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    CORREIO BRAZILIENSE: RORIZ CORTEJA O PSDB

    ANA MARIA CAMPOS, do Correio Braziliense

    Desde a crise provocada pela Operação Caixa de Pandora, o PSDB está à deriva no Distrito Federal. Alvo de investigação, o ex-secretário de Obras, Márcio Machado, presidente regional da legenda, se afastou do comando e ainda não há definição sobre para onde os tucanos deverão caminhar nas próximas eleições. Antes das denúncias de suposto esquema de corrupção no Executivo e no Legislativo, o PSDB era o aliado preferencial do DEM para a candidatura à reeleição do governador José Roberto Arruda (sem partido). Agora, no entanto, um dos destinos possíveis é uma volta do partido aos braços do ex-governador Joaquim Roriz, com quem o PSDB fez aliança nas duas últimas campanhas.
    A decisão será tomada pela conveniência da direção nacional, dentro da estratégia para a disputa presidencial. Para o ex-governador do DF, que vai disputar eleição neste ano pelo nanico PSC, o apoio do PSDB é fundamental. Por isso, já envia aliados para negociar com tucanos. Integrantes da executiva nacional do PSDB em conversas com correligionários que se mantiveram ao lado de Roriz já sinalizaram que a Operação Caixa de Pandora zerou as negociações e todos os acordos fechados antes da crise. O caminho estaria aberto para novas conversas.
    Um dos trunfos de Roriz é seu forte apelo nas classes D e E, onde, segundo as pesquisas de opinião, registra a maior popularidade. No mesmo eleitorado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem grande penetração. Como o PSDB terá candidato ao Palácio do Planalto — possivelmente o governador de São Paulo, José Serra —, há necessidade de palanque regional para se contrapor ao de Dilma Rousseff. A petista será representada no Distrito Federal pela chapa encabeçada pelo ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz, que poderá ter a seu lado o PMDB, do deputado Tadeu Filippelli, como mostrou reportagem de ontem do Correio.
    Há possibilidade de os tucanos fecharem nova aliança com Roriz também por outros motivos. Um dos fundadores do PSDB, o ex-deputado federal Geraldo Campos conta que o partido começará em breve uma série de reuniões para discutir a posição para as próximas eleições. Com o afastamento de Márcio Machado por 90 dias da presidência regional, o PSDB segue sob o comando de Gustavo Ribeiro, antigo cacique regional que já integrou equipe de Roriz. “Não posso fazer profecia sobre a nossa decisão. Ainda vamos discutir, mas por que não ir com Roriz, de quem já fomos aliados durante tanto tempo?”, questionou Geraldo Campos, que é presidente de honra do PSDB-DF.
    Arruda ainda mantém pessoas de sua confiança no PSDB, como os integrantes do diretório do grupo político de Márcio Machado. Em outubro, o então secretário de Governo, José Humberto Pires, se transferiu do DEM para o PSDB, pelo qual deveria concorrer a um mandato de senador ou deputado federal. Mas há uma expectativa na legenda de que a direção nacional do PSDB tome providências para delegar novamente poder para a ex-governadora Maria de Lourdes Abadia, aliada de Serra. Tucanos apontam a possibilidade de uma dissolução do diretório regional, para que a tucana tenha poder para conduzir novamente o PSDB.

    Cargo majoritário

    Nos planos de Roriz, Abadia integraria sua chapa ao governo como candidata ao Senado. Ele planeja convidar para ser seu vice um político com penetração no meio evangélico. Antes da crise,
    o nome mais cotado para esse posto era o do deputado distrital Júnior Brunelli (PSC), que exerce influência nesse setor por ser filho do missionário Doriel de Oliveira, da Casa da Benção. Para viabilizar esse projeto, Brunelli se desfiliou do DEM e ingressou no PSC, partido de Roriz. Na avaliação de rorizistas, no entanto, Brunelli perdeu condições de concorrer a um cargo majoritário, já que aparece em vídeos recebendo dinheiro do ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, delator do suposto esquema de corrupção, durante a campanha de 2006. Corregedor da Câmara Legislativa até o fim de dezembro, Brunellli ficou conhecido nacionalmente por rezar no gabinete de Durval Barbosa, já no atual governo, num gesto que, durante a crise política provocada pela Operação Caixa de Pandora, ficou conhecido como a “oração da propina”. Abadia, no entanto, também é cotada como candidata ao governo. Na última eleição, ela ficou em segundo lugar. É a segunda vez que disputou o cargo que exerceu durante nove meses em 2006, graças à desincompatibilização de Roriz. Procurada pelo Correio, a ex-governadora — que está fora de Brasília com a família — não retornou as ligações. Pessoas próximas, no entanto, dizem que ela não tem disposição de concorrer novamente ao governo porque enfrentou problemas pessoais no ano passado, com a perda de um dos irmãos, Bonifácio Borges, e da secretária particular, Consuelo dos Santos.

    Ruptura

    Por determinação da direção nacional do PSDB, todos os tucanos que mantinham cargos no governo de Arruda foram obrigados a deixá-los, sob pena de expulsão. No primeiro escalão, deixaram o Executivo os secretários de Governo, José Humberto Pires, de Obras, Márcio Machado, e de Fazenda, Valdivino de Oliveira. Todos pretendem disputar a próxima eleição.

    Desfiliação

    O governador José Roberto Arruda não poderá concorrer a nenhum cargo público neste ano porque se desfiliou do DEM em dezembro passado, devido às denúncias da Operação Caixa de Pandora. Segundo a legislação eleitoral, o candidato precisa estar filiado ao partido político pelo qual concorrerá às eleições um ano antes da votação. Por isso, mesmo que ele decida migrar para outra legenda, não estará apto a concorrer.

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