Comentário: O debate promovido pela TV Bandeirantes ontem à noite foi relativamente ‘morno’. No início, houve um ensaio do candidato Agnelo queiroz (PT) em partir para cima de Joaquim Roriz (PSC), mas ficou apenas em dois ataques diretos, algumas insinuações e muito ‘enrolation’, principalmente quando lhe foi perguntado sobre a saúde pública e suas relações com políticos citados na Operação Caixa de Pandora que estão em sua coligação.
Tadeu Filippelli (PMDB), o vice de Agnelo, foi citado algumas vezes como possível ponto de desconforto num eventual governo petista. Toninho do Psol afirmou que Agnelo, caso eleito, terá problemas de governabilidade com Filippelli.
Ao final, ainda tenso, Agnelo admitiu que mora no Lago Sul e sua renda é compatível com seu padrão de vida, e evitou falar sobre a área verde que invadiu.
O candidato Joaquim Roriz estava tranquilo e demonstrava estar sintonizado com o eleitor, enquanto os demais adversários estavam muito mais interessados em atacar seus governos. Roriz evitou confrontos mas foi firme quando se sentiu seriamente atacado. Acusou o candidato Toninho do Psol de ser contra os pobres e o acusou de ser ‘elite’.
Roriz também não fugiu quando perguntado se conhecia o esquema de corrupção da Codeplan. Afirmou que ‘talvez’ tenha começado em seu governo, mas que não tinha conhecimento dos fatos, e que as pessoas envolvidas foram escolhidas pelo currículo apresentado. Quanto ao verdadeiro caráter dos citados, afirmou que não conhecia direito.
O debate mostrou que Agnelo é cheio de teorias – inclusive conspiratórias – enquanto Roriz sabe que quanto mais lhe atacam, mais ele cresce. No confronto de ontem, adversários deram à Roriz condições para que ele falasse com o eleitor o que bem desejasse. Agnelo e Toninho do Psol falaram em ética, mas evitaram falar do PMDB, de Beníco Tavares, Rôney Nemer, do mensalão do DEM e do PT, participação no governo de Arruda entre outros temas complicados.
Ao atacar a criação de cidades, Toninho do Psol feriu diretamente os sentimentos dos eleitores que moram nas cidades criadas pelo ex-governador Joaquim Roriz. Agnelo também fez insinuações que mostram que ele – que já morou no Gama – agora ignora suas origens e condena quem recebeu lotes. Roriz defendeu o direito do cidadão de ter moradia digna, e disse que faria tudo de novo se fosse necessário.
Neste primeiro confronto, Roriz venceu o debate. Seus adversários lhe deram tempo e discurso para falar diretamente com seu eleitorado. Não é à toa que aparece em primeiro lugar em todas as pesquisas de opinião. O homem tem discurso, aparência e experiência de governador. Quanto aos demais, continuam achando que ganharão votos falando mal de Roriz.
Veja alguns trechos de Roriz:
“Eu não posso afirmar. Pode até ser que (o esquema de corrupção) tenha começado no meu governo. Mas eu não conhecia essas práticas. Eu decidi por muitos auxiliares que eu conhecia por meio de currículo. Confiei em um secretário que virou governador. Mas a máscara caiu”.
Citado, Joaquim Roriz obteve direito de resposta. O ex-governador disse que o erro foi da Novacap, que, na época da criação de Brasília, desapropriou e não pagou os verdadeiros proprietários das terras.
O jornalista Flávio Lara Rezende perguntou ao candidato Eduardo Brandão (PV) sobre a relação com a Câmara Legislativa. Segundo o ambientalista, qualquer governador que venha a ser eleito no DF tem que acabar com as práticas “promíscuas” entre o Executivo e o Legislativo.
O comentário ficou por conta de Joaquim Roriz. “Você não tem que interferir, já que a Câmara é um poder independente”, simplificou. Brandão, no entanto, disse que essa não é a história que se vê desde a criação da CLDF e defendeu uma reforma política.
Na réplica, Agnelo atacou. “Ele admitiu que não sabe o que aconteceu em seu próprio governo.” Roriz não deixou por menos e provocou Agnelo. “Eu nunca invadi, nem nunca vou invadir terra pública e área verde. O meu adversário tem uma denúncia nesse sentido. Esse é o comportamento esperado?”