, talvez, em alguém que cometeu pequenos crimes, que não tenha advogado e tenha ficado esquecido na prisão preventiva. Mas acabou beneficiando um líder de facção criminosa”, disse.
E continuou: “Errou o juiz que tinha 90 dias para prorrogar a prisão preventiva e não fez; errou o Ministério Público, que estava com este caso na mão e poderia ter solicitado a prorrogação da prisão preventiva e não o fez. Errou a Procuradoria-Geral, que deveria estar atenta a um caso tão grave quanto esse. Mas o principal erro foi do próprio ministro Marco Aurélio de Mello”, afirmou ele, justificando que o ministro colocou “em risco a sociedade”.
O deputado Capitão Augusto diz que a decisão foi relator do pacote anticrime no grupo de trabalho da CâmaraAgência Câmara dos Deputados
Ministros durante lançamento do pacote anticrimeRafaela Felicciano/Metrópoles
Debate do grupo de trabalho do pacote anticrimeReila Maria/Câmara dos Deputados
Ex-ministro Sergio Moro é o fiado do pacote anticrimeFoto: Hugo Barreto/Metrópoles
O deputado Capitão Augusto diz que a decisão foi relator do pacote anticrime no grupo de trabalho da CâmaraAgência Câmara dos Deputados
Ministros durante lançamento do pacote anticrimeRafaela Felicciano/Metrópoles
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Impeachment
Diante disso, Capitão Augusto, que é presidente da Frente Parlamentar de Segurança, disse que vai apresentar, nesta terça-feira, um pedido de impeachment do ministro Marco Aurélio de Mello ao Senado. A ideia é que o ministro apresente seus argumentos e se justifique.
“Isso foi um tapa na cara da sociedade, um tapa na cara dos policiais que arriscaram as suas vidas para prender esse traficante e jamais esse ministro deveria ter feito isso, de forma monocrática, sem ouvir o juiz do processo, sem ouvir o Ministério Público, sem enviar ao plenário do Supremo”, explicou.
Com outros pedidos de impeachment acumulando no Senado, Augusto não acredita numa cassação, mas, ao menos, na abertura do processo e a convocação para que o ministro dê explicações. “É o mínimo que se espera, uma resposta para a sociedade.”
Pacote anticrime
Os vetos ao pacote anticrime vão completar um ano na pauta do Congresso Nacional, sem serem apreciados. “Estamos aguardando esse veto porque ano que vem vamos reapresentar tudo que foi retirado do pacote anticrime original e vamos revogar tudo que foi acrescentado no pacote que, na verdade, está aliviando os crimes. Já basta de impunidade”, reclamou ele, acrescentando que vai “tentar corrigir”.