Nos últimos dois anos, o senador Cristovam Buarque (PDT) afirmou, por inúmeras vezes, que seu objetivo em 2010, seria sua reeleição ao Senado. Afirmou ainda que a educação é sua bandeira e que o Senado lhe dá condições de trabalhar muito para aprimorá-la no Brasil, fato que descartaria qualquer possibilidade de uma eventual candidatura ao GDF.
Entretanto, contaminado por opiniões de amigos e de cientistas políticos de plantão, desconhecedores de bastidores e do ‘povão’ que sai às ruas para votar, acabou por arranhar sua reputação ao afirmar que será candidato ao GDF “se Roriz confirmar sua candidatura”. Cristovam não precisava disso, porque passou a impressão de que a discussão não é política, mas sim, pessoal, quase uma vingança por ter perdido uma eleição considerada ganha em 1998 para Joaquim Roriz, num apertadíssimo segundo turno, contrariando pesquisas e o próprio PT.
E Cristovam fez mais: se uniu à vários outros partidos, em nome da pluralidade, inclusive de siglas que até poucos meses atrás elogiavam a postura, o governo e a pessoa de Arruda e rasgavam elogios ao partido do governador, e que posteriormente foram citados no escândalo do Mensalão do DEM. O PMDB e o PPS deram considerável apoio ao DEM, mas isso parece não importar para o PDT, que também fez parte do governo de Arruda por um bom tempo. Ou seja: os descontentes, os sem governador, ficaram no deserto sem saber o que fazer, pois havia um grande acordo envolvendo todos esses partidos para a reeleição de Arruda. O sonho acabou e agora há um monte de gente que mamou muito no GDF nos últimos três anos, atrás de uma nova oportunidade, atrás de um candidato ao governo com chances de vitória.
O senador Cristovam tem um reeleição garantida, com um projeto espetacular e não precisa colocar seu nome numa disputa complicada, difícil e com uma esquerda enfraquecida. Afinal, boa parte dos partidos de esquerda deram apoio ao governo do DEM. Tentar colocar seu nome na disputa ao GDF só porque Roriz é candidato, é mera insensatez e oportunismo, porque seria a união de todos contra Roriz. Não é por aí, até porque se o ex-governador aparece disparado nas pesquisas de opinião ao Governo do Distrito Federal, não é porque ele quer, mas expressa literalmente a vontade do povo. Nas eleições de 1994 e de 1998, Cristovam acreditava veementemente nas pesquisas. Duvidar agora seria suícídio político.
E por último, Roriz desafiou Cristovam para ser candidato. Um desgaste desnecessário para um senador que aparece sempre em primeiríssimo lugar para a reeleição. Se o senador aceitar o desafio, estará abrindo mão de continuar seu trabalho em prol da educação brasileira. Por outro lado, a esquerda tem outros nomes como Geraldo Magela e Rodrigo Rollemberg que estão em condições de disputar a eleição com o ex-governador Roriz. é sempre oportuno lembrar que na política, a vaidade precede a queda.