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    Copa do Mundo: O medo transformou o Brasil em campo

    neymar

    Você tem uma prova relativamente fácil naquele dia. Matemática. Precisa apenas tirar um 4 para passar de ano. Foi assim que me senti antes da partida contra Camarões. “Mas e se…”, pensou todo brasileiro em seu íntimo. Ninguém quis admitir que existia um risco, por menor que fosse. Ninguém compartilhou esse medo quase sem fundamento, para não atrair o azar. Apenas um 4. Apenas Camarões.

    Mas é Copa do Mundo. E nessas horas, pouco importa que Samuel Eto´o chegou sem condições físicas para disputar o Mundial e afirmou que bom mesmo era o Obina. Também ninguém se atenta que Assou-Ekotto abandonou a comida do hotel, saiu em busca de um quarteirão com queijo do McDonald´s e afirmou para quem quisesse ouvir que o futebol era apenas uma a profissão qualquer. Não houve ainda quem viu na briga dentro de campo entre o próprio Assou-Ekotto e Moukandjo um sinal de que o perigo estaria longe. Foto: Portal da Copa…

    Assim que o hino nacional novamente tocou em Brasília, correu pela espinha dorsal o último arrepio que congela e, segundos depois, impulsiona para enfrentar aquela prova sem múltipla escolha. Vencer ou vencer. O empate, por mais que bastasse, também seria uma derrota. O estádio era um bom presságio. Mané Garrincha, o homem que escreveu a história do Brasil na Copa por pernas tortas. Às 17h horas, o país parou para ver o seu destino em jogo. Apenas um 4. Apenas Camarões.

    O apito inicial era o professor riscando a lousa com o giz. “Não olhe para o lado”. Uma leve ameaça, um indicativo claro de que seriam 90 minutos por conta própria. Um olhar rápido sobre todas as questões, aquela sensação de que não domina toda a matéria. Pânico e ânsia de terminar logo aquela missão. Parecia tão fácil lá atrás, antes de tudo começar. A cabeça, teimosa, busca as referências do fracasso. Espanha, Inglaterra, reprovados. Itália e Uruguai de recuperação. E agora o Brasil, buscando a aprovação de 200 milhões.

    Sai o primeiro gol. Neymar. Sempre ele. Mas o empate é aquela questão capciosa. A “pegadinha” que separa a boa nota do desespero. Sai o segundo o gol. Neymar. Unicamente ele. O bigode de Fred é aquele tipo de misticismo que não costuma falhar. De cabeça e, enfim, de pé. O camisa 9 marca e acaba com as últimas chances de uma tragédia precoce. Felipão precisava de uma cola. De uma luz que lhe mostrasse o caminho para abandonar a teimosia. Mas faltava algo. Faltava Fernandinho. Adeus, Paulinho. Adeus. Apenas um 4. Apenas Camarões.

    O Brasil parte para as oitavas de final contra o Chile como quem deixa o ginásio e se prepara para desbravar o colegial. Um sorriso discreto para os pais. Nada mais do que isso. E um nervosismo absurdo ao pensar na próxima prova. Não é sinal de fraqueza. É Copa do Mundo.

     
    Fonte: Por FABIO CHIORINO

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