Neste sábado, antes do jogo, perto de 500 pessoas tentaram protestar contra o uso de dinheiro público na Copa do Mundo. Diziam que ele deveria ser direcionado para saúde e educação. Era uma manifestação pacífica, sem armas, sem lança-chamas, sem coquetéis molotov. Mesmo assim, a Polícia Militar do Distrito Federal, governado pelo PT, desceu o sarrafo na turma. Até quando escrevo, a OAB não deu um pio, o José Eduardo Cardozo não deu um pio. As sedizentes organizações de defesa dos direitos humanos não deram um pio. Quando o PT bate em alguém, certamente é por bons motivos, certo? Os que se manifestavam também expressaram seu apoio ao movimento contra a elevação de tarifas de ônibus Brasil afora. Dentro do estádio, o povo — ao menos aquele que foi ver o jogo entre as seleções do Brasil e do Japão — vaiou Dilma três vezes. É grande a tentação para juntar mal-estares “diferentes e combinados”, como diria o companheiro Trotsky, num único movimento. Se caímos nessa tentação, acabamos por obscurecer a realidade. Então tentarei fazer as distinções.
Começo pelas vaias a Dilma. É claro que existe um grande eleitorado que se opõe ao governo. O que tem faltado nesses 10 anos é oposição. Pirandello cuidou das seis personagens em busca de um autor. No Brasil, há milhões de eleitores em busca de quem os represente com clareza. E não encontram. As forças políticas que não aderiram ao governismo têm se mostrado tímidas; uma parcela, eleita para se opor, traiu o eleitor e se bandeou para o poder. O eleitorado que disse “não” ao PT tem motivos de sobra para se sentir pouco representado. Mas seu descontentamento continua. Leia mais