Há exatamente um ano, o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, declarou a “Veja” que o presidente Lula não faria o sucessor, apesar da alta popularidade. RECENTEMENTE MUDOU DE OPINIÃO, MAIS UMA VEZ.
Veja:
Para Montenegro o presidente não conseguiria transferir seu prestígio pessoal para um “poste”, era assim que o diretor do Ibope tratava Dilma Rousseff.
Confiram trechos da entrevista:
VEJA – Ao contrário do que muita gente acredita, o senhor aposta que Lula, mesmo com toda a popularidade, não conseguirá eleger o sucessor.
CARLOS AUGUSTO MONTENEGRO – Uma coisa é ele participar diretamente de uma eleição. Outra, bem diferente, é tentar transferir popularidade a alguém. Sem o surgimento de novas lideranças no PT e com a derrocada de seus principais quadros, o presidente se empenhou em criar um candidato, que é a Dilma Rousseff. Mas isso ocorreu de maneira muito artificial. Ela nunca disputou uma eleição, não tem carisma, jogo de cintura nem simpatia. Aliás, carisma não se ensina. É intransferível. “Mãe do PAC”, convenhamos, não é sequer uma boa sacada. As pessoas não entendem o que isso significa. Era melhor ter chamado a Dilma de “filha do Lula”.
VEJA – Porém já existem pesquisas que colocam Dilma Rousseff na casa dos 20% das intenções de voto.
MONTENEGRO – A Dilma, em qualquer situação, teria 1% dos votos. Com o apoio de Lula, seu índice sobe para esse patamar já demonstrado pelas pesquisas, entre 15% e 20%. Esse talvez seja o teto dela. A transferência de votos ocorre apenas no eleitorado mais humilde. Mas isso não vai decidir a eleição. Foi-se o tempo em que um líder muito popular elegia um poste. Isso acontecia quando não havia reeleição. Os eleitores achavam que quatro anos era pouco e queriam mais. Aí votavam em quem o governante bem avaliado indicava, esperando mais quatro anos de sucesso.
Agora, a um mês das eleições Montenegro em entrevista a “Istoé” faz um mea-culpa. “Errei e peço desculpas. Na vida, às vezes, você se engana”, afirmou.
Confiram trechos:
ISTOÉ – O sr. disse que o presidente Lula não conseguiria transferir seu prestígio para a ex-ministra Dilma Rousseff, mas as pesquisas mostram o contrário. O sr. ainda sustenta que o presidente não fará o sucessor?
CARLOS AUGUSTO MONTENEGRO – Eu nunca vi, em quase 40 anos de Ibope, uma mudança na curva, como aconteceu nesta eleição, reverter de novo. Por mais que ainda faltem 30 e poucos dias para a eleição, o Brasil já tem uma presidente. É Dilma Rousseff. Ela tem 80% de chances de resolver a eleição no primeiro turno. Mas, se não for eleita agora, será no segundo turno.
ISTOÉ – Mas há um ano o sr. declarou que Lula dificilmente faria o sucessor.
MONTENEGRO – Errei. Eu dizia de uma forma clara que, apesar de o Lula estar bem, ele não elegeria um poste. Foi uma declaração extemporânea, descuidada e muito mais fundamentada num pensamento político do que com base em pesquisas. Foi um pensamento meu. Acho que eu tinha o direito de pensar daquela forma, mas não tinha o direito de tornar público. Peço desculpas. Na vida, às vezes, você se engana.